Mundo Lusíada
Com agencias
Depois do julgamento que manteve a condenação de Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores lançou o ex-presidente como pré-candidato à Presidência da República, durante reunião da Comissão Executiva Nacional do partido, em São Paulo.
“Minha proteção é minha inocência. Vou ser candidato para governar decentemente esse País” declarou Lula da Silva no evento que formalizou a pré-candidatura das eleições de 2018.
Por unanimidade, Lula foi condenado pelos desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ampliando a sua pena para 12 anos e 1 mês.
Com a condenação, o ex-presidente poderá se tornar inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. A defesa do ex-presidente já confirmou que irá recorrer da sentença.
“Não vamos aceitar passivamente que a democracia e a vontade da maioria sejam mais uma vez desrespeitadas. Vamos lutar em defesa da democracia em todas as instâncias, na Justiça e principalmente nas ruas” diz a nota do PT divulgada no noite do dia 24.
“Vamos confirmar a candidatura de Lula na convenção partidária e registrá-la em 15 de agosto, seguindo rigorosamente o que assegura a Legislação eleitoral” refere a nota assinada por Gleisi Hoffmann, Presidente Nacional do PT.
A situação eleitoral será definida somente quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisar o registro de candidatura em agosto, quando será protocolado o pedido, podendo aceitar ou rejeitar a candidatura.
Durante toda quarta-feira, manifestantes promoveram atos a favor e contra Lula em diversas cidades do país, inclusive em Porto Alegre, onde ocorreu o julgamento. Na Avenida Paulista, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), manifestantes ligados aos movimentos Nas Ruas e Brasil Livre (MBL) comemoram a decisão do TRF4.
Lula Discursa
Após o resultado do julgamento, manifestantes reuniram-se na Praça da República, centro paulistano, para manifestar apoio ao ex-presidente. Lula participou do ato e fez o primeiro discurso após a condenação em segunda instância.
O ex-presidente disse que nunca se iludiu em imaginar um resultado diferente do que ocorreu no julgamento em Porto Alegre. Lula reafirmou ainda que, com o resultado, voltou a deseja ser candidato à Presidência na próxima eleição.
“Eu nunca tive nenhuma ilusão com o comportamento dos juízes na questão da Lava Jato. Porque houve um pacto entre o Poder Judiciário e a imprensa, que resolveram que era hora de acabar com o PT e com a nossa governança no país. Eles já não admitiam mais a ascensão social das pessoas mais pobres desse país e dos trabalhadores. Eles não suportavam mais a ascensão da escolaridade, que ia da creche à universidade”, disse.
“Eu até nem queria mais fazer política, eu já tinha sido presidente, mas agora, o que eu estou percebendo é que tudo o que eles estão fazendo é para evitar que eu possa ser candidato. Não é nem ganhar, é ser candidato. Essa provocação é de tal envergadura que me deu uma coceirinha e eu agora quero ser candidato à Presidência da República”, disse.
Lula enalteceu suas gestões quando presidente e valorizou o legado que deixou. Segundo ele, sua condenação não irá alterar a consciência política dos brasileiros.
“Eles não podem prender o sonho de liberdade, eles não podem prender as ideias, eles não podem prender a esperança. E o Lula é apenas um homem de carne e osso. Eles podem prender o Lula, mas as ideias já estão colocadas na cabeça da sociedade brasileira, as pessoas já sabem que é gostoso comer bem, já sabem que é gostoso morar bem, as pessoas já sabem que é gostoso viajar de avião, já sabem que é gostoso comprar carro novo”.
O ex-presidente confirmou ainda que irá viajar a Etiópia na próxima sexta-feira para participar de discussões sobre combate à fome, e retornará ao país na segunda-feira.
Habeas corpus
Também na noite do dia 24, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, negou dois pedidos de habeas corpus preventivo em favor do ex-presidente.
Os dois pedidos foram apresentados por estudantes de Direito. Em um deles, foi pedida a concessão de liminar “até o esgotamento de todas as possibilidades de recursos da segunda instância”. O outro pedido diz que haveria “eminente ameça de prisão injusta, sem trânsito em julgado, podendo gerar constrangimento irreversível e ilegal (…) sem qualquer prova cabal”.
A argumentação apresentada pela ministra para os pedidos foi similar, tendo por base a justificativa de que “não é atribuição do STF decidir, neste momento, esta questão”.