Partido propõe projeto de lei para acabar com Vistos Gold

Da Redação
Com Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu em 14 de junho o fim da atribuição de vistos ‘gold’ para estrangeiros que invistam em Portugal, por considerar que apenas promove a especulação imobiliária e crime o econômico.

O projeto de lei que o BE vai dar entrada no parlamento visa acabar com um regime de atribuição de vistos que, segundo este partido, desde a sua criação, só criou emprego em nove ocasiões, num universo de mais de 5.000 casos.

“Os vistos ‘gold’ foi dito que era uma forma de atrair investimento para Portugal, isso está provado que não é verdade. Dos mais de 5.000 vistos ‘gold’ que foram pedidos, só nove serviram para criar emprego, a generalidade dos vistos ‘gold’ são transferências de capital ou compra de imobiliário”, afirmou Catarina Martins, em Faro, à margem da sua participação numa concentração de trabalhadores rodoviários do Algarve em greve por melhores salários.

A coordenadora do BE argumentou que o regime de vistos ‘gold’ tem apenas “dois efeitos, um é aumentar o preço das casas, a especulação imobiliária”, que a dirigente partidária qualificou como “um problema muito grande em Portugal”.

“A outra, como vários observatórios internacionais já chamaram a atenção, é fazer de Portugal um bom local para a lavagem de dinheiro”, completou Catarina Martins, advogando pela necessidade de “acabar com um esquema que não trás nada ao país, a não ser crime econômico e especulação imobiliária”.

Catarina Martins afirmou que “todas as pessoas são bem-vindas” a Portugal, provenientes “de todos os pontos do mundo”, mas o BE considera que o país “não pode abrir as portas a um esquema que está provado que só cria especulação imobiliária e abriga crime económico”.

E tudo isto “ao mesmo tempo que quem já trabalha em Portugal” e é oriundo de um país estrangeiro vê “o SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras] não responder há anos” às suas solicitações.

“Espero que a proposta seja aprovada, porque não há nenhum indicador que explique a manutenção”, respondeu Catarina Martins, ao ser questionado sobre o que espera que aconteça quando a medida de acabar com os vistos ‘gold’ for votada na Assembleia da República.

O assunto foi recentemente tema de discussão no parlamento europeu, sobre a “proliferação da corrupção e do crime através dos ‘vistos gold’”, na qual eurodeputados de várias nacionalidades mencionaram o caso de Portugal.

O investimento captado através dos vistos ‘gold’ aumentou 60% em maio, face a igual mês de 2017, para 73,6 milhões de euros, de acordo com os dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal.

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