O primeiro-ministro António Costa descerra a placa de inauguração da Escola Superior de Saúde da UTAD no âmbito do Roteiro da Inovação, em Vila Real, 16 de fevereiro de 2018. JOSÉ COELHO/LUSA
Da Redação
Com Lusa
O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que “o grande potencial de crescimento não está nas zonas mais desenvolvidas”, mas nas zonas de fronteira que o país “desvalorizou irracionalmente ao longo de décadas e décadas”.
O chefe do Governo considerou que “um dos maiores erros que o país cometeu ao longo dos anos foi olhar para as regiões de fronteira designando-as de interior” e aproveitou o caso de Bragança, que terá uma estação do comboio de alta velocidade espanhol a 30 quilômetros, para questionar o conceito de centralidade.
“Quando Bragança está a 30 quilômetros do TGV espanhol e Lisboa está a mais de 400 quilômetros do TGV, nós perguntamo-nos : mas quem é que tem a posição mais central?”, enfatizou.
Em Bragança, o primeiro-ministro desafiou a um olhar a partir da região com “o Porto a uma hora e meia, Castela e Leão com 2,4 milhões de habitantes, a Galiza com 2,7 milhões de habitantes, o que significa que, à mão de semear, Bragança tem à sua volta, num raio de 150/200 quilômetros, cinco milhões de habitantes do lado de lá da fronteira”.
“Isto dá uma centralidade absolutamente extraordinária a esta região”, vincou.
António Costa reiterou que Portugal tem de se virar para o mercado ibérico de 60 milhões de habitantes e questionou-se como é que há empresas junto à fronteira que “exportam para os sítios mais diversos do mundo e não exportam para 100 quilômetros de distância”.
“Esta é a grande fronteira que nós temos de conseguir abrir”, afirmou.
António Costa lembrou que “no debate em curso sobre a estratégia de Portugal pós 2020 um dos grandes objetivos para a próxima década é o desenvolvimento desta relação transfronteiriça com Espanha”.
No mesmo sentido, na última cimeira ibérica, realizada em Trás-os-Montes, os governos de Portugal e Espanha acordaram desenvolver em conjunto “um grande projeto de desenvolvimento transfronteiriço”.
Para esta estratégia, o primeiro-ministro considerou “fundamental o trabalho de aproximação entre o conhecimento e o tecido empresarial” concretizado com os novos laboratórios colaborativos que o Governo está a criar no país.
Os dois primeiros foram oficializados em Trás-os-Montes, um sobre os recursos de montanha, que fica em Bragança, e outro ligado ao vinho e à vinha, em Vila Real.
António Costa assistiu à apresentação do laboratório colaborativo, em Bragança, e ficou a conhecer projetos e empresas resultado das parecerias entre a investigação e o setor empresarial, nomeadamente que envolvem o Instituto Politécnico de Bragança e o Brigantia Ecopark, um parque de tecnologia e investigação.
Costa ouviu o presidente da Câmara de Bragança, o social-democrata Hernâni Dias, pedir um estatuto da interioridade para estes territórios, que contemple benefícios fiscais às empresas, melhoria das acessibilidades rodoviárias, apoio às produções locais e residentes.
O autarca pediu ainda que a política de distribuição dos fundos comunitários dê garantia de que o interior tem efetivamente direito àqueles que lhe pertencem e não sejam canalizados para outras regiões.
O presidente da Câmara aproveitou ainda o anúncio feito recentemente pelo Governo de até 2030 nove em cada dez portugueses terem acesso à Internet, para lembrar que nesta região de Bragança há zonas onde este serviço ainda não existe.
Vila Real
O primeiro-ministro afirmou ainda que é na inovação que está a chave do futuro do país e o motor do desenvolvimento e frisou que esta é uma estratégia que não pode ter avanços e recuos.
“Esta é a altura de, uma vez por todas, assumirmos que a inovação é mesmo o motor do nosso desenvolvimento e esta é uma estratégia que não pode ter avanços e recuos”, afirmou Costa na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) no âmbito do Roteiro da Inovação.
E o momento é o da preparação da estratégia 2030 e o de dar às famílias e ao conjunto dos agentes econômicos e instituições científicas a confiança de que este é um caminho que o país vai percorrer com “persistência e determinação”, afirmou.
A meta é, segundo António Costa, alcançar os 3% do PIB investidos na educação e desenvolvimento em 2030.
“Para que isso aconteça, é preciso que todos tenhamos a noção de que isto é mesmo para levar a sério e termos persistência para trabalhar ano a ano, continuadamente, para em 2030 alçarmos esta meta”, sustentou.
E continuou: “porque se começamos agora e daqui a três anos andamos para trás, para depois daqui a sete anos andarmos outra vez para a frente, nós não cumpriremos a meta e não podemos voltar a ter qualquer dúvida de qual é a única estratégia que o país pode ter que é mesmo acreditar que é na inovação que está a chave do futuro e para termos inovação temos que ter qualificação”.