Da Redação
Com Lusa
O líder do PSD afirmou que “Portugal é um grande país” pela transformação conseguida nas últimas quatro décadas, mas advertiu para os perigos de um regresso ao passado, em que esteve três vezes à beira da bancarrota.
“Aquilo que me parece é que, aos poucos, à medida que vamos voltando à normalidade, conduzidos pela solução política que lidera, ou que apoia o atual governo, vamos regressando às más práticas, aos maus hábitos, aos vícios que estiveram na origem dos erros que nos levaram aonde ninguém desejaria que se tivesse chegado”, disse Pedro Passos Coelho no 43.º aniversário da JSD, em Azeitão, no concelho de Setúbal.
“Depois de termos vencido os problemas financeiros que tivemos – quando nos despedimos da ‘troika’ em 2014 -, depois de termos conseguido sair do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o que só aconteceu este ano (…) conseguimos, por essa razão também, ter a economia a crescer. Só falta mesmo retirar a nossa dívida do lixo”, acrescentou Pedro Passos Coelho.
Convicto de que o país tem razões para estar satisfeito pelo sucesso alcançado nos últimos anos, porque “deixou de estar à beira do precipício”, Passos Coelho alertou para eventuais perigos da “normalidade” da atual governação, tal como aconteceu com o governo de José Sócrates, que desvalorizava todos os alertas para os problemas que culminaram com mais um pedido de resgate, o terceiro de Portugal.
“Foi um ambiente de normalidade que nos conduziu ao precipício durante uns anos. Era uma normalidade que escondia as nossas fragilidades, as nossas vulnerabilidades e às vezes até acrescentava problemas àqueles que tínhamos”, disse o líder social-democrata.
Referindo-se ao furto de armamento em Tancos, Pedro Passos Coelho defendeu a necessidade de uma “reforma do Estado” para garantir a melhoria de áreas nucleares como a “segurança, a defesa e a justiça, para dar tranquilidade e confiança aos cidadãos”.
Sobre a atuação do governo, antes e depois da tragédia provocada pelos incêndios em Pedrógão Grande, Pedro Passos Coelho também foi bastante crítico sobre a capacidade de resposta do executivo governamental.
“Se não tivesse sido a solidariedade da sociedade civil, as instituições da sociedade, ainda hoje havia carências muito graves para suprir, porque o Estado não esteve onde era preciso, quando era preciso”, disse, lamentando também que o governo ainda não tivesse aprovado um mecanismo para garantir o pagamento de indemnizações às vítimas.
“Não era preciso esperar mais tempo para que se criasse um mecanismo para indemnizar as vítimas. De certa maneira sugeri isso ao primeiro-ministro há quase quinze dias no Parlamento. O governo tem tempo para desfilar em Pedrogão Grande, mas não tem tempo para aprovar uma disposição que ofereça às famílias a garantia de que vão ser indemnizadas prontamente. Era isso que se esperava da ação do governo, mas é isso que a oposição ainda vai fazendo, porque o governo não o faz”, disse.
Num discurso de 40 minutos, em que apelou aos jovens social-democratas para que se empenhem na construção de um futuro melhor para os portugueses e para o país, Pedro Passos Coelho disse ainda que ficará envergonhado se os magistrados portugueses decidirem manter a greve já anunciada, lembrando que, para um partido da oposição, até seria muito mais fácil vir dizer o contrário.
“Era hoje muito fácil vir aqui dizer, por exemplo, que os magistrados estão cheios de razão e que o governo lhes devia fazer a vontade (…) mas o que aqui quero dizer é que terei vergonha no dia em que os magistrados deste país façam greve, porque quem está ligado a órgãos de soberania não pode fazer greve. Nem os membros do governo, nem os deputados nem os magistrados”, concluiu.