Da Redação
Com Lusa
O diretor nacional da PJ, realçou o contributo da Marinha e da Força Aérea na apreensão de uma tonelada de cocaína numa embarcação de pesca no oceano Atlântico, colocando Portugal na “primeira linha” no combate ao crime organizado.
“Hoje estamos aqui porque é o reconhecimento da Polícia Judiciária às nossas forças armadas, designadamente à Marinha e à Força Aérea que com a sua intervenção, saber, capacidade e prontidão, colocam Portugal num patamar de combate ao crime organizado e ao tráfico de estupefacientes de uma forma ímpar”, frisou Luís Neves.
O diretor da PJ falava na Base Naval de Lisboa, em Almada, no distrito de Setúbal, tendo como pano de fundo a embarcação de pesca de pavilhão brasileiro apreendida, assim como cerca de 50 sacos que continham a cocaína.
O responsável não adiantou quando se iniciaram as investigações, mas informou que foi em 22 de maio que o navio foi interceptado cerca de 520 quilômetros a sul de Cabo Verde e a 4.000 quilômetros de Lisboa, o que só foi possível através da articulação com a Marinha, Força Aérea e Polícia Federal do Brasil.
Foram 11 dias até a embarcação chegar à Base Naval de Lisboa, onde foi alvo de busca por parte da PJ, tendo sido encontrados no interior, em compartimento de difícil acesso especialmente criado para o efeito, um total de 1.102 quilos de cocaína acondicionados em cinquenta sacos de serapilheira.
A Operação “Areia Branca” resultou na detenção de sete homens de nacionalidade brasileira, entre os 36 e os 64 anos, os quais, segundo o diretor da PJ, são “elementos de uma estrutura criminosa”.
De acordo com Luís Neves, uma das maiores dificuldades da operação foi a distância a que ocorreu, mais próximo de Cabo Verde do que de Portugal, tornando-se “exigente” para as forças envolvidas.
“Há riscos que se assumem, mas há a imagem de um país que procura responder ao crime”, sublinhou.
Também o comandante naval Gouveia e Melo destacou a “cooperação intersetorial” e, apesar de não revelar pormenores sobre o momento da abordagem, explicou que a Marinha garantiu que a apreensão se realizasse em “segurança”.
“A forma como nós abordamos as embarcações deixa muito pouca margem para resistências e evita também violência”, mencionou.
Para o comandante naval, o “mau estado da embarcação”, foi a principal dificuldade, implicando “um conjunto de intervenções para garantir que a prova chegava a Lisboa”.
Já o contributo da Força Aérea, segundo o porta-voz Manuel Costa, foi a “distância e descrição” que, através de sensores, permitiram “verificar o que se está a passar sem serem vistos”.
Os sete homens detidos serão presentes a juiz de instrução criminal que determinará as medidas de coação a aplicar.
A investigação em curso, que tem o apoio do Maritime Analysis and Operations Centre (MAOC-N), agência internacional de combate ao tráfico de droga com sede em Lisboa; da Drugs Enforcement Administration dos Estados Unidos e da National Crime Agency do Reino Unido, iniciou-se na sequência de troca de informações com a Polícia Federal do Brasil.