Portugal anuncia vacinação para maiores de 20 anos a partir de agosto

Foto Paulo Pimenta / Lusa

Da redação com Lusa

As pessoas com mais de 20 anos vão começar a ser vacinadas contra a covid-10 em agosto, segundo o coordenador da ‘Task Force’ para o plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal.

“Vamos acabar a vacinação das pessoas acima de 30 anos entre fim de julho e início de agosto e nessa altura vão começar a vacinar-se as pessoas com 20 anos”, disse Henrique Gouveia e Melo aos jornalistas à margem do evento eHealth Summit.

O coordenador da ‘Task Force’ explicou que, quando se chegar à faixa etária dos 18 anos, estará vacinada de “grosso modo” mais de 90% da população.

“É muito provável que, com essa taxa de vacinação, o vírus continue a persistir de forma endêmica na população”, afirmou, acabando “por morrer” porque não tem como se propagar na comunidade.

Por isso, disse ainda Gouveia e Melo, pode não ser necessário vacinar as crianças porque, ao vacinar-se 70%, 80%, 90% da população, está-se a proteger as crianças.

Na sua intervenção no eHealth Summit, Gouveia e Melo afirmou que o processo de vacinação tem sido “uma longa escadaria” em que ainda não se vê “o fim da escadaria”.

“Quando subimos um degrau, há sempre mais um para subir e nós estamos numa fase em que ainda estamos a subir degraus, ou seja, o mês de junho e julho serão os meses com o maior ritmo de vacinação diária”, com cerca de 100 mil administrações por dia e nalguns dias acima desse valor.

Até agora, Portugal já administrou cerca de cinco milhões de vacinas e até ao final do processo serão dadas 15 a 17 milhões, o que significa que se está “a um terço do processo”.

Gouveia e Melo salientou o fato de as pessoas mais idosas já estarem protegidas, o que já é visível na taxa de internamentos e de óbitos por covid-19, mas disse que agora é preciso “libertar a economia” e “libertar o país deste vírus”.

Realçou também a importância da tecnologia no processo de planejamento, agendamento e de distribuição de vacinas a mais de posto de vacinação do país.

Presente no evento, o presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), Paulo Sousa, afirmou que não estavam preparados para uma tarefa destas.

“Coincidentemente o SUCH estava a acabar um polo logístico que já tinha frio, em congelação e refrigeração, e, por causa das vacinas, estruturou o polo logístico com ultracongelação e, a partir daí, o mais difícil foi o armazenamento, porque ninguém conhecia as vacinas que iam chegar”, recordou Paulo Sousa no evento sobre inovação e transformação digital em saúde organizada pelo Ministério da Saúde no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Paulo Sousa elucidou que no início chegaram a distribuir “dois frascos” em centros de vacinação para garantir “uma pequena distribuição equitativa, respondendo ao planeamento, e hoje distribuem “viaturas cheias de vacinas”.

“Foi um caminho de aprendizagem para o qual não estávamos preparados, mas que a obrigação e a necessidade aguçaram o engenho e, portanto, pensamos que é uma vitória ganha, esperemos não encontrar nenhum obstáculo imprevisto”, afirmou.

Anunciou ainda que “o pico” da chegada de vacinas e da sua distribuição ocorrerá este mês, sendo que a partir de agosto a tarefa deverá ser “sempre decrescente”.

“É essa a previsão que temos, não desarmarmos, temos a equipe formada e, portanto, vamos garantir que assim vai acontecer”, rematou Paulo Sousa.

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (CEDC) alertou porém que a vacinação de adolescentes contra a covid-19 terá benefícios limitados quando comparada com a de outros grupos etários e recomendou cautela nas decisões dos Estados.

O organismo europeu salienta que falta saber muita coisa sobre a relação dos grupos etários mais jovens com a covid-19 e com o SARS-CoV-2, começando pela “eficácia da vacina contra a transmissão em adolescentes e jovens adultos”, sobre a qual “não existem dados”.

Além disso, “há informação muito escassa sobre a segurança pós-colocação no mercado das vacinas contra a covid-19” e sobre a circulação de variantes naquelas idades.

Covid hoje

Neste 01 junho, Portugal registrou mais 445 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, nenhuma morte relacionada com a covid-19 e uma redução nos internamentos, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o mais novo boletim, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a que tem mais casos confirmados, com 249 dos 445 registrados.

Relativamente aos internamentos hoje estão menos 15 pessoas em enfermaria, totalizando 268, enquanto nos cuidados intensivos estão menos dois doentes, somando 50.

Os dados divulgados pela DGS mostram ainda uma redução no número de casos ativos, menos 233, para um total de 22.700, e que 678 pessoas foram dadas como recuperadas nas últimas 24 horas, num total de 809.813 recuperados.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram em Portugal 17.025 pessoas.

O número de contatos em vigilância pelas autoridades de saúde subiu em 363, totalizando agora 24 489.

O índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-Cov-2 em Portugal é de 1,07 e a taxa de incidência de casos de infecção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias situa-se nos 63,3.

Os dados do Rt e da incidência são atualizados à segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo foram notificadas 249 novas infeções, contabilizando-se até agora 321.461 casos e 7.212 mortos.

A região Norte tem hoje 114 novas infecções por SARS-CoV-2, totalizando 340.525 casos de infeção e 5.355 mortes desde o início da pandemia.

Estas duas regiões têm 81,5% do total de novas infeções nas últimas 24 horas.

Na região Centro registraram-se mais 42 casos, acumulando-se 119.891 infeções e 3.022 mortos.

No Alentejo foram assinalados mais 13 casos, totalizando 30.202 infeções e 971 mortos desde o início da pandemia.

Na região do Algarve o boletim de hoje revela que foram registados 12 casos, acumulando-se 22.298 infeções e 363 mortos.

A região Autónoma da Madeira contabilizou três novos casos, somando 9.721 infeções e 69 mortes devido à covid-19 desde março de 2020.

Os Açores têm hoje 12 novos casos e contabilizam 5.440 casos e 33 mortos desde o início da pandemia, segundo a DGS.

As autoridades regionais dos Açores e da Madeira divulgam diariamente os seus dados, que podem não coincidir com a informação divulgada no boletim da DGS.

O novo coronavírus já infectou em Portugal pelo menos 386.081 homens e 463.088 mulheres, mostram os dados da DGS, segundo os quais há 369 casos de sexo desconhecido, que se encontram sob investigação, uma vez que esta informação não é fornecida de forma automática.

Do total de vítimas mortais, 8.942 eram homens e 8.083 mulheres.

O maior número de óbitos continua a concentrar-se nos idosos com mais de 80 anos, seguidos da faixa etária entre os 70 e os 79 anos.

Do total de mortes, 11.186 eram pessoas com mais de 80 anos, 3.629 com idades entre os 70 e os 79 anos, e 1.532 tinham entre os 60 e os 69 anos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.551.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,6 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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