Da Redação
Com Lusa
Pelo menos duas esquadras da PSP estão fechadas e há agentes “a trabalhar 24 horas” devido à “falta de efetivos”, que se agravou com a greve dos motoristas, denunciou a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.
“Há esquadras encerradas. Já houve antes da greve, devido a outras iniciativas, e agora continua, pelo menos em Ermesinde, no Porto, e em Alhandra. A continuarmos [com a greve dos motoristas] vai haver mais, porque o efetivo não estica. Há uma sobrecarga preocupante. Consegue-se ir aguentando, mas não dá para aguentar sempre. O ritmo imposto [devido à paralisação dos motoristas e aos serviços exigidos à PSP] não dá para muitos dias”, explicou à Lusa Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP).
O responsável pediu ao Governo para “encontrar uma solução” para o problema, que vai piorar com o prolongamento da greve que está hoje no quarto dia, devido à “falta de efetivos” na PSP e à necessidade de “retirar elementos de outros locais e serviços” para acorrer a serviços relacionados com a paralisação.
Os motoristas de transportes de matérias perigosas e de mercadorias cumprem agora o quarto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
Desculpas aos portugueses
O porta-voz do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, disse que a greve só se mantém porque a Antram recusa negociar e desafiou os patrões a pedirem desculpa aos portugueses.
“Acho que [os portugueses] merecem um pedido de desculpas e acho que a Antram [associação de empresas] já devia ter tido a decência de pedir desculpa a estas pessoas”, afirmou Pedro Pardal Henriques, em Aveiras de Cima.
Para o porta-voz do SNMMP, “a greve só se mantém porque não querem [a associação patronal] negociar” com o sindicato.
Pedro Pardal Henriques refutou qualquer intenção de o sindicato desconvocar a greve e voltou a desafiar a Antram a sentar-se à mesa das negociações e a comparecer a uma reunião na Direção-Geral do Emprego e Relações de Trabalho (DGERT), onde o sindicato irá comparecer às 15:00 de hoje.
Questionado pelos jornalistas, o advogado voltou a defender que a investigação de que é alvo não fragiliza a luta dos motoristas e avança a hipótese de se tratar de “uma campanha para desviar atenções” da greve.
Referindo uma troca de emails com o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), em que alega não lhe ter sido confirmada a existência de um inquérito, Pedro Pardal Henriques disse que “ou o DIAP me estava a mentir, ou a Procuradoria Geral da República agora está a mentir ou os órgãos de comunicação social estão a mentir”.
Ou, acrescentou, “existe uma quarta hipótese: existe uma campanha montada para tentar afastar o essencial e tentar desviar a atenção das pessoas para outras coisas que não têm nada a ver com estes motoristas”.
Pedro Pardal Henriques e Francisco São Bento, presidente do sindicato, reuniram-se nesta quinta-feira com motoristas, em Aveiras de Cima, para “definir novas estratégias” para o protesto.
Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem o quarto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.