Da Redação com Lusa
O líder do Chega esteve em Paris este fim de semana, reunindo cidadãos da comunidade portuguesa num jantar-comício que juntou também membros do partido de Marine Le Pen, e mostrou-se expectante sobre a eleição do 13.º deputado nas legislativas.
“Espero que as pessoas percebam que é preciso penalizar os dois maiores partidos [pela repetição das eleições], que ainda é possível decidir pelo menos um deputado – admitindo que um é do Partido Socialista, é possível definir um 13.º deputado para o Chega”, afirmou André Ventura em declarações à agência Lusa.
O líder do partido esteve no sábado num jantar-comício em Creteil, na região parisiense – num encontro de campanha eleitoral que, segundo André Ventura, reuniu também “habituais membros de estruturas do PSD” – e ouviu as queixas dos emigrantes em relação às legislativas portuguesas.
“Notei uma desilusão muito grande de como tinha sido tratado o último processo eleitoral. Há uma frustração muito grande das pessoas. Tivemos com muita gente, uma parte muito importante até de votantes habituais do PSD, habituais membros de estruturas do PSD, mas muito desiludidos com a forma como foi gerido este processo”, contou.
Antes de Paris, André Ventura esteve em Neuchâtel, na Suíça, e em Espanha, indo para a semana ao Reino Unido, por considerar que é importante mobilizar as pessoas para evitar “uma abstenção recorde” devido à anulação de mais de 150 mil votos na primeira volta das eleições. O processo levou o Tribunal Constitucional a decretar a repetição das eleições no círculo da Europa.
O partido, tal como as outras forças políticas eleitas, quer rever a lei eleitoral para os cidadãos que vivem fora de Portugal.
“Nós entendemos que deve ser garantida a segurança [no ato eleitoral], mas, ao mesmo tempo, o processo tem de começar a ser desmaterializado, já o é na maior parte das situações. Não faz sentido continuar a exigir uma série de burocracias que só dificultam a vida das pessoas. O que nós defendemos também é que deve ser feita uma revisão da representatividade dos círculos da emigração”, disse o deputado, propondo aumentar o número de deputados eleitos pelos portugueses que vivem no estrangeiro.
O comício de campanha do Chega contou também com membros do partido União Nacional, de Marine Le Pen, incluindo a irmã da líder política francesa.
Devido a um conflito de agenda, não foi possível Marine Le Pen juntar-se à comunidade portuguesa na noite de sábado, não havendo por enquanto uma previsão para a participação de André Ventura nas eleições presidenciais francesas, que decorrem em 10 de abril.
“Não está definido. Teríamos de ver com os compromissos que temos, já que teremos a instalação do parlamento ao longo das próximas semanas”, indicou o líder do Chega.
Questionado sobre se o Chega foi procurado pelas equipas do candidato francês Éric Zemmour, André Ventura esclareceu que essa possibilidade nem está em cima da mesa devido ao posicionamento deste candidato, que é um concorrente direto de Marine Le Pen.
“Há algo que nos afastou desde o início que é a posição que Zemmour assumiu sobre a Rússia neste caso do conflito na Ucrânia, é inaceitável e politicamente contraproducente”, concluiu André Ventura, lembrando elogios feitos por Éric Zemmour ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Os eleitores do círculo da Europa vão ser chamados a votar novamente para as legislativas portuguesas, após o Tribunal Constitucional declarar a nulidade das eleições nestas assembleias, na sequência da anulação de 80% de votos.
Mais de 157 mil votos dos eleitores do círculo da Europa foram anulados após, durante a contagem, terem sido misturados votos válidos com votos inválidos, não acompanhados de cópia do documento de identificação, como exige a lei.
A Comissão Nacional de Eleições deliberou que a repetição da votação presencial no círculo da Europa terá lugar nos dias 12 e 13 de março e os votos por via postal serão considerados se recebidos até 23.