[Atualizado 15h]
Da Redação com Lusa
Neste dia 12, a Polícia Judiciária (PJ) fez buscas na casa do ex-presidente do PSD Rui Rio, no Porto, e na sede nacional do partido, em Lisboa, por suspeitas de peculato e abuso de poder.
A informação foi confirmada à Lusa por fonte policial após ser avançada pela CNN, que adiantou que as buscas se estendem ainda a outros dirigentes e funcionários do PSD.
Segundo a estação televisiva, está em causa um alegado uso indevido de dinheiros públicos na anterior gestão do partido, através de verbas da Assembleia da República definidas para a assessoria dos grupos parlamentares e que seriam utilizadas para pagar funcionários do partido que não trabalhariam no parlamento.
Em comunicado, o PSD assegurou hoje que “prestará toda a colaboração” com a justiça e informa que, segundo as autoridades, a investigação abrange o período de 2018 a 2021, anos em que Rui Rio era presidente do partido.
“Segundo a informação das autoridades, a investigação em curso visa fatos que remontam ao período de 2018 a 2021. O PSD prestará toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciais”, conclui a nota.
Rui Rio foi presidente do PSD entre fevereiro de 2018 e julho de 2022, tendo acumulado com a presidência do grupo parlamentar entre novembro de 2019 e setembro de 2020.
Depois de notícias na revista Sábado, que noticiava o processo constituído a partir de denúncias internas do PSD, em julho de 2020 a associação cívica Transparência e Integridade pediu explicações ao conselho de administração da Assembleia da República sobre possíveis casos de funcionários pagos pelo parlamento que prestam serviço nas sedes dos partidos.
A Transparência e Integridade pediu dados sobre o número total de funcionários de apoio aos grupos parlamentares, aos deputados únicos e não inscritos, quantos deles prestam funções fora do parlamento, “por exemplo destacados nas sedes partidárias”, e que mecanismos de controlo tem a Assembleia da República sobre o local de trabalho dos funcionários, bem como dados relacionados com estas possíveis circunstâncias laborais.
“Há demasiados anos o parlamento convive em silêncio com suspeitas e denúncias de que funcionários que são pagos para apoiar o trabalho da Assembleia acabam desviados pelos partidos para fazerem trabalho estritamente partidário, nas suas sedes, sem qualquer ligação com as funções do Parlamento”, denunciava esta associação.
Imagem
Rui Rio considerou hoje que o objetivo das buscas domiciliárias de que foi alvo é afetar a sua imagem, afirmando que os pagamentos em causa “não são ilícitos” e acontecem em todos os partidos.
“Comigo estou tranquilo, não estou tranquilo é com o pais. Já não tenho uma esperança muito grande no país, mas quando vejo estas coisas fico com menos esperança”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, dentro do carro, ao chegar à sua residência no Porto.
Rui Rio desvalorizou estas suspeitas, considerando que são apenas para “produzir uma notícia” e disse nem perceber do que a PJ andou à procura, confirmando que não foi constituído arguido.
“Os pagamentos não são ilícitos, isto são os partidos todos, porque é que o PSD? Se alguma coisa aconteceu no meu tempo foi uma reforma no sentido de moralizar ao máximo tudo isto, que n é que estivesse mal, mas moralizar, pôr direito”, afirmou.
Questionado se estas notícias afetarão a sua imagem, Rio respondeu: “Isso é o que querem, tudo isto é para afetar a minha a imagem, se afeta ou não, não sei, tenho 30 anos de vida pública, as pessoas já me conhecem”.
“Eu estou fora da política, não conto voltar à política, estou farto da política, mas às vezes… Eu tinha um amigo que era o dr. Miguel Veiga que dizia: ‘Piquem-no, piquem-no, que ele funciona bem é picado’. Eu estou tão sossegado, para que é que me vêm picar?”, disse.
Rui Rio disse não ter falado com a direção atual do PSD, até porque nem tem telemóvel, que foi apreendido durante as buscas.