Mundo Lusíada
Com Lusa
Deputados do partido espanhol Podemos pediu, dia 15 no Parlamento Europeu, a suspensão das negociações para o acordo entre o bloco e o Mercosul.
O porta-voz do partido, Miguel Urbán, condenou o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro. Alguns dos deputados trazia um cartaz a sua frente escrito “Marielle, presente”.
“O assassinato de Marielle Franco tem a intenção de amedrontar os defensores dos direitos humanos assim como influenciar as campanhas eleitorais realizadas neste ano”, traz uma carta de cerca de 50 deputados, enviada pelo partido ao Parlamento.
“Queremos manifestar o nosso mais profundo rechaço a esse assassinato e exigir que a Comissão Europeia suspenda essas negociações comerciais de maneira imediata” traz o documento, segundo divulgou a Folha de S.Paulo.
Também o eurodeputado português Francisco Assis, do Partido Socialista, questionou a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, sobre “como pretende a União Europeia influenciar as autoridades brasileiras para que este chocante assassínio seja investigado até às últimas consequências”, e “para que seja garantida a segurança das populações e dos ativistas que pugnam pelos direitos humanos das mesmas”, segundo divulgou o Público.
Em janeiro, o primeiro-ministro português pediu empenhamento para a conclusão do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, sustentando que o impacto econômico será dez vezes superior ao acordo celebrado com o Canadá. A sua posição foi assumida no discurso que proferiu no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Na altura, António Costa, transmitiu ao Presidente brasileiro, Michel Temer, uma mensagem da Comissão Europeia sobre a “oportunidade histórica” que constitui a conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
No último dia 13, o presidente Temer afirmou que o acordo comercial deve ser fechado “em brevíssimo tempo”. Ele disse que conversou com líderes europeus nos últimos dias e recebeu a confirmação de que o bloco estaria disposto a fazer as últimas negociações para fechar o trato definitivamente.
Marielle tinha acabado de denunciar a ação da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari, e era relatora da comissão municipal criada para fiscalizar a intervenção militar no Rio.
Parlamento português
Em Lisboa, o parlamento condenou a morte da vereadora e ativista dos direitos no Rio. O voto de pesar e condenação foi anunciado logo na quarta-feira pela líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, e é subscrito pelo presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, BE, PS, PCP, PSD, PEV e pelo deputado André Silva, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN). Apenas o CDS não subscreveu o voto.
“Socióloga, feminista, militante dos direitos humanos e crítica da recente ocupação de vastas áreas urbanas pela intervenção militar do governo federal no Rio de Janeiro, Marielle Franco empenhou-se na luta pelos direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e dos moradores de favelas e periferias, e na denúncia da violência policial”, acrescenta o voto.
No texto, a Assembleia da República exprime “a mais veemente condenação pela violência e pelos crimes políticos e de ódio que aumentam de dia para dia no Brasil”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já pediu que as investigações “sejam feitas o mais rápido possível” e de forma “completa, transparente e independente”, para que os resultados “possam ser vistos com credibilidade”.