Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português defendeu em 15 de maio a necessidade de “um esforço acrescido” para serem criadas condições para o regresso dos jovens portugueses que se fixaram no exterior.
“Portugal não pode desperdiçar o imenso capital humano dos seus jovens. É essencial criarmos condições para atrair aqueles que, por diversos motivos, optaram por fixar-se no estrangeiro”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na abertura da IV conferência internacional “Roteiros do Futuro”, que decorre até sábado na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Sublinhando que é agora, enquanto os laços destes jovens com o seu país se mantêm vivos, que se deve fazer um esforço acrescido para o seu regresso, Cavaco Silva alertou que, caso nada seja feito, Portugal perderá duplamente.
Por um lado, referiu, perde-se o investimento feito na formação de “uma geração de excelência”. Por outro, o país perde o contributo desses jovens para, com “o seu talento e a sua iniciativa”, ajudar ao regresso a uma trajetória sustentável de crescimento econômico e de criação de emprego e riqueza.
Elegendo como uma das funções primordiais do Presidente da República a tarefa de “apontar caminhos de futuro, lançar sementes para que os agentes políticos e a sociedade civil estejam mais atentos aos problemas que nos irão afetar numa perspectiva de médio e longo prazo”, Cavaco Silva reiterou também a sua recusa em entrar nas controvérsias que marcam a luta política.
“No nosso sistema político-constitucional, o Presidente da República deve revelar independência perante as controvérsias que marcam o quotidiano da luta política, as quais têm um tempo e um lugar próprios em todas as democracias, mas que correm o risco de concentrar-se em aspectos acessórios ou efémeros da realidade, perdendo de vista uma abordagem serena e desapaixonada das questões que irão verdadeiramente condicionar as novas gerações e o futuro de Portugal”, disse.
Na sua intervenção, em que renovou a confiança no futuro de Portugal e a esperança na juventude, o chefe de Estado recordou as iniciativas que foi promovendo ao longo dos últimos nove anos relacionadas com os jovens, notando que serão eles que terão de se confrontar com os efeitos da quebra de natalidade, com o papel que Portugal assumirá na Europa e no mundo, com as exigências de uma democracia de qualidade.
“São eles os construtores da esperança dos portugueses na edificação de uma sociedade mais avançada, mais desenvolvida, mais justa e mais fraterna”, frisou. Contudo, ressalvou, a juventude, além de um tempo de vida, representa uma parcela significativa da sociedade, com problemas específicos e aspirações legítimas, às quais deve ser dada resposta.
“Para as ambições dos jovens exige-se respostas concretas, visíveis. Com meras palavras, por mais bonitas que estas sejam, não se resolvem os problemas dos Portugueses. Como dizia Florbela Espanca, ‘palavras são como as cantigas: leva-as o vento'”, sublinhou.
A última conferência dos ‘Roteiros do Futuro’, da Presidência da República, conta ainda com intervenções do economista Mário Centeno e do ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas. Com estrutura idêntica às três primeiras conferências do Roteiro – realizadas em 2012, 2013 e 2014 – o ponto de partida para as reflexões dos conferencistas é o estudo aos jovens portugueses, encomendado pela Presidência da República, apresentado pela investigadora do Instituto de Ciências Sociais, Marina Costa Lobo.
Estudo
Os jovens portugueses estão mais insatisfeitos com a democracia do que 2007 e atualmente mais de 57% dos jovens entre os 15 e os 24 anos não revela qualquer interesse em política, de acordo com o estudo divulgado.
Intitulado “Emprego, Mobilidade, Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens portugueses numa perspectiva comparada”, o estudo encomendado pela Presidência da República está dividido em quatro partes, correspondendo uma delas às atitudes dos jovens perante a política e onde se faz uma comparação com os resultados obtidos em 2007 num estudo sobre “Jovens e Política”.
Relativamente à satisfação com a democracia, em 2015 apenas 17,3% dos jovens entre os 15 e os 34 anos consideram que a democracia funciona bem em Portugal.
Apesar desta percentagem estar ligeiramente acima da média do país (16,6%), comparando com os dados de 2007 verifica-se uma “grande quebra na satisfação com a democracia operada em Portugal nos últimos sete anos”, como é indicado no relatório do estudo apresentado na Fundação Champalimaud. O estudo completo está publicado, em PDF, aqui >>