Portugal, Brasil e Cabo Verde unidos pelo teatro jovem

Da Redação
Com Lusa

Teatro_ProjetoLusofono

Um projeto lusófono promovido pelo Teatro Viriato, de Viseu, está unindo Portugal, Brasil e Cabo Verde, colocando em palco jovens a interpretarem peças inspiradas no romance “Peter Pan”.

Intitulado K Cena, o projeto envolve perto de 50 jovens e três encenadores – Graeme Pulleyn (Portugal), Marcio Meirelles (Brasil) e João Branco (Cabo Verde) – que, depois de terem preparado os seus grupos locais para a montagem do espetáculo, ficaram responsáveis pela direção de peças noutros países.

Em Portugal, na cidade de Viseu, encontra-se Marcio Meirelles, encenador e diretor artístico do Teatro Vila Velha (Salvador, Bahia), a trabalhar com 14 jovens dos 14 aos 17 anos, no espetáculo “Sempre em frente até amanhecer”, que estreia 27 de março, Dia Mundial do Teatro.

“Nunca trabalhei com um grupo só de jovens. Foi um grande desafio e um dos motivos por que aceitei”, disse Marcio Meirelles à agência Lusa, acrescentando que quando o diretor artístico do Teatro Viriato, Paulo Ribeiro, o convidou para o projeto, não hesitou.

O encenador brasileiro contou que, quando chegou a Viseu, já havia “uma identidade de grupo” criada no âmbito do trabalho previamente feito por Graeme Pulleyn. “Passados os momentos de estranhamento, estamos construindo uma coisa juntos, com muita vontade de dar certo”, sublinhou.

Apesar de todos falarem português, Marcio Meirelles admitiu que a língua criou algumas dificuldades, devido a “expressões, jeitos e sotaques”. “Às vezes, é difícil para compreender o que eles falam e para eles era engraçado o texto, porque veio escrito em brasileiro”, referiu, contando que foi necessária uma “tradução” para português.

Cada grupo pegou no romance “Peter Pan”, de J. M. Barrie, sobre o rapaz que não queria crescer, e transformou-o num espetáculo diferente. Em Portugal, Marcio Meirelles juntou o texto “Indignai-vos!”, escrito por Stéphane Hessel quando tinha 93 anos, mas que mostrava “um vigor, uma energia, uma urgência de mudança e de transformação no mundo que muitos jovens não têm”.

No espetáculo, os jovens serão atores e também músicos, tocando ao vivo tambor, violino, xilofone, bateria e outros instrumentos, sob a orientação de Ana Bento.

Emanuel Santos, de 15 anos, já tinha visto outros jovens no palco do Teatro Viriato e pensava no dia em que poderia também ter a oportunidade de trabalhar com profissionais da área. “Tem sido ótimo estar aqui todos os dias com pessoas que percebem disto e que nos têm ensinado bastante. Serve não só para a parte teatral, mas também para um enriquecimento pessoal”, considerou.

Do contato que teve com os jovens que participam no projeto no Brasil e em Cabo Verde, através da Internet, conseguiu perceber que todos têm “o mesmo espírito”.

“Mesmo a tantos quilômetros de distância, temos todos a mesma vontade de fazer teatro e não estamos assim tão afastados, porque conseguimos fazer três peças diferentes, mas todas com o mesmo fundo”, sublinhou.

Sónia Teixeira, de 17 anos, já tinha participado no Festival de Teatro Jovem de Viseu e tido aulas de teatro na escola que frequenta e tem a certeza de que esta experiência vai acrescentar muito à sua “bagagem”. “Aprendemos sobre cenários, luzes, exploração do texto, música, teatro e, para além disso, levo muitos amigos daqui”, afirmou.

O K Cena – Projeto Lusófono de Teatro Jovem é para continuar. Na próxima edição, o Teatro Viriato pretende juntar grupos de dois novos países.

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