Adega da Lusa do último dia 12, aniversário do Grupo Folclórico da Portuguesa, encerrou a participação do diretor de folclore após 17 anos
Vanessa Sene | Mundo Lusíada
Há 17 anos à frente do Grupo Folclórico da Associação Portuguesa de Desportos, José Cerqueira Pisco afirmou que deixou a direção do grupo. Algumas das razões citadas pelo diretor foram ‘desconfiança’ e ‘desvalorização’. “Cansei, esta é a palavra, de estar na Portuguesa como diretor nesta área. Há uma divergência entre a cúpula da Portuguesa e o trabalho da gente, e achei melhor me desligar”.
Grupo Folclórico da Portuguesa reunida com José Pisco, em última apresentação com seu comando, no Clube de Portugal do ABC.
A entrevista com José Pisco foi concedida durante almoço no Clube de Portugal do ABC, em 06 de novembro, última apresentação do grupo fora da Portuguesa sob o comando de José Pisco, “exatamente junto de um dos nossos patrocinadores”, afirmou se referindo a Numatur Turismo.
A razão
Cansaço, divergências, desvalorização. Estes foram os motivos citados por Pisco em entrevista ao Mundo Lusíada. “Eles só querem o grupo para retornar dinheiro, o grupo não dá dinheiro, nunca deu. Grupo folclórico não é para dar dinheiro em lugar nenhum”.
Falta reconhecimento, sobra desconfiança
“Grupo folclórico na mente de muita gente dá pouco ‘status’. Mesmo a gente correndo e representando, chegando em casa a uma da manhã, mas eles não ligam muito. E temos alguns patrícios que até se esqueceram das origens. Lá eles gostavam do folclore, quando vão assistem; fora de lá, não sei, acho que gostam de ‘rock and roll’”.
Para Pisco, há possibilidade de mudança com outra diretoria no folclore. “As vezes pode entrar uma pessoa que concorda com o que está se fazendo. Eu não concordo pela vivência de muitos anos ali dentro. Talvez eu seja o errado. (…) Eu tenho dez diretores comigo, se eu não confiar nos diretores que trabalham comigo, para que os quero? Eu não tenho que andar atrás deles, cada um tem uma função e estão fazendo. E isso acontece muito na troca de gestão”.
Um novo grupo
Está em discussão a criação de um novo grupo folclórico. Este novo, sem nenhuma ligação com a Portuguesa, já teria uma designação, apoio e participação de alguns integrantes do grupo da Portuguesa. Porém nada mais será divulgado até o ano que vem. “Não temos nada ainda, isso é algo para pensar após eu me desligar da Portuguesa” afirmou.
Componentes e futuro
Segundo o diretor, os componentes não foram convidados a saírem ou chamados para um novo projeto. “Eu tenho um vice, o Sr. Amaro, vice-Social e Cultura. Ele deve colocar alguém no meu lugar, ele vai tocar o grupo da Portuguesa. Pode sair algum componente, não sei, não vou atrás de ninguém. Eles têm liberdade, eu não fico chateado se ninguém for, não há nada disso. Eu estou com a maioria deles desde criança, conheço todos, conheço as famílias, a vivência, assim como eles conhecem a minha. Mas o grupo terá uma nova direção”.
Apesar de não ser a opinião de alguns integrantes do grupo, Pisco diz que o folclore na Portuguesa não acaba aí. “A Portuguesa deve continuar com seu folclore normal, é só o Pisco que está se desligando”, encerrou.
*Confira na íntegra no Jornal Mundo Lusíada
Não temos nada contra Pisco, comenta Manuel da Lupa
“O José Pisco exerceu uma posição do grupo folclórico da Portuguesa há muito tempo, é uma pessoa importante, foi eleito recentemente Conselheiro do Clube. Não temos absolutamente nada contra ele”. Segundo o presidente da Lusa, o folclore na Portuguesa continua, agora sob responsabilidade do Departamento Social e Cultura. “Na vida sempre tem modificações, os clubes mudam de presidente e os estados de governadores. E na Portuguesa, ele pediu demissão, e a Lusa vai indicar outra pessoa para tomar conta do grupo folclórico” declarou ao Mundo Lusíada.
Manuel da Lupa ainda disse que a portuguesa sempre estará aberta ao folclorista. “Ouvi dizer que ele vai montar seu próprio grupo folclórico, é um direito dele, não fica nem uma magoa, gosto dele, da esposa, do filho. A Portuguesa está sempre à disposição para todo mundo. Foi uma decisão dele e não nossa, eu acho que ele entendeu que era melhor assim, e a Portuguesa continua” encerrou.