Portugal colabora com 15 países para definir base de trabalho do Centro do Atlântico

Arquivo/Lusa: Brasil é um dos países na base de trabalho.

Da Redação
Com Lusa

Portugal está trabalhando com 15 países, entre os quais Estados Unidos, Brasil, Marrocos ou Noruega, num memorando de entendimento que servirá de “base de trabalho comum” no âmbito do Centro do Atlântico, relevou o Governo.

Intervindo na sessão de abertura da segunda edição do Seminário do Centro do Atlântico, que decorreu no Instituto da Defesa Nacional, em Lisboa, o ministro da Defesa Nacional afirmou que “o Governo português tem estado a trabalhar num memorando de entendimento que será assinado com os estados que estão interessados em aprofundar a coordenação em termos de segurança e defesa do Atlântico”.

Em declarações à Lusa no final da sessão, João Gomes Cravinho indicou que “no fundo, [o documento] é a base de trabalho comum” daquele centro, localizado nos Açores.

“Estamos a trabalhar com 15 países para que, conjuntamente, digam ‘este é o consenso, os temas principais sobre os quais queremos trabalhar no âmbito do Centro do Atlântico, estruturado naqueles três eixos que é o diálogo político, uma dimensão de ‘think tank’, de produção de ideias e de conhecimento, e uma dimensão também de capacitação, de formação”, explicou.

De acordo com o ministro, “essas três dimensões estarão no centro do memorando de entendimento, bem como um conjunto de temas, e depois alguns princípios orientadores, nomeadamente a abertura em termos de participação e uma disponibilidade para trabalhar em conjunto”.

Gomes Cravinho adiantou que tem tido “muita receptividade, mais do que imaginava” por parte dos países do eixo do Oceânico Atlântico, e que Portugal está a construir este documento com nações como Noruega, Países Baixos, Gana, África do Sul, Costa do Marfim, Marrocos, Estados Unidos que estão “muito interessados”, ou o Brasil.

“Portanto, estou muito satisfeito porque estão a chegar manifestações de interesse de todas as partes do Atlântico”, salientou.

No seu discurso, o ministro destacou que este centro, que lidará “com os aspectos de segurança e defesa que os parceiros acordarem”, está “aberto à participação de todos os países do Atlântico” e “não terá uma agenda fechada definida por um país ou região”.

O objetivo do Governo é que este memorando de entendimento possa estar fechado “durante o primeiro semestre – abril, maio”, mas o ministro da Defesa lamentou que as “condicionantes provocadas pela covid-19” não facilitem o processo.

“Em circunstâncias normais eu já teria tido mais interação pessoal com colegas, o que ajuda a mobilizar”, indicou.

Na primavera está estimado também que possa decorrer um “primeiro curso de treino nos Açores”, estimou.

Na sua intervenção, João Gomes Cravinho defendeu que “há benefícios em desenvolver” o Centro do Atlântico como “uma instituição internacional, providenciando uma simples mas eficaz estrutura de gestão, dedicada a áreas específicas de trabalho”.

De acordo com o ministro de Defesa Nacional, esta estrutura poderá constituir-se também como uma “plataforma para o diálogo político” e representa “uma oportunidade para construir uma comunidade de segurança mais inclusiva”.

Gomes Cravinho defendeu igualmente que “respostas eficazes requerem resiliência nacional, mas também cooperação regional e global”, algo que ficou mais patente com a pandemia de covid-19.

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