Marcelo cita ex-presidente para elogiar Lula como um dos “grandes líderes” mundiais

Da Redação com Lusa

Neste 22 de Abril, o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, citou o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, para elogiar o Presidente do Brasil, Lula da Silva, como um dos “grandes líderes mundiais”.

Marcelo Rebelo de Sousa falava perante os jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, tendo ao seu lado o Presidente do Brasil, que hoje recebeu, durante a sua visita de Estado a Portugal.

Numa altura em que a figura de Lula suscita críticas e protestos por parte da direita em Portugal, o chefe de Estado português recordou “um longo e rasgado elogio” que lhe fez o seu antecessor e também antigo presidente do PSD, na entrega do Prêmio Norte-Sul, em 2011, em Lisboa.

Na altura, Cavaco Silva disse que “os grandes líderes distinguem-se pela sua capacidade de traduzir ideais em realizações concretas e mobilizadoras da esperança. Esse é indiscutivelmente o caso de Lula da Silva”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, observando em seguida: “Eu não diria melhor”.

O Presidente do Brasil chegou na sexta-feira a Lisboa, para uma visita de Estado a convite do chefe de Estado português, cujo programa oficial começou hoje e termina na terça-feira de manhã.

No Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva tiveram primeiro um encontro restrito, depois alargado a ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Brasil, chefes da Casa Civil e Militar da Presidência portuguesa, ministro-chefe da Secretária-Geral da Presidência brasileira e consultores e assessores dos respectivos gabinetes.

Agradar a ninguém

Presidente Marcelo Rebelo recebe Luiz Inacio Lula da Silva, e esposa Rosângela Lula da Silva, no Palácio de Belém, Lisboa, 22 Abril. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Por sua vez, Lula declarou que “não quer agradar a ninguém”, sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas sim encontrar “uma terceira via” para a paz. “Estamos numa situação em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia está a afetar a humanidade (…) e é por isso que temos de encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz e não em guerra”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva.

Por isso, acrescentou: “eu não quero agradar a ninguém, eu quero é construir uma forma de colocar os dois à mesa”, lembrando que o que parecia impossível aconteceu na II Guerra Mundial.

Agora, defendeu, Lula da Silva, “o fato está criado, a guerra (…) e eu quero é escolher uma terceira via que é da construção da paz”, salientou, assegurando que não vai visitar nenhum dos dois países até que a situação esteja estabilizada.

Por isso, avançou: “Vou falar com mais países (…) e quem sabe um dia, que deve estar perto, a gente vai encontrar um jeito de sentar à mesa para conversar”.

Lula frisou ainda, respondendo às questões dos jornalistas, que, desde o início que a posição do Brasil “é muito clara”, de condenação à Rússia pela invasão da Ucrânia, mas de procurar reunir um conjunto de países que possam convencer as duas partes a sentarem-se à mesa para uma negociação.

O ministro de Estado brasileiro, Márcio Macedo, disse esta sexta-feira, após um encontro com a Associação de Ucranianos em Portugal, que o Presidente Lula da Silva determinou que o seu assessor para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, visite a Ucrânia, o que Lula confirmou hoje.

Segundo governo brasileiro, cerca de 252 mil brasileiros residem legalmente em Portugal. “Isso não contabiliza os brasileiros com nacionalidade portuguesa ou outra nacionalidade europeia. Segundo estimativas das repartições consulares do Brasil em Portugal, a comunidade brasileira poderia estar entre 275 mil e 300 mil pessoas”, recordou o Governo brasileiro, de forma a enfatizar a importância desta viagem, a primeira à Europa desde que Lula tomou posse em 01 de Janeiro.

Neste dia 22 de Abril, Lula iniciou o dia com uma cerimônia de boas vindas com honras militares na Praça do Império, em Lisboa, seguida de uma outra breve cerimônia no interior do Mosteiro dos Jerónimos, com deposição de coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, acompanhado do Presidente Português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Algumas dezenas de pessoas acompanham desde o início da manhã as várias etapas da visita em Belém, numa manifestação de apoio a Lula, mas onde apareceram também alguns manifestantes críticos do Presidente brasileiro.

Depois do encontro com presidente português no Palácio de Belém, seguiu para um almoço com o primeiro-ministro português António Costa, após o qual ocorre um dos pontos altos do programa, a 13.ª cimeira luso-brasileira.

Depois do encontro deverão ser assinados mais do dobro dos acordos que na última que existiu entre os dois países em 2016.

Na quarta-feira passada, em conferência de imprensa no Palácio Itamaraty, em Brasília, a secretária de Europa e América do Norte, Embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, detalhou que serão ainda assinados, no Centro Cultural de Belém, memorandos de entendimento da área da energia, geologia e mineração, o “reconhecimento mútuo dos títulos de condução” entre os dois países, direitos de pessoas com deficiências, um memorando de área do turismo, entre outros.

O dia de hoje termina com um jantar de Estado oferecido pelo Presidente português no Palácio da Ajuda. Domingo, a agenda de Lula da Silva, para já, “está livre”, disse a diplomata brasileira.

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