Da Redação com Lusa
Segundo o chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) em Portugal, as políticas do país para integração de imigrantes são vistas por muitos como um sucesso, mas ainda há desafios a enfrentar.
“Portugal é visto por muitos como um país onde as políticas de integração dos imigrantes são um sucesso”, afirmou Vasco Malta, numa intervenção transmitida na abertura de uma conferência sobre acolhimento e integração de migrantes, a decorreu na vila de Odemira, no distrito de Beja neste dia 27.
Segundo o responsável daquela organização intergovernamental integrada na Organização das Nações Unidas (ONU), “todo o sistema português está construído para promover a participação dos migrantes nas decisões que os afetam, permitindo que Portugal tenha um sistema [de integração], de alguma forma, sustentável”.
No entanto, observou, “há ainda desafios em Portugal no âmbito da integração” de pessoas migrantes e refugiadas em Portugal, como “continuar a apostar” na integração através da aprendizagem da língua portuguesa e do acesso às condições de saúde, à habitação e ao mercado de trabalho.
“É importante continuar a investir” naquelas áreas cruciais, já que “é uma integração sustentável das pessoas migrantes que contribuirá não só para o bem estar das pessoas migrantes, mas também para sociedades nacionais e comunidades mais saudáveis e mais coesas”, defendeu.
Vasco Malta disse que Portugal tem “uma legislação bastante clara e objetiva” no âmbito da integração e defendeu que “é importante continuar a garantir que essa legislação é, de facto, cumprida por toda a administração pública” e toda a sociedade.
O responsável afirmou que há “outras razões para o sucesso das políticas migratórias em Portugal”, como a história da emigração no país e “algum consenso político sobre os benefícios da imigração”, os quais são percebidos, “não pela totalidade, mas pela maioria dos partidos políticos”.
A existência de “uma coordenação interministerial com liderança clara na agenda da integração”, a opinião pública portuguesa não considerar a imigração “um problema” e as associações de migrantes e os municípios terem “sido, sempre que possível, parte da solução” são outras das razões apontadas por Vasco Malta.
De acordo com o responsável, “Portugal, tinha, até há quatro anos, um saldo migratório negativo”, que “parou em 2018”, numa altura de crise, mas, entretanto, a partir de 2020, “passou a receber novos fluxos de imigração e tornou-se um destino mais atrativo para os estrangeiros”.
“O stock de migrantes em 2020, de acordo com os últimos dados oficiais, é de cerca de 662 mil pessoas” em Portugal, número que “tem vindo a aumentar”, precisou, admitindo que Portugal possa bater, “pela primeira vez”, o “recorde” de pessoas migrantes a residir no país em 2021.
“Não sendo ainda possível apurar os dados oficiais de 2021, atrevo-me a dizer que assistiremos, pela primeira vez, a um recorde de pessoas migrantes a residir no nosso país”, vincou.
Esta sexta-feira cumpre-se um ano desde que foi decretada uma cerca sanitária em duas freguesias de Odemira, devido à elevada incidência de casos de covid-19 entre os trabalhadores migrantes das explorações agrícolas.
A cerca sanitária colocou o concelho sob os ‘holofotes’ mediáticos, devido às condições desumanas em que muitos trabalhadores viviam, sobretudo trabalhadores temporários em campanhas agrícolas de empresas de hortícolas e frutos vermelhos.