Passos Coelho visita comunidade no Brasil em busca de apoio do maior colégio eleitoral fora de Portugal

Por Odair Sene
Passos Coelho em São Paulo. Foto Odair Sene - Mundo Lusiada
Passos Coelho em São Paulo. Foto Odair Sene – Mundo Lusiada

O presidente do PSD (Partido Social Democrata), ex primeiro ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho esteve no Brasil entre 17 e 19 de junho, em encontros em São Paulo, Baixada Santista e Rio de Janeiro.

Em São Paulo aconteceu um jantar organizado pela Secção SP no Clube Português, dia 17 e contou com companheiros de partido, simpatizantes e convidados, além dos deputados José Cesário, do Carlos Páscoa, e do secretário geral do partido José Manuel de Matos Rosa. Manuel Magno Alves, presidente da Secção São Paulo recepcionou os convidados e fez um discurso crítico ao governo atual.
Antes ainda do jantar, na chegada de Passos Coelho, os organizadores prepararam uma coletiva para que o mandatário do PSD falasse com vários veículos da comunicação social presentes ao evento.
Ele fez muitas referências às condições econômicas que Portugal vive hoje, falou das dificuldades e muito sobre a confiança que se pode depositar no país. “Temos a ambição de aumentar as nossas possibilidades de crescimento, mas precisamos de parceiros. Quando uma empresa não tem dinheiro para fazer investimentos, ela procura um sócio. No caso de Portugal, queremos sócios que acreditem na capacidade que temos para fazer dinheiro”, disse.
Representatividade política em São Paulo
Há ciência pelos partidos de que o Brasil concentra uma parte importante do eleitorado de fora de Portugal, estima-se ser o maior colégio eleitoral no estrangeiro, porém com pouca assiduidade, com interesse quase inexistente, menos de 10% dos inscritos se preocupam em oferecer o voto a algum candidato.
Segundo o presidente do PSD, o partido tem mantido contato “muito próximo” com este eleitorado. “E eu espero que nossa boa organização aqui possa contribuir para uma melhor aproximação e que as pessoas tenham uma identificação maior com o PSD”, disse ele que espera melhoras: “As eleições não se preparam apenas durante as campanhas, mas sim durante todo um período anterior às eleições. Isso significa fazer um trabalho com as associações, também nas relações diretas com as pessoas, é fundamental mantê-las ligadas no dia-a-dia àquilo que se passa em Portugal e manter-nos também informados sobre os problemas pelo que passam em suas comunidades. Portanto valorizar esta participação, aumentar esta participação de portugueses no recenseamento e na votação, isso não temos que fazer somente quando estamos no governo, temos que fazer também quando estamos na oposição, e isto foi em grande parte, o que conduziu a minha vinda aqui, para fazer esses contatos com as comunidades”, disse ele.
Abertura para investimento externo
Com muito destaque para a política econômica atual do país e estando fora de Portugal, em contato com a comunicação social diretamente ligada à comunidade, o assunto do investimento externo não poderia faltar, como sendo uma questão primordial sempre a ser muito bem cuidada pelo governo português. “Nós em Portugal precisamos muito deste investimento externo, é importante não só internacionalizar mais a economia portuguesa, levar mais empresas portuguesas para o exterior, utilizando inclusive a rede da diáspora que temos em todo o mundo, e cada vez mais precisamos usar melhor nossa diplomacia econômica, não só pela diáspora conhecer bem os mercados onde estão integrados, mas porque podem também valorizar nesses mercados o que é português. Mas precisamos muito também levar o investimento externo para Portugal. Infelizmente nos últimos anos nós acumulamos muitas dívidas e vai demorar muitos anos a pagar, mas é muito importante para gerar confiança que não haja nenhuma dúvida do nosso interesse em saldar esses compromissos, mas isso nos deixa com menos dinheiro para investir no futuro, portanto precisamos atrair pessoas [investimento externo] que acreditem no que estamos a fazer e nos resultados que somos capazes de gerar para o futuro e os investimentos externos só chega em Portugal se acreditarem no que está a passar lá”, disse ele lamentando que hoje com o novo governo, muita gente desconfia do governo e está na expectativa de ver o que se vai passar no país. “Está muito nas mãos do atual governo para reverter essa expectativa, vai depender das escolhas que forem feitas. Mas acima de tudo, e essa é uma mensagem que trarei aqui, seja qual for o resultado dessa escolha política, o país mudou muito, é muito moderno e vale muito a pena investir, mesmo que o governo atual esteja a reverter algumas reformas importantes que foram feitas, e possa não ter sensibilidade para conduzir outras reformas importantes e só um país muito determinado vai conseguir ultrapassar as dificuldades muito sérias que tivemos. Apesar de que hoje o governo anda a desfazer o que foi feito no passado, este país que não se rende, que quer progredir, atrair confiança, está lá, muito moderno, com sistemas internos muito desenvolvidos, capacidades para gerar muitos negócios competitivos, este país está lá, e se este governo que agora governa o país não compreender bem isso, é o governo que fica para trás não é o país. E é isso que lá se passa e deve ser conhecido, desde logo pelas comunidades, mas também pelo resto do mundo”.
Visita do presidente fortalece o partido
O advogado Manuel Magno, presidente do PSD em São Paulo, disse ao Mundo Lusíada que a visita do presidente do partido vem com objetivo muito claro de “fortalecer” o PSD em São Paulo. “Ele vem primeiro para nos honrar, porque um ex primeiro ministro e agora presidente do Partido Social Democrata, eu acho que a vinda dele nos fortalece porque nós somos hoje o maior colégio eleitoral fora da Europa, e isso tem uma importância fundamental e nós temos números importantíssimos para as eleições que vão ocorrer”, disse.
Logo_Galeria-de-ImagensSobre a possibilidade de maior interesse dos partidos em fazer uma campanha objetiva no Brasil, para que os inscritos nos Consulados tenham interesse nas eleições, Manuel Magno foi taxativo na defesa dessa necessidade. “Uma campanha deveria ser feita porque nós temos este problema em nossa comunidade neste sentido, porque a comunidade cobra muito, mas na hora de participar (mesmo não sendo obrigatório é um dever cívico) e o cidadão acaba não participando exatamente do futuro de Portugal, falta um pouco de interesse, mas penso que, com um trabalho bem feito em cima da comunidade, agente vai reverter isso”, disse.

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