Mundo Lusíada
Com Lusa
Nesta sexta-feira, o PSD defendeu que se vive “um buraco negro” em Fátima, com queda no turismo religioso acima dos 90%, e o Governo reconheceu a “situação difícil” e destacou os apoios já aprovados.
Num debate de urgência no parlamento sobre a situação econômica e social de Fátima, pedido pelos sociais-democratas, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, afirmou que a situação específica do concelho foi identificada pelo Governo logo no início da pandemia de covid-19.
“Desde então, tem havido um esforço extraordinário de todos, do lado público e do lado privado, para mitigar os efeitos da pandemia”, salientou, reconhecendo que “o diagnóstico não é positivo” com taxas de desemprego e quebras na atividade hoteleira superiores à média nacional no concelho de Ourém, onde se situa o santuário de Fátima.
A governante elencou os apoios que têm sido aprovados pelo Governo para o setor do turismo, como linhas de crédito específicas para micro, pequenas e médias empresas, através da qual já foram concedidos apoios de 43 milhões de euros.
“No total, já foram ventiladas medidas no valor de 1,4 mil milhões de euros para o setor do turismo”, disse Rita Marques, admitindo que possam, ainda assim, não ser suficientes.
A secretária de Estado destacou ainda que na última semana foi aprovado um quadro melhorado do programa de apoio à retoma, que considera poder responder de forma mais específica ao setor do turismo em Fátima, já que são elegíveis empresas com quedas de faturação superiores a 75%.
No final do debate, o deputado do PSD Duarte Marques considerou que a maioria dos partidos reconheceu a especificidade dos problemas de Fátima, um dos objetivos do debate, que os sociais-democratas prepararam com uma visita na quinta-feira ao concelho.
“Fátima é uma alavanca do turismo nacional, agora há um buraco negro em Fátima para os próximos anos”, alertou, dizendo que, se “as praias já abriram”, o turismo religioso demorará anos a recuperar.
O deputado pediu ao Governo para “agir em conformidade” com o diagnóstico que traçou, afirmando que “Fátima já alimentou o país e a região” e agora precisa de ser ajudada.
No início do debate, o deputado João Moura, eleito por Santarém e natural do concelho de Ourém, tinha pedido que a discussão se fizesse sem preconceitos “políticos e religiosos”, destacando que as quebras no turismo em Fátima rondam os 99%, uma vez que a maioria dos 700 mil visitantes anuais provinham, sobretudo de países asiáticos como Coreia do Sul e China e, na Europa, de Itália e Espanha, todos muito afetados pela pandemia.
Limite de peregrinos
No dia 13, o Santuário de Fátima fez um balanço positivo da Peregrinação Internacional Aniversária de outubro, durante a qual não foi atingido o limite de 6.000 peregrinos que tinha sido estipulado.
“Foi visível que as medidas adicionais (ao plano de contingência no âmbito da covid-19) foram aplicadas conforme tínhamos previsto”, disse à agência Lusa a porta-voz do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia.
Na segunda-feira, participaram nas celebrações 4.500 pessoas e, na terça um pouco menos – cerca de 4.000.
Carmo Rodeia lembrou que “a configuração de 6 mil pessoas colocadas estativamente no recinto de oração”, dentro de círculos que garantem a distância física, fez parte de um conjunto de medidas adicionais ao plano de contingência para a peregrinação de outubro.
“A partir de agora, regressamos à normalidade do nosso plano de contingência, sendo certo que todas medidas que estão lá previstas irão sendo implementadas consoante a exigência do momento”, explicou.
Os círculos desenhados no chão vão “desaparecer com o tempo”, mas o santuário continuará a garantir “uma ocupação do espaço em segurança”, frisou.
Carmo Rodeia agradeceu “o comportamento exemplar dos peregrinos”, quer dos que se deslocaram à Cova da Iria, quer dos que ficaram em casa, e também de todos os que se disponibilizaram para ser acolhedores no recinto de oração.
Também a GNR fez um balanço positivo desta operação, não tendo registrado qualquer incidente, disse à Lusa o capitão das Relações Públicas, David Ferreira.
“O foco era garantir que não havia ajuntamentos e que os peregrinos cumpriam o distanciamento físico e o balanço dos três dias é francamente positivo”, notou. “Os peregrinos cumpriram as regras e acataram as indicações. É motivo para ficarmos felizes”, acrescentou.