Participante de SP em Congresso na Madeira pede respeito às tradições no Folclore

Da Redação
Mundo Lusíada

Um dos painéis durante o Congresso Nacional de Folclore, na Ilha da Madeira. Painel: Tradições das Ilhas- Madeira e Açores com os oradores: Ricardo Caldeira, José Miguel (Açores), Filomena Moreira, Danilo Fernandes, Alexandre Rodrigues, Elsa Nóbrega, e Roberto Moniz autor do livro lançado na ocasião: Cordofones Tradicionais Madeirenses. Foto: Divulgação

Neste ano, o arquipélago da Ilha da Madeira foi palco do Congresso Nacional de Folclore, que acontece em Portugal com o objetivo de consciencializar os participantes sobre a cultura popular na construção de uma identidade cultural. Nesta edição, entre 01 a 05 de outubro, os participantes também puderam conhecer algumas das tradições da Madeira.

Promovido pela Federação do Folclore Português e AFERAM (Associação de Folclore e Etnografia da Região Autônoma da Madeira), o evento teve apoio da Fundação INATEL, e foi também promovido pelo grupo de folclore da Ponta do Sol.

O Congresso Nacional contou com a participação de mais de 80 representantes do continente, um do arquipélago dos Açores e dois da diáspora madeirense, do Brasil e do Canadá. Esteve representando a comunidade do Brasil a diretora do Grupo Infanto Juvenil Casa Ilha da Madeira de São Paulo, Maria Vieira Sardinha Gonçalves.

Ao Mundo Lusíada, Maria Sardinha falou sobre a experiência de participar mais uma vez do evento. “Este Congresso foi aberto a toda a comunidade e qualquer pessoa poderia se inscrever, o auditório esteve completo em todos os dias e em todos os períodos, mesmo quando o horário se estendia” afirma. “Os painéis foram bem elaborados indo da história, a educação e tecnologia com apresentação de autoridades e pesquisadores do assunto, mostrando seus trabalhos e oferecendo suas experiências”.

Segundo ela, durante os cinco dias de evento foi possível entender a importância do patrimônio imaterial da humanidade, e a importância de salvaguardar os “Saberes do Povo”.

Maria Vieira Sardinha Gonçalves, e esposo José Pedro Baptista Gonçalves, durante evento na Casa Ilha da Madeira de São Paulo. Foto: Arquivo Ago2011/Mundo Lusíada

“As conclusões finais apresentaram a importância de se registrar tudo o que ainda temos e com o maior respeito a verdade e ao informante e  também partilhar os conhecimentos entre grupos. Infelizmente as pesquisas de campo estão se restringindo porque os informantes estão partindo e as pessoas que lidam com este tema têm que descruzar os braços se ainda quizerem salvar algumas informações, mais próximas das realidades vividas” aponta a folclorista de São Paulo.

“O Folclore vai muito além de uma “atuação” ou de uma “historinha de vilhão”. O show maior não deve ser do Grupo de folclore, mas de tudo o que ele representa. Tudo o que somos hoje é resultado de tudo o que vivemos no passado, direta ou indiretamente. Valores que recebemos ou rejeitamos é que forma nossa consciência atual, reconheçamos ou não. Uma atuação com todas as condições ideais é maravilhoso, mas antes: Quem é do meio tem que respeitar, pesquisar, registrar e compartilhar. Com essa tarefa feita aí sim, seremos Grupos de Folclore e não grupos de animação”.

Entre os temas abordados no congresso estão a Educação e Cultura Tradicional, Patrimônio Cultural Imaterial e Etnográfico, Folclore no Mundo, Tecnologias da Informação, Comunicação e Produção e Tradições das Ilhas.

Segundo cita Maria Sardinha, o chamado “showclore” pode ser bom e “até dá dinheiro”, diz, mas o Folclore tem um valor inestimado. “Esta mudança cabe a nós, mas cada um só pode fazer aquilo que acredita! Por enquanto nosso Grupo Folclórico mantêm o ditado português como seu lema: Se o jovem soubesse e o velho pudesse, não haveria o que não se fizesse”.

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2 comentários em “Participante de SP em Congresso na Madeira pede respeito às tradições no Folclore”

  1. elisa soares brangel

    Que maravilha ter folclorista como Maria Sardinha resgatando, não deixando jamais serem esquecidos, coisas tão importantes para serem mostrados para nossos sucessores, que são filhos e netos. Resgatando o príncipio de tudo, da Grande e Maravilhosa Pérola do Atlântico. Parabens!!!!

  2. Maria Vieira Sardinha Gonçalves

    Obrigada Elisa!
    Você foi secretária da Casa Ilha da Madeira e teve sua filha como elemento do nosso grupo de folclore, que mesmo não tendo ascendência madeirense soube entender, respeitar e divulgar a “maneira de ser e estar do povo madeirense”. O Folclore deveria ser isso… mas infelizmente… enquanto alguns grupos dão o seu “grande show” de animação… parte da nosso patrimônio está se perdendo!

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