Da Redação
Com Lusa
Segundo a secretária-geral do Fórum de Macau, a crise de peste suína na China pode beneficiar a produção agropecuária brasileira, reforçando as relações comerciais entre os dois países.
“A peste suína aumentou a necessidade de importação, o que pressupõe oportunidades alargadas para os países exportadores de carne de porco, como o Brasil”, disse Xu Yingzhen, em entrevista à Lusa, da China.
As importações de carne suína da China dispararam em maio, numa altura em que o gigante asiático está a ser afetado por uma peste suína que está a ter efeitos inflacionários a nível mundial.
“A expectativa é grande, até porque temos observado que a relação entre a China e o Brasil está num caminho de crescimento constante”, destacou Xu Yingzhen.
As exportações do Brasil parecem beneficiar também das tensões diplomáticas com o Canadá: Pequim bloqueou recentemente o mercado a três exportadores canadianos, numa altura de tensões com Otava devido à detenção de uma executiva da Huawei.
A carne de porco é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60% do total do consumo de proteína animal no país. Dados oficiais revelam que os consumidores chineses comem 55 milhões de quilos de carne de porco por ano.
Questionada sobre a área em que o Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) mais intervém na relação entre os dois países, Xu Yingzhen não hesitou a apontar o empreendedorismo.
“No futuro, achamos que a cooperação entre a China e o Brasil vai focar-se no âmbito do empreendedorismo e da inovação entre jovens empresários”, afirmou.
Macau é palco, desde outubro de 2017, de um centro de intercâmbio de inovação e empreendedorismo para jovens da China e dos Países de Língua Portuguesa.
Em março, onze empresas ‘startup’ de Macau realizaram um conjunto de viagens no Brasil para reforçar o intercâmbio com incubadoras locais e explorar oportunidades no mercado brasileiro.
E ainda este mês realizou-se em Macau a competição final do segundo concurso de inovação e empreendedorismo “Parafuturo de Macau”, com cinco equipas provenientes do Brasil, Portugal, Macau, Hong Kong, China e Taiwan.
“Neste âmbito [do empreendedorismo], penso que há muito espaço para explorar a cooperação entre a China e o Brasil”, frisou.
A China estabeleceu a região administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação econômica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum de Macau.
Este Fórum tem um secretariado permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e integra, além da secretária-geral, Xu Yingzhen, e de três secretários-gerais adjuntos, oito delegados dos países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).
A próxima conferência ministerial, prevista acontecer em 2019 – ano em que a região administrativa especial chinesa comemora os 20 anos da transferência de soberania e é palco de eleições para um novo chefe do Executivo – foi adiada e vai realizar-se apenas em 2020, “numa data ainda a definir”, disse.