Da Redação
Com Lusa
O Governo português pretende alargar a iniciativa Plataforma Global para Estudantes Sírios a estudantes de outros países, como o Iraque, o Iémen e a Líbia, e alargar a cooperação com instituições de ensino da Liga Árabe, anunciou o primeiro-ministro.
Na sua intervenção na sessão plenária da Cimeira União Europeia-Liga Árabe, António Costa dedicou parte do seu discurso às migrações, um desafio que, nas suas palavras, os dois blocos têm de enfrentar em conjunto, construindo “canais de cooperação” que beneficiem diretamente os cidadãos, “em especial os jovens”, reforçando “o intercâmbio universitário, promovendo novas qualificações e oportunidades e encorajando os contatos ao nível das sociedades civis”.
“Um exemplo concreto é a Plataforma Global para Estudantes Sírios, iniciativa do antigo Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio. Esta iniciativa, que permitiu já acolher em Portugal centenas de estudantes sírios, visa dar-lhes uma oportunidade de completarem os seus estudos universitários, habilitando-as a contribuírem para o futuro do seu país”, disse, antes de anunciar que Portugal quer estender o alcance daquela iniciativa.
“Através do Rapid Response Mechanism for Higher Education in Emergencies, pretendemos agora alargá-la a estudantes de outros países, como o Iraque, o Iêmen e a Líbia, e alargar a cooperação com instituições de ensino de outros países da Europa e desta região”, completou, apelando “a todos os países para colaborarem ativamente nesta iniciativa, de que a Liga Árabe é membro fundador”.
Perante os líderes europeus e árabes, reunidos pela primeira vez em formato de cimeira em Sharm el-Sheikh, no Egito, António Costa acentuou que o sucesso da Plataforma Global para Estudantes Sírios levou o Governo a decidir facilitar a todos os estudantes estrangeiros em situação de emergência por razões humanitárias o acesso ao ensino superior, em condições semelhantes às dos estudantes portugueses.
Lembrando que Portugal é o sexto país da UE que mais refugiados acolheu ao abrigo do Programa de Recolocação, na sua maioria sírios, iraquianos e eritreus, o primeiro-ministro enalteceu ainda a solidariedade portuguesa com “todos os países de acolhimento na partilha dessa responsabilidade” e o trabalho que o seu Governo tem realizado “com outros países europeus e árabes para fazer face à situação dramática vivida pelos refugiados e aliviar os países da linha de frente em ambas as margens do Mediterrâneo”.
“Como país próximo do Mediterrâneo, com profundas ligações históricas e culturais ao mundo árabe, Portugal atribui um significado muito especial a esta cimeira. O propósito que nos move é claro: acreditamos que é necessário recriar em torno do Mediterrâneo um espaço de prosperidade partilhada. Recuperar o tempo em que o Mediterrâneo não era uma barreira a separar dois mundos, mas o ponto de encontro, de trocas e de convivência entre diferentes povos. Pela nossa parte, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para o conseguir”, comprometeu-se.
Nesse sentido, António Costa destacou o reforço das relações com os “vizinhos do Magrebe”, com quem Portugal tem “cimeiras regulares de alto nível”, e a promoção da “convivência pacífica entre os povos e o diálogo intercultural e inter-religioso, evitando lógicas de oposição entre civilizações”
Diante dos seus parceiros europeus e dos líderes da Liga Árabe, o chefe do Governo quis ainda evidenciar os valores universais pelos quais Portugal pugna, nomeadamente “o respeito pelos direitos humanos, dos homens e das mulheres, o direito a uma vida digna, à segurança, ao trabalho e à participação política”.