Partidos comentam mensagem do Presidente: Portugal precisa “virar a página”

Mundo Lusíada com Lusa

Neste 01 de janeiro, o Presidente português apelou a que a próxima Assembleia da República “dê voz ao pluralismo de opiniões e de soluções” e que o Governo garanta “previsibilidade para as pessoas e para os seus projetos de vida”.

Na mensagem tradicional de Ano Novo, proferida no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa abordou as eleições legislativas de 30 de janeiro para defender que os portugueses terão de “decidir a Assembleia da República e o Governo para os próximos quatro anos, uma Assembleia da República e um Governo com legitimidade renovada”.

“Uma Assembleia da República que dê voz ao pluralismo de opiniões e soluções, um Governo que possa refazer, também ele, esperanças e confianças perdidas ou enfraquecidas, e garantir previsibilidade para as pessoas e para os seus projetos de vida”, afirmou.

No seu quinto discurso de Ano Novo desde que tomou posse como Presidente da República, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa falou sobretudo da atual situação pandêmica, afirmando que é preciso o país “virar a página”.

“O ano que findou prometia ser um fim e um recomeço, mas não foi. Esboçou esse recomeço, tarde e timidamente. O ano que hoje iniciamos tem de virar a página, consolidando, decidindo, reinventando, reaproximando. Retomemos a caminhada juntos”, apelou.

PS

O PS disse rever-se “plenamente” na mensagem de Ano Novo do Presidente da República, nomeadamente na necessidade do país precisar de estabilidade política, previsibilidade nas opções políticas e confiança para enfrentar os próximos desafios, afirmou o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro.

Numa reação a partir do Porto, na sede do partido, o socialista acrescentou que a estabilidade e a previsibilidade dão a confiança necessária para o país aproveitar bem os recursos ao dispor.

“Juntos conseguimos virar a página da austeridade em 2015 e, agora, juntos vamos conseguir virar a página desta pandemia e assegurar o crescimento da economia e a recuperação das condições de vida de todos os portugueses e reforçar Portugal como um país de progresso e de bem-estar”, referiu.

CDS

O CDS-PP acompanhou “na generalidade” a mensagem de Ano Novo do Presidente e defendeu que as eleições legislativas de dia 30 podem constituir uma oportunidade para Portugal “virar de página” com a “direita certa”, segundo Martim Borges de Freitas, presidente da mesa do Congresso do CDS.

O também cabeça de lista do partido por Aveiro considerou que as eleições legislativas “podem na verdade significar um virar de página porque as pessoas são de fato mais livres para poder votar”, sustentando que “o voto útil em Portugal deixou de existir” porque desde 2015 “não é necessária a maioria de um só partido para governar, como nem sequer é necessária a vitória de um partido para que seja indicado o primeiro-ministro”.

Apontando que “a esquerda esgotou todas as suas possibilidades ao ponto de terem de ser convocadas eleições antecipadas”, o dirigente defendeu que “à direita há um partido que torna a mudança possível”, sustentando que “o CDS é um partido cujos valores são inquestionáveis, é um partido que se apresentará com propostas concretas e é um partido que é confiável”.

PSD

O PSD concordou com o Presidente e referiu que quer vencer as eleições legislativas de dia 30 para ser protagonista dos “novos momentos que o país precisa”.

André Coelho Lima, vice-presidente do PSD, considerou que a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa fica marcada pela “expressão a que os portugueses estão mais habituados” na viragem do ano: “Ano novo, vida nova”.

O dirigente afirmou que a mensagem do chefe de Estado “assentou muito na pandemia, assentou muito na paragem económica, assentou muito na crise social, assentou muito também em algo que é muito importante para o PSD, na descompensação das pessoas, ou seja, os efeitos indiretos ou laterais da pandemia”.

Mas “sobretudo assentou a sua mensagem na esperança, naquilo que a viragem deste novo ano e na proximidade que temos de um ato eleitoral, das eleições legislativas, o que significa também para haver um virar de página a que se referiu o senhor Presidente da República”, disse.

BE

O Bloco de Esquerda (BE) defendeu a importância de um “novo ciclo político” depois das eleições legislativas e apelou a uma maioria de esquerda sem “maiorias absolutas ou tentativas de bloco central”.

Na reação à mensagem do Presidente, Bruno Maia fixou as prioridades bloquistas na proteção do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na subida dos salários e na defesa do clima, considerando que estas três questões só serão acauteladas com “uma esquerda à esquerda do PS que seja forte e saia reforçada destas eleições” de 30 de janeiro.

“Desde 2019 até agora o PS recusou fazer um acordo à esquerda em torno de compromissos concretos. O que vai fazer a diferença daqui para a frente é a força do voto das pessoas. Se houver um voto que diga que tem de haver uma maioria à esquerda sem maioria absoluta do PS, então essa maioria de esquerda está legitimada e tem de se sentar à mesa para negociar”, afirmou o candidato a deputado do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa.

“Se a vontade é uma maioria de esquerda no parlamento, essa maioria vai ser forçada a sentar-se e a negociar em torno de um acordo, eventualmente para uma legislatura, escrito e que assente em caminhos concretos que possam mudar a vida das pessoas e fazer aquilo que é preciso fazer”.

IL

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) defendeu que “é de fato hora de virar a página” na gestão da pandemia e no modelo de desenvolvimento de Portugal e considerou que as eleições legislativas constituem essa oportunidade.

“É de fato hora de virar a página. Virar a página na gestão da pandemia, e atenção já para o dia 30 de janeiro em que temos oportunidade de mudar as coisas, que essa oportunidade não seja perdida para muitos daqueles que vão estar em confinamento ou isolamento – é preciso tratar dessa questão –, mas também virar a página no modelo de desenvolvimento de Portugal, nas políticas que são aplicadas em Portugal e que não podem continuar a produzir mau emprego, poucas oportunidades, salários baixos”, defendeu João Cotrim Figueiredo .

O líder da IL apontou que “essa oportunidade de virar a página virá já no dia 30 de janeiro, podendo votar em opções verdadeiramente liberais”.

Chega

O líder do Chega considerou que a mensagem do Presidente da República “falhou no essencial”, criticando-o por não ter identificado os responsáveis pela crise política e por ter-se focado demasiado na pandemia.

André Ventura defendeu que, apesar de Marcelo Rebelo de Sousa ter procurado “transmitir aos portugueses alguma confiança, continuou a falhar no essencial”.

“O Presidente da República, consciente que vamos entrar num novo ciclo político imprevisível, foi incapaz, na nossa perspectiva, de identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver: o PS e a extrema-esquerda, que não conseguiram fazer aprovar o Orçamento do Estado e resolver a situação económica e política do país”.

PCP

As palavras do Presidente  são “evidências” para o Partido Comunista, defendeu o deputado e membro do comité central António Filipe, para quem são precisas soluções concretas para os problemas da vida das pessoas.

Segundo ele, o PCP registrava “a preocupação relativamente ao que deve acontecer e deve ser feito no ano de 2022 e também que os fundos que estarão disponíveis deverão ser usados para a resolução dos problemas concretos das pessoas”.

Segundo o deputado comunista, os problemas concretos “têm que ver com aquilo que as pessoas sentem no seu dia-a-dia”, desde os baixos salários, o acesso à habitação, condições de acesso a cuidados de saúde, que apontou como “questões fundamentais”.

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