Polícia faz buscas em autarquias e instalações partidárias pelo país

Mundo Lusíada
Com Lusa

A Polícia Judiciária (PJ) realizou neste dia 27 cerca de 70 buscas, incluindo a autarquias, sociedades e instalações partidárias, no continente e no arquipélago dos Açores, segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), estando em causa crimes econômicos, como corrupção.

No âmbito deste inquérito investigam-se crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação econômica em negócio e financiamento proibido.

“Segundo os fortes indícios recolhidos apurou-se, no essencial, que um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido político [desenvolveu] influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas”, refere a PGDL.

A PGDL acrescenta que foram realizadas cerca de 70 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a escritórios de advogados, autarquias, sociedades e instalações partidárias, em diversas zonas de Portugal continental e nos Açores.

As buscas foram acompanhadas por três juízes de instrução, 12 magistrados do Ministério Público, peritos informáticos e financeiros e inspetores da Polícia Judiciária “em número que ascende a cerca de 200”.

Estas operações de buscas foram efetuadas com a colaboração da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.

Algumas ocorreram na concelhia de Lisboa do PS, na distrital de Lisboa do PSD e em três juntas de freguesia da capital, confirmaram hoje de manhã à agência Lusa fontes partidárias.

Fonte oficial do PS confirmou que a PJ e o Ministério Público se deslocaram esta manhã à sede do partido e à concelhia de Lisboa. “O PS colaborou em tudo o que lhe foi solicitado pelas autoridades”, referiu fonte oficial dos socialistas.

Fonte do PSD disse à Lusa que estão a ser realizadas buscas na distrital de Lisboa e nas juntas de freguesia de Santo António, Estrela e Areeiro.

Segundo a mesma fonte, estão em investigação alegados “favorecimentos a militantes” do partido, “através de ajustes diretos”, para a contratação de pessoal e a adjudicação de serviços a empresas ligadas ou controladas por dirigentes políticos.

Também no dia 26, foi alvo de buscas no Porto a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) no âmbito de investigações “sobre um processo de concessão de incentivos”. “A AICEP Portugal Global informa que esta terça-feira, dia 26 de junho, estiveram nas instalações do Porto as autoridades competentes, no âmbito de uma investigação sobre um processo específico de concessão de incentivos em que a AICEP interveio como organismo intermédio”, lê-se no comunicado emitido.

Segundo a RTP, em causa estará “um alegado esquema de corrupção para obtenção de subsídios atribuídos pela agência a duas empresas de gesso laminado da Marinha Grande e de Sines, onde a Polícia Judiciária também já esteve”, tendo sido “recolhidas várias provas documentais” nas buscas efetuadas.

Sem medo

Nesta quarta-feira, a direção do PSD já se manifestou dizendo que “não tem medo” de qualquer investigação “doa a quem doer”. Em conferência de imprensa na sede do PSD, em Lisboa, José Silvano frisou que a investigação que está a decorrer incide “sobre fatos anteriores à eleição deste líder e desta direção”.

“Quando assumimos a direção do partido, Rui Rio e eu próprio assumimos publicamente estes princípios: não tínhamos medo de nada de ninguém, o mandato para que fomos eleitos teria como foco principal o combate à corrupção, compadrios e falta de transparência na vida política e nunca colocaríamos quaisquer obstáculos à procura da verdade, doesse a quem doesse”, sublinhou o secretário-geral do PSD.

Por essa razão, hoje quando foi “surpreendido” com um mandado de busca na sede nacional do PSD – onde estão consolidadas as contas de todas as estruturas do partido – o partido disponibilizou “todos os documentos pedidos e espaços para consulta sem quaisquer restrições”.

O secretário-geral salientou ainda desconhecer quem são os eventuais acusados no âmbito desta investigação ou que crimes lhes estarão imputados porque a informação está em segredo de justiça. Por essa razão, recusou comentar o alegado envolvimento de nomes como Carlos Eduardo Reis, conselheiro nacional do PSD, citado por alguns meios de comunicação.

Segundo o portal Observador, a Operação Tutti Frutti investiga financiamento partidário ilícito do PSD, apontando os social-democratas Luís Newton (presidente da Junta de Estrela) e Carlos Reis (ex-líder da JSD de Braga e conselheiro nacional do PSD) os visados pela investigação.

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