Cimeira: Primeiro-ministro defende segurança como “fator determinante” de competitividade da Península Ibérica

Mundo Lusíada com Lusa

 

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu hoje que a segurança é um “fator determinante” para o investimento e desafiou o seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, a fazer da Península Ibérica “um espaço seguro”.

No encerramento do Fórum Empresarial Luso-Espanhol, imediatamente após a 35.ª Cimeira Ibérica, Montenegro enumerou algumas das oportunidades que Portugal e Espanha têm na captação de investimento, como a localização, conhecimento, experiência, capital humano ou segurança.

“A segurança, disse há pouco numa conversa pessoal com Pedro Sánchez, é um fator de competitividade que é determinante e que nós temos de preservar. Temos obrigação, os nossos dois governos, em simultâneo, de fazermos da Península Ibérica um espaço seguro para poder alavancar investimentos e para poder executar esta tarefa de reindustrializar a Europa e de termos capacidade produtiva na Europa”, afirmou.

O primeiro-ministro português considerou que os dois países podem ser “portas de entrada” na Europa para outros mercados, como os africanos.

“Sejamos suficientemente audaciosos para trazer para a Europa o investimento que a Europa precisa para alimentar o seu mercado interno e para poder depois alimentar e conquistar os mercados internacionais. Além do mais, este desígnio tem uma palavra que é capaz de ser definidora de que isso é possível: essa palavra é a Ibéria, é a junção de Portugal e de Espanha”, afirmou,

Numa alusão ao período dos Descobrimentos, deixou um apelo final ao presidente do Governo espanhol.

“Não será a primeira vez na história, Pedro, e também não há de ser a última, que nós vamos à conquista do mundo e vamos fazer o mundo descobrir a Península Ibérica”, disse.

Pedro Sánchez, por seu turno, defendeu um “reforço da cooperação econômica estratégica” entre Portugal e Espanha no quadro multilateral e, sobretudo, da União Europeia, e destacou a importância de “reforçar a cooperação em matéria de infraestruturas” para melhorar a competitividade dos dois países e também da Europa no seu conjunto.

Em concreto, defendeu mais infraestruturas para ligações energéticas e de transporte, entre Portugal e Espanha e entre da Península Ibérica com França “e, assim, com o resto da Europa”.

Sánchez celebrou que Portugal e Espanha partilhem a importância de desenvolver a alta velocidade ferroviária e também “o compromisso de Portugal com outras grandes infraestruturas”, como um novo aeroporto em Lisboa ou uma nova travessia sobre o Tejo.

“Vão servir para enfrentar com êxito um dos projetos mais empolgantes que tem a comunidade ibérica nos próximos anos, que é a organização conjunta, em 2030, do mundial [de futebol] por Espanha, Portugal e Marrocos”, afirmou, dizendo-se convencido de que será um evento com “uma dimensão planetária”, de que será “o melhor mundial da historia dos mundiais” e que a final será disputada entre Portugal e Espanha.

Portugal e Espanha assinam 11 acordos

No final das reuniões setoriais e da reunião plenária dos Ministros portugueses e espanhóis foram assinados 11 acordos “muito importantes para a construção de um futuro sustentável e a cooperação entre os dois Estados”, disse o Primeiro-Ministro.

Luís Montenegro destacou “o tema principal, o da água, um bem que partilhamos, que é essencial ser bem gerido, quer na sua utilização para abastecimento humano quer para uso em atividades econômicas, da agricultura ao turismo, que são igualmente relevantes dos dois lados da fronteira”.

Neste “contexto ainda mais exigente, em que lidamos com as alterações climáticas, com períodos de seca extrema, com dificuldades de abastecimento”, os dois Governos assinaram acordos sobre a manutenção de caudais nos Rios Tejo e Guadiana, e da pesca, segurança de navegação e náutica de recreio no Rio Guadiana, importantes para Portugal e para o Algarve, segundo o PM.

“A escolha do Algarve para esta cimeira” teve a ver com a questão da água, “à qual temos dado prioridade, para não sermos confrontados com necessidades de restrição, como aconteceu nos últimos anos, e termos capacidade de armazenamento suficiente para não termos limitação ao seu uso responsável”, disse.

Também foi importante para Algarve a construção de duas novas pontes entre os nossos países, uma sobre o Rio Sever, em Nisa-Cedillo, e outra sobre o Rio Guadiana em Alcoutim, destacando “o empenho do Presidente do Governo de Espanha” numa “matéria que estava bloqueada” segundo Montenegro.

Ao nível da energia foi lançado “um repto que não pode esperar mais: a concretização dos compromissos entre Portugal, Espanha, França e Comissão Europeia no domínio das interconexões energéticas, em particular as elétricas», disse, acrescentando que «não é admissível que estejamos a discutir de novo as mesmas matérias quando elas estão assumidas em documentos solenes que vinculam os Estados”.

Os dois Chefes do Governo não vão «regatear nenhum esforço para forçar a França e a Comissão Europeia» para cumprir «um desígnio que é uma pedra de toque dos Relatórios Letta e Draghi». “Para a Europa ser uma economia mais competitiva, aberta e com maior preocupação ambiental – que, no caso de Portugal e Espanha, é o reconhecimento do nosso investimento nas energias renováveis –, temos de garantir estas interconexões”, sublinhou.

Na cimeira discutiram-se «matérias importantes da agenda europeia como as migrações, a transição digital, a competitividade, a necessidade de, no novo impulso à competitividade, manter as políticas de coesão, fundamentais para Portugal e Espanha, que possam aproximar o nível de desenvolvimento das várias regiões da Europa”. Os dois países concordaram que a Europa tem muita vantagem em aprofundar o seu relacionamento com o Mercosul e em alcançar finalmente um acordo comercial com o bloco.

Montenegro disse que os dois países estão unidos por “valores fundamentais no domínio da preservação da paz e da garantia dos direitos humanos”, ambos reiteraram o compromisso permanente e inequívoco de apoio à Ucrânia, reafirmam «a necessidade de cessar-fogo imediato no Líbano e em Gaza» e estão «atentos ao processo eleitoral e ao cumprimento da vontade popular na Venezuela».

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