Da Redação
Com Lusa
O Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, ordenou nesta quinta-feira o encerramento das passagens de fronteira da Venezuela com o Brasil, e disse que está a avaliar fazer o mesmo na fronteira com a Colômbia.
“Decidi (que) no sul da Venezuela (…) a partir das 20:00 de hoje (00:00 de sexta-feira em Lisboa) (…) fica encerrada total e absolutamente, até nova ordem, a fronteira terrestre com o Brasil”, anunciou Maduro numa reunião com militares no forte Tiuna de Caracas, o maior quartel do país.
O Presidente da Venezuela referiu ainda que está a ponderar fechar também a fronteira com a Colômbia.
Uma parte da ajuda humanitária que os Estados Unidos querem fazer chegar aos venezuelanos encontra-se armazenada em Cúcuta, na fronteira da Colômbia com a Venezuela.
Juan Guaidó, opositor de Maduro e reconhecido por mais de 50 países como Presidente interino do país, prometeu introduzir essa ajuda humanitária na Venezuela no sábado, numa operação para a qual estão mobilizados milhares de cidadãos.
Nicolas Maduro recusa receber essa ajuda, oriunda dos EUA, dizendo que é “um presente podre” e uma “armadilha”, para justificar uma intervenção militar norte-americana na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Esta crise política soma-se a uma grave crise econômica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Viagem a fronteira
Segundo a agência espanhola de Notícias EFE, pelo menos três autocarros com deputados opositores do regime de Nicolas Maduro viajam hoje de Caracas para a fronteira oeste da Venezuela, para participarem na operação de entrada de medicamentos e alimentos da ajuda internacional oriunda dos EUA, na fronteira com a Colômbia.
Na comitiva, com cerca de cem pessoas, viaja Juan Guaidó, segundo um elemento da equipe do autoproclamado Presidente interino da Venezuela. A mídia venezuelana reporta que as autoridades policiais mandaram parar os autocarros, para verificar documentos e fazer fotografias, antes de os deixar seguir em direção à fronteira.
Na terça-feira, Juan Guaidó prometeu que no sábado fará entrar a ajuda humanitária em território venezuelanos, “por ar, por mar e por terra”, contornando o bloqueio determinado pelo governo de Nicolas Maduro, que afirmou não autorizar a ajuda humanitária oriunda dos EUA.
O deputado Simón Calzadilla afirmou a uma estação televisiva venezuelana que Guaidó estará no comando da caravana que assegurará a entrada dos apoios internacionais.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes. O governo português já declarou que não há planos para retirar portugueses do país.