Da Redação com Lusa
Na manhã deste domingo, Marcelo Rebelo de Sousa, se reuniu com o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, abordando a guerra na Ucrânia e “equilíbrio geopolítico”, numa conversa “muito interessante”.
Na residência oficial do cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, o encontro durou cerca de uma hora e 45 minutos.
“Falamos dos temas mundiais importantes, muito importantes, como é que o Presidente Lula via a questão da Ucrânia, a duração da guerra, os efeitos da guerra, o equilíbrio geopolítico, a situação econômico-social”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no fim da reunião.
Lula da Silva esteve acompanhado por Celso Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores nos seus dois governos, e não prestou declarações à comunicação social.
Segundo o Presidente português, “foi uma análise muito, muito abrangente, muito longa, por isso mesmo muito abrangente, mas muito interessante”.
Interrogado se quanto à invasão da Ucrânia pela Rússia houve alguma aproximação ou pontos de vista totalmente opostos, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que as posições são diferentes e que no Brasil esta guerra é vista “como um conflito europeu”.
“Daí a importância desta conversa, porque não é apenas um conflito europeu, há aqui um problema de equilíbrio geopolítico. E é bom que quem está noutros continentes tenha a noção exata de que esse equilíbrio geopolítico toca a todos, quer dizer, o mundo de hoje já não conhece separações, não conhece fronteiras”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa realçou que Portugal é membro da União Europeia e da NATO e tem uma posição “muito clara” sobre a guerra na Ucrânia.
“Nós somos não só solidários como claramente determinados nas posições da União Europeia e da NATO. Portugal, além do apoio humanitário, tem dado inclusive apoio militar. Não é essa a posição do Brasil e não é essa a visão que se tem no Brasil e se tem noutros continentes em relação àquele conflito”, referiu.
A comitiva portuguesa neste encontro incluiu o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.
Também estiveram presentes Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal em Brasília, e Maria Amélia Paiva, consultora do Presidente da República para as relações internacionais.
O Presidente da República adiantou que outro tema da conversa com Lula foi “a situação na América Latina em geral, geopolítica e econômica e social”.
Jair Bolsonaro declarou à CNN Brasil na sexta-feira que tinha decidido cancelar o almoço entre os dois, o que justificou com o fato de Marcelo Rebelo de Sousa se encontrar com Lula da Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa mudou sua agenda deixando de ir a Brasília para um encontro com o Presidente Bolsonaro, e já está a reprogramar a sua agenda em São Paulo.
“Houve um convite escrito, eu aceitei por escrito. Na medida em que não aparece uma confirmação escrita, isto quer dizer que, de fato, eu vou ficar no programa originário”. E acrescentou: “Não tem drama nenhum”.
O Presidente português assinalou que o programa inicial desta sua visita ao Brasil só incluía Rio de Janeiro, para assinalar os cem anos da travessia aérea do Atlântico Sul, e São Paulo, para a Bienal Internacional do Livro. Depois surgiu o convite de Jair Bolsonaro para ir a Brasília, portanto segue o “plano A”.
Já o líder da oposição do Senado brasileiro afirmou à agência Lusa que “é triste” que o Presidente brasileiro se tenha comportado “como um moleque mimado” ao ter cancelado o encontro com o Presidente português.
“É triste, lamentável e constrangedor para todos nós brasileiros ter um Presidente da República que ao invés de se comportar à altura da magistratura do cargo que ocupa, se assemelha mais a um moleque mimado”, disse, numa declaração à agência Lusa, Randolfe Rodrigues.
O líder da oposição ao Governo Bolsonaro no Senado Federal e presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência do Brasil deixou um pedido de desculpas aos portugueses.
“Em nome do povo brasileiro eu quero pedir desculpas ao Presidente de Portugal, às autoridades do país irmão e ao povo português”, afirmou.