Da Redação com Lusa
Neste dia 24, a Polícia Judiciária (PJ) efetuou cerca 100 buscas na Madeira, nos Açores e em várias regiões de Portugal por suspeita de crimes de corrupção, participação econômica em negócios, entre outros, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
A mesma fonte indicou que as buscas na Madeira estão a decorrer “em várias áreas do Governo da Madeira e empresas”, tendo já a Câmara Municipal do Funchal confirmado as buscas da PJ.
Entre os crimes que estão na base desta investigação dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público estão suspeitas de corrupção, participação econômica em negócio, prevaricação, abuso do poder, entre outros.
A mesma fonte adiantou que as buscas que decorrem em várias regiões do continente são essencialmente em empresas.
Questionada sobre se já há detidos nesta operação, a mesma fonte indicou que “ainda não”.
Num comunicado divulgado hoje de manhã, a Câmara Municipal do Funchal confirmou as buscas, sem adiantar mais pormenores.
“A Câmara Municipal do Funchal informa que um grupo de inspetores da Polícia Judiciária deu entrada esta manhã nas instalações do edifício dos Paços do Concelho, para a realização de buscas”, lê-se no comunicado divulgado pela autarquia (PSD/CDS-PP).
No documento, o município, presidido pelo social-democrata Pedro Calado, acrescenta que “está a colaborar na investigação em curso e a prestar toda a informação solicitada, num espírito de boa cooperação”.
Segundo avançou a RTP, o presidente da Câmara do Funchal e o empresário Avelino Farinha receberam ordem de prisão. De acordo com a mesma fonte, Miguel Albuquerque está a ser investigado enquanto presidente do Governo regional e Pedro Calado enquanto autarca. Ambos terão favorecido o grupo AFA, uma empresa de construções, que terá ganho praticamente todos os concursos na Madeira.
Grave
O PS/Madeira expressou hoje “grande preocupação” pelas buscas policiais em curso que visam o Governo Regional e a Câmara do Funchal, considerando que “assumem particular gravidade”.
“As suspeitas levantadas assumem particular gravidade, pelo que a Madeira e os madeirenses exigem um cabal esclarecimento da verdade”, afirma o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, citado numa nota enviada pelo partido.
O líder dos socialistas madeirenses indica ainda que aguarda “o decurso da investigação”, confiante de que “a justiça apurará a verdade dos fatos”.
“É com grande preocupação que assistimos às buscas em curso que visam o presidente do Governo Regional e o presidente da Câmara Municipal do Funchal”, lê-se na mesma nota.
O presidente do executivo madeirense (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque (PSD), acompanhou as buscas à sua residência, constatou a Lusa no local, e cancelou a agenda pública.
A Lusa constatou ainda que o líder do Governo Regional saiu pelas 12:00 da sua residência e dirigiu-se para a Presidência do Governo Regional, na Quinta Vigia, no Funchal.
Também o Partido Trabalhista Português (PTP), através da sua deputada municipal Raquel Coelho, emitiu um comunicado, argumentando que a operação da Polícia Judiciária deu razão ao partido.
“Foram precisos anos, mas o tempo veio dar-nos razão”, diz Raquel Coelho, alegando que os casos agora investigados remontam a 2017, altura em que os deputados do PTP na Assembleia Legislativa da Madeira “tinham denunciado e pedido uma investigação do Ministério Público” sobre o assunto, mas que “nada foi feito”.
O partido ADN (Alternativa Democrática Nacional), também em comunicado, defendeu que perante este cenário, e no “âmbito de suspeitas de crimes de corrupção, prevaricação e participação econômica em negócios”, os visados devem “apresentar demissão imediata e convocar eleições antecipadas”.
O coordenador da ADN no arquipélago, Miguel Pita, reitera que “este problema de corrupção na política, como se pode ver, é transversal a todo o território nacional e não apenas à Região Autónoma da Madeira” e considera que, “perante os indícios, o Governo não tem mais condições para se manter”
“Alguém acredita que os únicos suspeitos serão Miguel Albuquerque e Pedro Calado”, lê-se ainda na mesma nota.