Da Redação com Lusa
A poetisa brasileira Adélia Prado venceu o Prêmio Camões 2024, anunciou hoje o Ministério português da Cultura, com o júri a considerar que Prado é “há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”.
Adélia Prado, nascida em Minas Gerais em 1935, “é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética”, justificou o júri, que lhe atribuiu o Prêmio Camões por maioria.
A escritora, que completa 89 anos em dezembro, formou-se em Filosofia, foi professora e estreou-se em 1976, já com 40 anos, com o livro de poesia “Bagagem”, apadrinhada por Carlos Drummond de Andrade.
Aliás, foi Carlos Drummond de Andrade que enviou os primeiros poemas de Adélia Prado para publicação na Editora Imago, tendo escrito: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…”, como o júri do Prêmio Camões hoje recordou.
Adélia Prado é autora, entre outros, de “O Coração Disparado”, distinguido com o Prêmio Jabuti de Literatura, e “Terra de Santa Cruz”, e das obras de prosa “Solte os Cachorros” e “Cacos para um Vitral”, além do livro para a infância “Quando eu era pequena”.
Em 2014, foi condecorada pelo Governo brasileiro com a Ordem do Mérito Cultural.
Em 2016, saiu em Portugal “Tudo que existe louvará”, uma antologia de poesia organizada e prefaciada por José Tolentino Mendonça e Miguel Cabedo e Vasconcelos.
Esta é a 36.ª edição do Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988 e que é considerado o prêmio de maior prestígio da língua portuguesa.
A intenção do prêmio é homenagear um autor ou autora “que, pela sua obra, tenha contribuído para o engrandecimento e projeção da literatura em português”, refere o protocolo.
O júri desta edição do Prêmio Camões foi constituído pelos professores universitários Clara Rocha (Portugal), Isabel Cristina Mateus (Portugal), Francisco Noa (Moçambique), Cleber Ribas de Almeida (Brasil), Deonísio da Silva (Brasil) e Dionísio Bahule (Moçambique).
O Prêmio Camões, que em 2023 distinguiu o escritor e tradutor português João Barrento, tem o valor monetário de 100.000 euros.