Marcelo Rebelo de Sousa toma posse e promete ser presidente de “todos sem exceção”

Foto ANTONIO COTRIM/LUSA
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Mundo Lusíada
Com agencias

Na presença de mais de 500 convidados, o novo presidente de Portugal tomou posse nesse 9 de março, e prometeu ser o Presidente de “todos sem exceção”, do princípio ao fim do mandato, sem querer ser mais do que a Constituição permite ou aceitar menos do que a Lei Fundamental impõe.

“Um Presidente que não é nem a favor nem contra ninguém. Assim será politicamente, do princípio ao fim do seu mandato”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso na cerimônia em que tomou posse como Presidente da República, na Assembleia da República, e que foi aplaudido no final pelas bancadas de PSD, PS e CDS de pé. O deputado único do PAN aplaudiu sentado, enquanto as bancadas do PCP, BE e PEV não aplaudiram o discurso do novo Presidente da República.

Marcelo acrescentou que será socialmente a favor do jovem que quer exercitar as suas qualificações e procura emprego, da mulher que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual, do pensionista ou reformado que sonhou com um 25 de Abril que não corresponde ao seu atual horizonte de vida, do cientista à procura de incentivos sempre adiados ou do agricultor, comerciante e industrial, que, dia a dia, sobrevive ao mundo de obstáculos que o rodeiam.

Segundo ele, Portugal é a razão de ser do compromisso que assume como chefe de Estado, prometendo uma solidariedade institucional “indefetível” à Assembleia da República. “Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Dirigindo-se ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o novo chefe de Estado saudou “a representação legítima e plural da vontade popular” expressa no parlamento, garantindo uma “solidariedade institucional indefetível” entre este órgão e a Presidência da República.

Sair da crise e superar desafios
O novo Presidente reconheceu que Portugal tem pela frente “tempos e desafios difíceis”, considerando que é necessário sair do clima de crise e ir mais longe na qualidade da educação, saúde, justiça e do próprio sistema político.

“É no quadro desta Constituição – que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir – que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Lançando alguns reptos que reconheceu serem “difíceis, complexos” e “envoltos em incógnitas”, o Presidente da República defendeu a necessidade de sair do clima de crise e do país ir “mais longe com realismo mas visão de futuro”, na capacidade e na qualidade da Educação e Ciência, da Saúde, da Segurança Social, da Justiça e da Administração Pública e do próprio sistema político e “sua moralização e credibilização constantes, nomeadamente pelo combate à corrupção, ao clientelismo, ao nepotismo”.

Como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, num juramento feito num exemplar original de 1976.

Primeiro-Ministro
Para o primeiro-ministro, António Costa, “todos” os portugueses se podem “reconhecer” nas palavras proferidas esta manhã por Marcelo Rebelo de Sousa no seu primeiro discurso como Presidente.

“O Presidente da República falou por todos nós. Hoje é dia de o escutarmos e não falamos. Acho que foi um discurso em que todos nos podemos reconhecer, um sinal importante da função essencial do Presidente da República de unir os portugueses para servirmos Portugal”, advogou Costa, em breves palavras aos jornalistas no parlamento.

O chefe do Governo saiu acompanhado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com quem jantou na noite de terça-feira num restaurante de Lisboa. Jean-Claude Juncker considerou que o Presidente eleito, Marcelo Rebelo de Sousa, terá muitos desafios pela frente, mas antecipou que Portugal tem agora “o homem certo no local certo”. “O Presidente tem sempre de enfrentar desafios, mas agora temos o homem certo no local certo”, afirmou Juncker, no final de um encontro com Marcelo Rebelo em Lisboa.

Falando em nome do PSD, o líder parlamentar, Luís Montenegro, considerou que a intervenção do novo Presidente teve “grande sentimento de unidade nacional” e foi um discurso “muito mobilizador” para as tarefas dos políticos e de todos os portugueses.

O presidente do PS, Carlos César, elogiou o discurso, sobretudo os parâmetros em torno dos quais devem ser procurados consensos que compatibilizem finanças sãs e justiça social.

Já a porta-voz do BE, Catarina Martins, disse que o chefe de Estado “tem, em boa medida, uma visão conservadora do país, mas que tenta fazer pontes para todos os setores”. Para o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, Marcelo soube “puxar pela autoestima dos portugueses” nas suas palavras.

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, afirmou que “não basta ter boas intenções, é preciso uma prática”, enquanto a deputada do partido ecologista “Os Verdes” Heloísa Apolónia sublinhou o discurso “muito focado” na Constituição, esperando que tal seja uma marca da sua presença em Belém.

Website
A página online da Presidência da República já abre com a figura de Marcelo Rebelo de Sousa. O site ligado ao cargo do chefe de Estado conta já com uma mensagem do novo Presidente, bem como do discurso de tomada de posse.

“Pelo Portugal de sempre | Nós, portugueses, continuamos a minimizar o que valemos. | E, no entanto, valemos muito mais do que pensamos ou dizemos.| O essencial, é que o nosso génio – o que nos distingue dos demais – é a indomável inquietação criadora que preside à nossa vocação ecuménica. Abraçando o mundo todo. | Ela nos fez como somos. | Grandes no passado. | Grandes no futuro. | Por isso, aqui estamos.| Por isso, aqui estou. | Pelo Portugal de sempre!”, lê-se na nota do Presidente publicada no site.

O presidente eleito já escolheu três das principais figuras da hierarquia no Palácio de Belém, que vai ocupar a partir desta quarta-feira. Frutuoso de Melo é o chefe da Casa Civil, o tenente-general João Luís Ramirez de Carvalho Cordeiro é o chefe da Casa Militar e José Augusto Duarte é o assessor diplomático.

Rebelo de Sousa anunciou igualmente as personalidades que escolheu para o Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República: Eduardo Lourenço, António Guterres, António Lobo Xavier, Leonor beleza e Luís Marques Mendes.

De acordo com o Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa convidou Pedro Mexia – colaborador no semanário e antigo diretor da Cinemateca – para consultor na área cultural, o advogado e professor universitário Miguel Nogueira de Brito para a sua assessoria jurídica e o até agora jornalista da SIC Luís Ferreira Lopes para assessor na área das empresas e inovação.

Na assessoria política, o Presidente manterá António Araújo, atual consultor político de Cavaco Silva. Segundo fonte do seu gabinete, a equipe de assessores de Marcelo Rebelo de Sousa deverá ser, pelo menos numa fase inicial, reduzida.

Marcelo Rebelo de Sousa é o 19º chefe de Estado português desde a implantação da República, em 05 Outubro de 1910, e o quinto eleito em democracia. Professor universitário e comentador político, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito a 24 de janeiro de 2016.

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