Da Redação com Lusa
O Presidente de Portugal apelou a que das eleições legislativas de 30 de janeiro saia um Governo “com horizonte até 2026”, avisando que miniciclos políticos significariam “perder uma oportunidade”, sobretudo na reconstrução econômica e social do país.
No encerramento do 8.º Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu neste dia 23 no Palácio da Cidadela, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa destacou o fato de as eleições legislativas antecipadas acontecerem num momento decisivo das escolhas que o país tem de fazer sobre os fundos comunitários.
“Os portugueses têm agora a oportunidade, daqui até 30 de janeiro, de ponderar em conjunto as escolhas, quer no que respeito ao pós pandemia, quer no que respeita à gestão econômica e social, tendo presente que o esforço que vai ser exigido é um esforço de fôlego, não pode ser um esforço traduzido em miniciclos”, afirmou.
Para o chefe de Estado, esse cenário de curtos ciclos políticos significaria “perder a oportunidade, quer na gestão do que resta da pandemia, quer sobretudo de reconstrução econômica, seria perder uma oportunidade”
“De alguma maneira, as eleições permitem um horizonte até 2026”, frisou, referindo-se à duração normal de uma legislatura, quatro anos.
Pandemia
O presidente defendeu que a resposta à pandemia em Portugal tem sido “a correta”, e elogiou também o processo da terceira dose de reforço, destacando que Portugal arrancou antes de outros países.
“Quanto à pandemia, penso que a resposta que tem sido dado ao longo dos anos de 2020 e 2021 é a correta – tanto quanto é possível ir acompanhando flutuações e imprevisibilidades – que é o de fazer uma leitura que ao mesmo tempo previna, antecipe, mas não entre em alarmismos injustificados, este equilíbrio é difícil de fazer”, afirmou.
Na vertente da antecipação, o chefe de Estado destacou a vacinação, e salientou que “Portugal percebeu, comparado com vários países europeus, que devia antecipar várias fases” e apontou como exemplo a terceira fase, atualmente em curso.
“O caso sintomático é esta toma de reforço, vemos governantes de países importantes, nossos aliados na Europa, a anunciar para janeiro o arranque do que já está em curso em Portugal, passando de grupos críticos para outros que o não são, há semanas para não dizer quase dois meses”, salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou “o apoio fundamental das Forças Armadas” e dos profissionais de saúde e dos cientistas no combate à pandemia, mas sempre com a primazia para o poder político.
“Encontrou protagonistas impressivos para protagonizar um momento importante, sem que o poder político deixasse de tornar claro que caberia ao poder político a última palavra nestas matérias”, afirmou.
O chefe de Estado voltou a destacar em Portugal a “solidariedade institucional” entre os vários órgãos de soberania e a “maioria parlamentar esmagadora” que foi possível encontrar durante os estados de emergência de 2020 e 2021, e a “originalidade” das reuniões dos decisores políticos com os especialistas, depois até transmitidas em direto.
“Estamos a viver hoje um período que é diferente e de gestão sensível”, afirmou, contudo.
Para o Presidente da República, se é fundamental continuar a “reforçar a vacinação”, também é importante explicar que “a letalidade e da pressão sobre as estruturas de saúde” é hoje muito diferente do que foi há um ano em Portugal.
Citando os números da DGS de quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que há um ano havia “três vezes mais internamentos, 3,5 vezes mais internamentos em cuidados intensivos e sete vezes mais mortes”.
Por outro lado, defendeu, “a humanidade tem de se preparar para novas pandemias como esta”.
“Não se pode parar a economia, a sociedade e a política de cada vez que houver a emergência por grave que seja (…) Em democracia, significa que se tem de criar, do ponto de vista da mentalidade e da resposta jurídico-constitucional, um quadro que permita acomodar o que vai ser inevitável no futuro”, defendeu.