Mundo Lusíada
Com agencias
Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito no domingo Presidente da República com 52% dos votos, correspondendo a cerca de 2,4 milhões de eleitores.
O eleito Marcelo Sousa declarou na noite de 24 de janeiro querer partilhar com todos “a alegria” da sua eleição como Presidente da República, a partir da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, como gesto de reconhecimento pela instituição onde foi aluno e professor. E prometeu ser “livre e isento” e defendeu uma governação “com eficácia e com sucesso” e uma oposição “ativa e representativa”.
“É natural que queira a partir daqui partilhar com todos a alegria desta eleição e a responsabilidade do mandato que os portugueses acabam de me confiar. É um gesto simbólico de profundo reconhecimento para com esta faculdade”, declarou.
No discurso de vitória, o ex-líder do PSD manifestou a intenção de “fomentar a unidade nacional”, “promover as convergências políticas” e “incentivar o frutuoso relacionamento entre órgãos de soberania e agentes políticos, econômicos, sociais e culturais” enquanto chefe de Estado.
“O Presidente da República é o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e com sucesso, porque isso é importante para o sucesso de Portugal. Do mesmo modo é indispensável que a oposição seja ativa e representativa, porque do seu contributo e do seu escrutínio se faz igualmente a força da democracia”, afirmou o presidente eleito.
Acima de Cavaco e Soares
O resultado do ex-comentador político, que representa 2.410.130 votos num universo de 4.737.273 votantes e de 9.699.000 inscritos, ficou abaixo do obtido pelo socialista Jorge Sampaio, quando foi eleito pela primeira vez em 1996, com 53,9% do total de votos (3.035.056 votos).
Em 2006, o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, foi eleito à primeira volta mas com 50,5% dos votos (2.773.431 votos) num total de 5.590.132 votantes, num universo de 9.085.339 inscritos.
O ex-Presidente da República Mário Soares foi eleito pela primeira vez em 1986, numa segunda volta, com 51,1%. Mas foi Soares a conseguir ser eleito com maior percentagem de votos desde 1976, obtendo 70% dos votos na sua reeleição, em 1996.
António Ramalho Eanes, o primeiro Presidente da República eleito em democracia, nas eleições de 1976, continua a ser o Chefe de Estado eleito com mais votos numa primeira eleição, 61,59%, representando o voto de 2,9 milhões de eleitores.
Vitória em 18 distritos
Nos números, Sampaio da Nóvoa ficou em segundo lugar, com 22,89% (1.060.769 votos), Marisa Matias em terceiro, com 10,13% (469.307 votos), Maria de Belém a seguir, com 4,2% (196.582 votos), e Edgar Silva em quinto lugar, com 3,95% (182.905 votos).
O novo inclino de Belém venceu nos 18 distritos de Portugal Continental e nos Açores e na Madeira, sendo Viseu o distrito onde conquistou maior percentagem de votos, 62,57%, e Beja aquele em que registou o resultado mais baixo, 31,71%. Nunca nenhum candidato à Presidência da República havia granjeado tal feito.
Em Lisboa, o próximo Presidente da República obteve 49,74% dos votos e no Porto 51,28%. Nos Açores, Marcelo conquistou 58,07% e na Madeira obteve 51,35%.
António Sampaio da Nóvoa obteve o seu melhor resultado no distrito de Beja, com 31,47% dos votos, e na Madeira registou o seu pior resultado (11,27%). Nos Açores, Sampaio da Nóvoa conquistou 21,54% dos votos. Em Lisboa, o antigo reitor da Universidade de Lisboa conquistou 25,83% dos votos e no Porto 21,77%.
Marisa Matias, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, obteve o melhor resultado no distrito de Coimbra, com 13,91% dos votos, sendo que em Vila Real foi o distrito onde conseguiu menor percentagem (6,78%). Em Lisboa, a também eurodeputada obteve 10,05% e no Porto teve 10,22%.
O distrito de Castelo Branco deu a Maria de Belém o seu melhor resultado, com 5,18% dos votos, enquanto na Região Autónoma da Madeira foi onde a candidata teve 2,78% dos votos, a sua menor percentagem. Maria de Belém conseguiu no distrito de Lisboa 4,49% dos votos e no Porto 4,53%.
O candidato apoiado pelo PCP, Edgar Silva, obteve o seu melhor resultado na Região Autónoma da Madeira, com 19,70% dos votos, enquanto em Bragança conquistou 1,20%, o seu pior resultado num distrito. Em Lisboa, Edgar Silva registrou 4,02% dos votos e no Porto 2,49%.
Abstenção de 51,16%
Essa foi a segunda mais elevada abstenção de sempre em sufrágios para a escolha do chefe de Estado. Nestas eleições votaram 4,7 milhões de eleitores, em 9,6 milhões de inscritos.
Nas eleições de domingo os votos brancos atingiram 1,24% e os nulos 0,92%. Estas percentagens foram menores relativamente às eleições presidenciais de 2011, nas quais se registaram 4,26 por cento de votos brancos e 1,93 por cento de votos nulos.
A Região Autónoma dos Açores registrou a maior percentagem de abstenção, com 69,08%, enquanto Lisboa foi o distrito onde se verificou a menor taxa de abstenção, 46,42%, nas eleições presidenciais de domingo.
Por concelhos, Vila Franca do Campo, nos Açores, foi aquele em que houve a maior abstenção, 76,41%, enquanto Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, foi o concelho que registou a taxa de abstenção mais baixa, 32,78%.
A taxa de abstenção nas eleições presidenciais de domingo foi de 51,16%, a segunda mais elevada de sempre em sufrágios para a escolha do chefe de Estado.
Nestas eleições, nas quais Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República, votaram 4,7 milhões de eleitores, em 9,6 milhões de inscritos.
A mais alta taxa de abstenção em eleições presidenciais foi registrada na reeleição de Aníbal Cavaco Silva, em 23 de janeiro de 2011, com 53,56% dos eleitores a optarem por não ir às urnas.
No pós-25 de Abril de 1974, a reeleição de Cavaco Silva, que venceu com 52,95% dos votos, confirmou a tendência para uma maior abstenção quando se trata de um segundo mandato.