Polêmica estátua de Caramuru removida do centro histórico de Viana

Da Redação
Com Lusa

A polêmica estátua de homenagem ao navegador Caramuru vai ser transferida da principal praça de Viana do Castelo para a praia Norte, dez anos depois de ter sido inaugurada.

A obra de arte da autoria de José Rodrigues vai ser removida, “em breve”, da Praça da República, em pleno centro histórico da capital do Alto Minho, e instalada na Praia Norte, “a sul da recente intervenção de valorização desta frente marítima, pontuando um espaço verde” segundo a autarquia.

“Será localizada ao centro de um espelho de água atualmente em construção, um projeto da autoria da arquiteta Maria João Patronilho e desenvolvido no âmbito da empreitada de requalificação daquele espaço, a cargo da sociedade Polis Litoral Norte, orçada em 2,4 milhões de euros”, referiu.

Em causa está a estátua de Caramuru, ou Diogo Alvares Correia, natural de Viana do Castelo e historicamente apelidado de “destemido navegador”, que naufragou no Brasil em 1508 e passou a vida entre os indígenas da costa brasileira, em especial na Bahia, facilitando o contato dos primeiros europeus com os povos nativos.

O monumento foi inaugurado na Praça da República, ponto central da cidade, em dezembro de 2008, pelo ex-autarca Defensor Moura, antecessor do atual presidente da Câmara, José Maria Costa, na altura vereador da maioria socialista.

Com cinco metros de altura e três de largura, o navegador e a sua companheira indígena, Paraguaçu, surgem em trajes reduzidos, perante as críticas de moradores, já por já vários anos, face à dimensão e ao enquadramento arquitetônico.

A instalação do monumento aconteceu no âmbito das comemorações dos 750 anos do foral de Viana do Castelo.

A fonte autárquica destacou que “a Praça da República vai retomar, em breve, a sua traça original”, mas não especificou o prazo nem o investimento estimado para a relocalização da escultura.

“A intervenção urbanística na Praça da República foi realizada em 1985 pelo arquiteto Viana de Lima, um dos mais representativos arquitetos modernistas portugueses e que veio dar à sala de visitas de Viana do Castelo uma grande nobreza, realçando através da sua intervenção discreta os edifícios de elevado valor patrimonial que a ladeiam”, sustentou.

A “obra de arte do mestre José Rodrigues, em bronze fundido, foi colocada em frente ao museu do Traje, na passagem de ano de 2008”.

A remoção da estátua de homenagem ao navegador da principal praça da cidade é reclamada há anos, pela população e pelos partidos da oposição na autarquia.

A relocalização foi uma das promessas eleitorais do PSD, que, nas mais recentes autárquicas, elegeu dois vereadores, Hermenegildo Costa e Ana Paula Veiga.

No anterior mandato, a bancada social-democrata liderada por Eduardo Teixeira formalizou uma proposta para a remoção da estátua que foi chumbada pela maioria socialista liderada por José Maria Costa.

“Numa praça cujo desenho se deve ao grande arquiteto Viana de Lima, tal obra reveste-se de uma intromissão que sob o ponto de vista estético e funcional nos parece desadequado”, argumentava o PSD.

Na proposta, os três vereadores que compunham a bancada do PSD consideravam que a atual localização da estátua é “desadequada”, por “não aguentar o objeto escultórico […] pela sua impressionante imponência, pelo seu caráter monumental e artístico, pelo seu desenho e espaço formal e espacial”.

Por isso, propunham a sua remoção “para um sítio mais adequado, junto à frente marítima, com vista para o Oceano Atlântico”.

Antes, em 2010, a maioria socialista chumbou a remoção da escultura, proposta pelo então vereador do CDS-PP, Aristides Sousa, por razões de estética e arquitetônicas.

A proposta mereceu os votos contra da maioria socialista e dos vereadores do PSD, tendo o único voto a favor sido assinado pelo proponente. Na altura, José Maria Costa alegou que as prioridades do concelho eram outras, como a economia e a educação.

O PSD, pela voz de Carvalho Martins, justificou então o chumbo com a conjuntura econômica desfavorável, mas sublinhou que também não concordava com a localização da estátua, remetendo a sua deslocalização para um período de “maior fartura”.

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