Da Redação
Com Lusa
Em Lisboa, o ex-primeiro-ministro José Sócrates afirmou em 06 de abril que o seu Governo decidiu pedir ajuda financeira externa por prudência, devido a dificuldades de acesso aos mercados, rejeitando que Portugal estivesse à beira da bancarrota.
Três anos depois de ter comunicado ao país que tinha feito um pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, José Sócrates falou dessa decisão no seu espaço de comentário semanal na RTP 1.
“O risco era tão grande que nós resolvemos, por razões de prudência, para que Portugal não passasse por um momento em que não consegue ir ao mercado, pedir ajuda. Foi isso que nos determinou o pedido de ajuda”, afirmou o anterior chefe do executivo, referindo que para junho de 2011 estava prevista uma amortização de dívida pública.
José Sócrates contrariou a afirmação do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, de que o Estado português dispunha apenas de 300 milhões de euros em caixa quando pediu ajuda externa, contrapondo que essa era a previsão para o final de março, depois de pagos salários e pensões, mas não se verificou, tendo acabado por sobrar 800 milhões de euros.
“No fundo, o doutor Durão Barroso o que pretende é acompanhar essa história que a direita conta aqui em Portugal segundo a qual o país e o Estado estavam à beira da bancarrota, porque já não tinha dinheiro nem para salários nem para pensões. Ora, isso é apenas uma mentira. Não só o Estado tinha dinheiro para pensões e para salários, porque o que motivou o nosso pedido de ajuda externa foi o facto de não termos conseguido ir ao mercado para fazer a renegociação da dívida, como fazem todos os países”, acrescentou.
O ex-primeiro-ministro insistiu na ideia de que a “degradação” da notação da dívida pública portuguesa e dos bancos nacionais aconteceu “depois do chumbo do PEC IV” pela oposição, provocando uma “dificuldade crescente no acesso aos mercados”.
“Tudo isto podia ter sido evitado se tivéssemos aprovado o PEC IV, porque foram as consequências do chumbo do PEC IV que levaram à degradação da situação no acesso aos mercados – não na capacidade para pagarmos os nossos vencimentos ou as nossas pensões”, sustentou o socialista.
Contrariando mais uma vez Durão Barroso, José Sócrates argumentou: “Basta considerarmos aquilo que era o nosso IRC mais o nosso IRS para se perceber que esses dois impostos bastavam para pagar não só os salários de todo o Estado como de todos os fundos e serviços autónomos, de toda a administração central”.