Governo português defende “pontes” entre UE, países africanos e América Latina perante tensões e guerras

Da Redação com Lusa

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, defendeu nesta quinta-feira a “construção de pontes” entre a União Europeia (UE), África e América Latina, numa altura de guerras, ataques terroristas e criação de muros, pedindo aposta no “desenvolvimento e paz”.

“Hoje, mais do que nunca, é necessário construir pontes. Quando alguns erguem muros, quando outros começam guerras, quando outros fazem ataques terroristas, nada como darmos as mãos, ajudar a construir a paz e o desenvolvimento, e a paz e o desenvolvimento só se constroem se a propriedade for partilhada”, declarou o chefe de Governo.

Falando na cerimônia de encerramento do Fórum Global Gateway, que juntou em Bruxelas na quarta e quinta-feira representantes dos governos da UE e de todo o mundo, do setor privado e da sociedade civil, António Costa salientou que “desafios globais exigem respostas globais”, numa altura de guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, às tensões no Médio Oriente e ao ataque terrorista na semana passada em Bruxelas.

“Só com uma forte e estreita parceria à escala global aproveitaremos bem as oportunidades que a transição digital e ecológica podem dar e contribuir para promover o desenvolvimento sustentável, a capacitação e o comércio”, destacou o primeiro-ministro.

Em causa está a iniciativa europeia Global Gateway, criada para permitir investimento ao nível mundial, especialmente em regiões menos desenvolvidas de África e da América Latina, em questões como os transportes, a digitalização, a energia, a saúde, a educação e a investigação.

António Costa destacou “exemplos concretos” do que do que as empresas portuguesas estão já com parceiros africanos e latino-americanos, como os corredores logísticos digitais entre o porto de Sines aos portos do Atlântico Sul em Angola ou no Brasil e a nova rota marítima transatlântica com o México.

“Além de promover a resiliência energética e industrial da Europa, estes projetos criarão riqueza e emprego nos parceiros estratégicos em África e na América Latina garantirão a partilha de tecnologia e ‘know-how’ e contribuirão para transições digitais e climáticas mais justas dos dois lados do Atlântico”, elencou.

António Costa defendeu ainda que a UE tem “vontade de trabalhar em parceria com outros parceiros, também na Ásia, outros países do continente africano e outros países da América Latina e também em outras áreas para além das infraestruturas e do equipamento dos transportes”, como a saúde e as energias renováveis.

Ao nível europeu e nacional, “temos de inovar no que diz respeito aos mecanismos financeiros para apoiar investimentos da Global Gateway de uma forma sustentável, um modelo que Portugal já está a aplicar no quadro das nossas relações bilaterais com Cabo Verde, a transformação da dívida pública em investimentos climáticos”, concluiu.

António Costa está em Bruxelas para participar num Conselho Europeu de dois dias, que começa neste dia 26.

Os líderes da União Europeia reúnem-se hoje e sexta-feira em Bruxelas para debater tensões no Médio Oriente, visando uma pausa humanitária em Gaza e negociações sobre uma solução de dois Estados, além de desafios europeus como migrações e orçamento.

 

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