Pelo menos 40 portugueses já deixaram a Ucrânia nos últimos dias

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, à chegada para a audição na Comissão de Assuntos Europeus na Assembleia da República, Lisboa, 17 de novembro de 2020. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, 40 cidadãos portugueses abandonaram, nos últimos dias, a Ucrânia, e Portugal tem um plano de contingência pronto.

“Neste momento, a indicação que tenho é que cerca de 40 cidadãos nacionais, portugueses ou luso-ucranianos, terão já abandonado a Ucrânia”, reforçou neste domingo.

O governante referiu que permanecem no país cerca de 200 cidadãos nacionais que, após contactados, manifestaram intenção de lá continuar.

A sua grande maioria tem dupla nacionalidade e, essa questão, faz toda a diferença porque, estando na Ucrânia, estão na sua pátria e não no estrangeiro, explicou.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscou a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscou desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da região.

Entretanto, aumentaram nos últimos dias os confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registrado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia oriental, número que constitui um recorde este ano.

Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram no domingo a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.

No dia 19, o governo português pediu aos cidadãos nacionais que se encontrem na Ucrânia, e que “não tenham uma razão premente para ficar, a que saiam do país enquanto o podem fazer pelas vias normais”.

“Atendendo ao possível agravamento da situação de segurança no país e eventual suspensão de voos comerciais, aconselhamos os cidadãos portugueses que se encontrem na Ucrânia e não tenham uma razão premente para ficar a que saiam do país enquanto o podem fazer pelas vias normais”, aconselha um aviso publicado no Portal das Comunidades Portuguesas.

Além de Portugal, outros países pediram aos seus cidadãos na Ucrânia para que deixem o país.

A lista inclui Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Espanha, Israel, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Iraque, Kuwait e Itália.

Estes apelos seguiram-se à declaração dos Estados Unidos de que a Rússia poderá invadir a Ucrânia “a qualquer momento” nos próximos dias.

Atualmente, 240 portugueses residem no país, com os quais a Embaixada e a secção consular em Kiev estão em contato permanente, segundo governo.

Governo Brasileiro

Também a embaixada do Brasil na Ucrânia aconselhou cidadãos brasileiros a abandonarem “sem demora” as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, tendo em conta o “contexto do aumento das violações de cessar-fogo” no país.

Numa mensagem no Facebook, a embaixada do Brasil em Kiev recomendou aos cidadãos brasileiros um redobrar de atenção e que evitem “as províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk”. Aos que já estão nessas regiões, apela a que saiam “sem demora”.

“Os cidadãos brasileiros na Ucrânia devem ainda estar atentos à possibilidade de novos cancelamentos ou adiamento de voos internacionais na próxima semana”, alertou a embaixada, recordando que a companhia alemã Lufthansa já anunciou a suspensão temporária de voos de Kiev e Odessa, a partir de segunda-feira.

O apelo da embaixada surge na semana em que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fez uma visita oficial à Rússia, admitindo que a viagem gerou desconforto diplomático noutros países, tendo em conta o clima de tensão por causa da Ucrânia.

“O Brasil é um país soberano, mas tivemos a informação de que alguns países queriam que a reunião não acontecesse e que algo poderia acontecer com a nossa presença aqui, mas pela leitura que tenho de Vladimir Putin, ele é uma pessoa que também busca a paz”, afirmou Bolsonaro.

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