Da Redação
Com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, comentou durante visita ao Luxemburgo que “há portugueses em todas as esquinas”, enquanto percorria as ruas a distribuir beijos e a tirar ‘selfies’, desafiando a capacidade de improviso dos seguranças.
Quando saiu esta terça-feira de uma sessão solene no centro cultural Cércle Cité, o presidente Marcelo foi aplaudido por algumas dezenas de portugueses que gritavam “Portugal, Portugal”. O Presidente já sabia que uma jovem fazia 18 anos e fez questão de lhe ir dar os parabéns, seguindo-se depois várias ‘selfies’.
Face a tantas solicitações, até os grão-duques do Luxemburgo, Henrique e Maria Teresa, se aproximaram das barreiras de segurança para cumprimentar os populares, o que gerou o nervosismo dos seguranças.
Antes de avançar pelas ruas da capital, o Presidente português ainda perguntou: “Qual é o maior país do mundo?” A resposta: “Portugal. E o segundo é o Luxemburgo”. Questionado sobre esta recepção, Henrique disse apenas: “está à vossa frente. É a população do Luxemburgo que vos adora”.
No percurso a pé até ao Palácio Grão-Ducal, já havia menos portugueses, mas Marcelo foi distribuindo beijos quando era solicitado. Chamado por uma mãe portuguesa que tinha a filha no carrinho, dirigiu-se às barreiras de segurança e pegou a menina ao colo e logo se dirigiu a outra senhora no lado oposto, com uma bandeira portuguesa na mão.
Segundo dados da burgomestre da cidade do Luxemburgo, Lydie Polfer, residem na capital luxemburguesa 12.747 portugueses, sendo que em todo o país são mais de 100 mil, o que representa 16,4% da população do país.
No discurso que proferiu na cerimónia de homenagem a Marcelo Rebelo de Sousa, a burgomestre disse que o Luxemburgo “deve muito aos portugueses”, que “também são luxemburgueses de coração” e emocionou-se quando agradeceu à sua “família portuguesa”.
O Presidente português também discursou e começou por dizer, em francês, que o sol chegou ao Luxemburgo com os primeiros portugueses, em 1960, arrancando gargalhadas da assistência.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “os luxemburgueses sabem que a sua riqueza é a abertura à Europa” e deu como exemplo dessa abertura o facto de 70 por cento dos residentes da capital do país serem de origem estrangeira e oriundos de 159 países diferentes, o que torna a cidade “numa das mais cosmopolitas” do mundo.
Neste sentido, o chefe de Estado português referiu que “é preciso compreender a diferença”, respeitar a dignidade da pessoa humana, não em abstrato, mas em concreto” e “combater a política de exclusão” para que se construa ” uma Europa de paz e de justiça”.
No final do discurso, Marcelo disse a Lydie Polfer que os portugueses “sentem-se em casa” e que pode contar “com o apoio da comunidade portuguesa para o crescimento da capital do Luxemburgo“.
O Presidente português iniciou esta terça-feira uma visita de Estado de dois dias ao Luxemburgo, seguindo-se uma visita privada na quinta-feira, quando participa na 50.ª peregrinação a Nossa Senhora de Fátima, em Wiltz, a cerca de 65 quilómetros da capital luxemburguesa, e contacta com a comunidade portuguesa.
O chefe de Estado é acompanhado nesta visita pelos secretários de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e pelos deputados Carlos Alberto Gonçalves (PSD), Paulo Pisco (PS), Isabel Pires (BE), Isabel Galriça Neto (CDS-PP) e Carla Cruz (PCP).
O Luxemburgo é o sétimo país a receber uma visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, depois de Moçambique, Suíça e Cuba, em 2016, de Cabo Verde e Senegal, em abril, e Croácia, na semana passada.
Idioma e eleição
Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos portugueses no Luxemburgo para que inscrevam os filhos nas aulas de português e que se registem para votarem nas eleições municipais luxemburguesas de junho.
“Apelo aos portugueses para que inscrevam os seus filhos no ensino que foi recriado com um acordo entre os dois governos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no primeiro dia da visita de Estado ao Luxemburgo.
O ensino complementar, fora do horário escolar, foi já criticado por representantes da comunidade portuguesa no Luxemburgo, por considerarem que os pais não têm condições de vida que lhes permitam levar os filhos a estas aulas, o que não acontecia quando a oferta era no ensino integrado e os alunos estavam na escola.
O Presidente apelou ainda à participação eleitoral dos portugueses, considerando que “é incompreensível que uma população como a da comunidade portuguesa aqui esteja sub-representada em termos de recenseamento e de votos nas eleições locais” luxemburguesas.
“É dispor, a comunidade, de um instrumento de afirmação política e cívica e não o utilizar e isso é uma pena, votem como votarem, mas não deixem de se interessar pela vida de uma comunidade em que têm um papel tão importante”, disse o Presidente.