Da redação com Lusa
Cerca de 50 pessoas foram retiradas das suas casas nas últimas 24 horas no concelho de Castro Marim, no Algarve, devido ao fogo que deflagrou na segunda-feira, tendo sido atingidas casas e várias culturas, o município ainda não quantificou prejuízos.
“Cerca de 50 pessoas foram retiradas de suas casas, a maior parte voluntariamente, e neste momento, com as coisas a melhorar, já estão a regressar”, disse à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim (distrito de Faro), Francisco Amaral, pouco depois das 10:00.
De acordo com o autarca, as populações mais atingidas pelo incêndio foram as de Cortelha, Pego dos Negros, Fontainhas e monte da Amendoeira. Entretanto, a situação é “mais controlada agora, estando o incêndio mais para o lado de Tavira atualmente”.
“Vi famílias desesperadas que perderam todos os seus haveres, pessoas dedicadas à agricultura, com plantações de alfarrobeiras, amendoeiras, pinheiros, dedicadas à apicultura, e de um momento para outro viram reduzidos os rendimentos a zero. Arderam milhares de hectares, não fazemos ideia ainda da totalidade dos prejuízos”, salientou.
Segundo Francisco Amaral, a povoação de Pisa Barro, onde não conseguiram chegar os bombeiros, lutou “com garra enorme”, sendo os “heróis que combateram o fogo, defendendo as suas casas”, desde os mais novos aos mais velhos.
Também no concelho vizinho de Tavira tiveram de ser retiradas pela GNR das suas casas 26 pessoas, que de acordo com a presidente da câmara, Ana Paula Martins, passaram a noite na zona de apoio à população, devido à proximidade do fogo das suas habitações.
“Sei que estamos com uma frente ativa complicada que está a ser combatida por meios aéreos, já apresentava complicações na madrugada, na Malhada de Peres. Penso que a situação está a ser combatida da forma possível”, afirmou, pelas 10:30.
Segundo Ana Paula Martins, as condições meteorológicas “não têm ajudado os bombeiros na sua missão” – durante a noite, o “vento forte e instável complicou a tarefa”.
O alerta para o incêndio rural foi dado às 01:05 de segunda-feira e o fogo chegou a ser dado como dominado pelas 10:20, mas o “quadro meteorológico severo”, com altas temperaturas e vento, estiveram na origem de uma “reativação muito forte, em pleno período crítico do dia, junto à cabeça/flanco direito do incêndio original, e este ficou rapidamente fora da capacidade de extinção”, explicou anteriormente o comandante operacional regional de Faro, Richard Marques.
As chamas chegaram depois aos concelhos vizinhos de Vila Real de Santo António e Tavira.
Às 10:05 encontravam-se 628 operacionais a combater o incêndio que deflagrou em Castro Marim, apoiados por 208 meios terrestres e 11 aéreos.
O fogo obrigou na segunda-feira a cortar a A22 entre os nós de Castro Marim e Altura, assim como a Estrada Nacional 125, entre Conceição de Tavira e Vila Nova de Cacela.
A EN 125 foi entretanto reaberta, às 22:37, continuando no entanto com circulação “condicionada”, devido à passagem dos meios de combate ao fogo, segundo o comando regional do Algarve, mantendo-se a A22 encerrada.