Portugal vai dar apoio material à Polônia de 50 milhões de euros

Da Redação com Lusa

Neste dia 20, o primeiro-ministro anunciou que Portugal vai dar apoio material às autoridades polacas para o acolhimento de refugiados ucranianos num valor até 50 milhões de euros, desde casas pré fabricadas até produtos farmacêuticos.

António Costa falava em conferência de imprensa, em Varsóvia, depois de ter estado reunido com o seu homólogo polaco Mateusz Morawiecki. “Estamos totalmente disponíveis para colaborar com as autoridades polacas no sentido de partilhar o esforço de acolhimento dos refugiados ucranianos. Muitos dos ucranianos querem regressar à Ucrânia ou ficarem o mais próximos possível do seu país”, observou o líder do executivo português.

António Costa especificou em seguida que, no âmbito da ajuda humanitária aos refugiados da Ucrânia, Portugal vai fornecer à Polônia apoio material, “seja em casas pré fabricadas, casas modelares, bens alimentares, produtos farmacêuticos, roupa e calçado”.

“Esse apoio material irá até ao montante máximo de 50 milhões de euros. Esses são os fundos que temos disponíveis para mobilizar para esse esforço humanitário através da Polônia”, acrescentou.

Perante o seu homólogo polaco, disse que Portugal se sente tão próximo da Ucrânia como da Polônia: “A Polônia pode contar com todo o nosso apoio nesse seu esforço para o apoio humanitário aos refugiados ucranianos”, completou.

Já sobre a atual crise alimentar, em parte motivada pela impossibilidade de a Ucrânia exportar cereais, António Costa disse que esse é um dos principais desafios que se coloca.

“Temos de encontrar a forma de apoiar a Ucrânia ao nível das suas exportações de bens alimentares. A atual situação afeta a Europa, mas, sobretudo, os países africanos”, salientou, antes de assumir que a utilização de portos alternativos escoamento das produções ucranianas “não é fácil do ponto de vista logístico”.

Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro polaco foi confrontado com queixas de alguns dos principais investidores nacionais no mercado da Polônia, segundo os quais as regras e os procedimentos das autoridades mudam com elevada frequência.

O primeiro-ministro polaco limitou-se a dizer que apoia a presença de empresas nacionais na Polônia e que, caso se registem “eventuais problemas”, “tudo se resolverá no trabalho no plano bilateral”.

Visita

Costa visitou o Estádio Nacional de Varsóvia onde está instalado o maior centro de acolhimento a refugiados, uma espécie de “loja do cidadão”, que já recebeu cerca de 3,6 milhões de ucranianos.

Nos múltiplos balcões de atendimento montados no estádio pelas autoridades polacas, está disponível um folheto da Segurança Social portuguesa, escrito em ucraniano e em polaco, descrevendo com algum detalhe o tipo de apoios e respectivo valor em euros para quem decidir deslocar-se para Portugal.

Nesse folheto informativo, indica-se o valor mensal em euros que cada refugiado pode beneficiar em Portugal com o acesso a prestações sociais como o abono de família, apoios pré-natal, rendimento social de inserção, ou pensão social de velhice.

No final da visita, António Costa reiterou a promessa de solidariedade de Portugal em relação à Polônia no processo de acolhimento, instalação e encaminhamento de refugiados, sobretudo para os ucranianos que pretendam ficar em território polaco.

O primeiro-ministro referiu que Portugal já recebeu 36 mil refugiados ucranianos, mas admitiu que, agora, o número “tende a estabilizar”.

“O nosso apoio humanitário dirige-se agora sobretudo à Polónia, país que está a fazer um esforço enorme. Transmitimos às autoridades polacas que Portugal vai disponibilizar bens até 50 milhões de euros – bens que têm de ser adquiridos em Portugal, de acordo com as regras europeias”, referiu o líder do executivo.

“A Polônia ficou agora de elaborar a lista sobre as suas necessidades efetivas e procuraremos em Portugal adquirir esses bens que a Polônia está a precisar para a apoiar na resposta a esta brutal crise humanitária. A Polônia está neste momento a apoiar a construção de um conjunto de habitações temporárias já em território ucraniano para quem pretenda regressar”, observou.

António Costa admitiu que se verificam agora sinais “de confiança” por parte de ucranianos no sentido de regressarem ao seu país.

“A estabilização e a reconquista de partes do território ucraniano e o afastamento da guerra de algumas zonas tem criado condições para que um maior número de ucranianos regresse. Mesmo alguns que estiveram em Portugal já regressaram”, apontou.

No entanto, o primeiro-ministro realçou também que muitas áreas ficaram “completamente devastadas” na guerra com a Rússia e, como tal, “terão de ser reunidas condições para a reconstrução”.

“Estamos disponíveis para receber mais refugiados, mas temos de ter a noção que o nosso esforço é uma pequena gota no oceano perante o esforço que um país como a Polônia está a fazer. É nosso dever sermos solidários, assim como no passado fomos com a Grécia, com a Itália, Malta e Chipre”, acrescentou.

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