Mundo Lusíada
Com agencias
A oposição critica a venda da TAP anunciada nesta quinta pelo governo português. O PS advertiu que a privatização está ainda numa “fase intercalar” e que um Governo socialista fará reverter o processo para garantir que o Estado conservará a maioria do capital da transportadora aérea.
Também o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) declarou que o processo ainda não chegou ao fim. Segundo SNPVAC para que a privatização se concretize, é necessário o aval de Bruxelas e do próximo Governo, bem como a decisão do Supremo Tribunal Administrativo quanto às providências cautelares e ações judiciais interpostas.
“Aquilo que parece ser uma conclusão de um processo não passa, mais uma vez, de uma vontade do executivo”, sublinhou o sindicato após o Governo anunciar a venda do grupo TAP.
Capital português
Já Luís Leite Ramos, deputado social-democrata, reagiu às críticas no Parlamento. O PSD garante que “a maioria do capital é do empresário português”, já que Humberto Pedrosa é o empresário português associado a David Neeleman.
“A maioria do capital é de um empresário português. Este aspeto que foi tantas vezes reclamado e exigido – manter a companhia em mãos de investidores portugueses – hoje, infelizmente, ninguém reconheceu que este é um aspecto essencial pelo qual muitos se bateram e nós também”, disse.
Reagindo ao PS, que adiantou que mantém a intenção de reverter o processo, para que o Estado possa manter a maioria do capital da TAP, Luís Leite Ramos disse que essa vontade “surpreende muito que, quando o país precisa de investimento externo, o PS crie instabilidade”.
O primeiro-ministro Passos Coelho considerou que Governo aprovou a privatização da TAP com “muita coragem” e também associou o PS ao processo, afirmando que este começou em 1997 com um Executivo socialista. “Sei que o Conselho de Ministros já concluiu o seu trabalho e já tomou uma decisão nesta matéria. E é muito importante que o pudesse ter feito, na medida em que pelo menos desde 1997 que os Governos andam a ver se conseguem resolver o problema da TAP. São já muitos anos. Temos de concordar que não temos sido muito eficientes nestes últimos 18 anos a resolver um problema que se tem agravado: cada ano que passa, agrava-se”, declarou.
Passos considerou que o Conselho de Ministros aprovou a privatização da TAP “com muita coragem”, qualificou a decisão de “extraordinariamente importante” e voltou a implicar o PS na cronologia deste processo: “Nós não podemos andar contra a história. Sabemos o que é que conduziu o Governo socialista, em 1997, a procurar na Swissair um parceiro para poder realizar a privatização da TAP, e sabemos o que aconteceu à maior parte das companhias de bandeira da Europa ao longo de todos estes anos”.
Segundo o primeiro-ministro, se o atual Governo PSD/CDS não tivesse “condições para concluir este processo com sucesso”, o resultado “era a liquidação da empresa no médio prazo, depois de uma manobra de reestruturação pública que não faria mais do que empurrar com a barriga”.
Mais críticas
Para os bloquistas, porém, o que o Governo anunciou foi a “entrega da TAP por um valor simbólico”, um negócio para o qual “não é preciso coragem, é preciso ter ‘cara de pau’”, disse Mariana Mortágua.
O Bloco de Esquerda critica ainda o fato de “rotas estratégicas” só terem ficado garantidas durante 10 anos, com Mariana Mortágua a recuperar um dos temas que tem estado na agenda política – o incentivo à emigração que Passos Coelho nega ter verbalizado – para dizer que o Governo “mandou muitos jovens emigrar e agora não consegue manter as rotas” que garantiriam o seu regresso.
Mariana Mortágua diz ainda que a venda foi feita “à pressa”, de forma “propositada”, e que o Bloco não põe “de parte a utilização de meios judiciais que estejam ao nosso dispor para impedir este processo que consideramos lesivo para os interesses do país”.