Parlamento saudou centenário de Amália e aplaudiu fado “Com que voz”

Cerimónia de lançamento da emissão de selos comemorativa do centenário do nascimento de Amália Rodrigues, pelos CTT - Correios de Portugal, no Panteão Nacional, em Lisboa, 23 de julho de 2020. MÁRIO CRUZ/LUSA
Cerimônia de lançamento da emissão de selos comemorativa do centenário do nascimento de Amália Rodrigues, pelos CTT – Correios de Portugal, no Panteão Nacional, em Lisboa, 23 de julho de 2020. MÁRIO CRUZ/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

Nesta quinta-feira, o parlamento aprovou uma saudação pelo centenário do nascimento da fadista Amália Rodrigues, apresentado pelo presidente da Assembleia da República, e ouviu-se na sala de sessões o fado “Com Que Voz”, momento que culminou com aplausos.

“Em especial à Fundação Amália Rodrigues, agradeço em meu nome e da Assembleia da República o pequeno vídeo que será transmitido em seguido”, afirmou Eduardo Ferro Rodrigues, que agradeceu ainda “a inspiração” das deputadas Joana Mortágua (BE) e Ana Rita Bessa (CDS-PP).

O fado “Com Que Voz”, com letra de Luís de Camões e música de Alain Oulman, foi acompanhado pela projeção de várias imagens da vida de Amália Rodrigues (1920-1999), uma homenagem que aconteceu com a presença, nas galerias, de familiares da fadista, de representantes da Fundação Amália Rodrigues e do coordenador do grupo de trabalho para as comemorações do centenário.

Durante este momento, fez-se silêncio na sala, com vários deputados a registrarem o momento com os seus telemóveis, terminando com os aplausos de pé por parte dos deputados de todas as bancadas.

O voto apresentado por Ferro Rodrigues foi aprovado por unanimidade.

“Foi aprovado por unanimidade e, pelos vistos, por aclamação”, destacou Ferro Rodrigues, seguindo-se novo momento de palmas de todos os presentes.

No texto apresentado pelo presidente da Assembleia da República, e lido na sessão plenária desse dia 23 no parlamento, Ferro Rodrigues considera que “celebrar Amália Rodrigues é reconhecê-la como gênio musical complexo, em todas as suas facetas – de fadista, criadora e poeta -, sem falsos unanimismos nem retratos simplistas e ficcionados, incompatíveis com a liberdade com que sempre viveu”.

“Amada pelo público, era ao povo e à arte que Amália dedicava a sua lealdade, o que lhe proporcionou uma história íntegra e apaixonante. E se o fado lhe deve o reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Humanidade, Portugal deve-lhe a maior homenagem, que é a preservação e a divulgação da sua magnífica obra, muito além das casas de fado, onde continuará a viver no amor de muitas gerações de fadistas”, sustenta Ferro Rodrigues no seu voto de saudação.

O presidente da Assembleia da República defendeu depois que Amália Rodrigues, “mais do que uma extraordinária voz, despertou a admiração mundial e acordou o mundo para o fado”.

Após a leitura deste voto de saudação foi então ouvido o fado na sala de sessões da Assembleia da República.

Amália Rodrigues nasceu em 01 de julho de 1920 e foi oficialmente registrada em 23 de julho do mesmo ano.

As celebrações do centenário do nascimento da fadista, falecida em 1999, prosseguem até ao final do ano e em 2021 promovidas por diversas entidades.

Na manhã desta quinta-feira, no Panteão Nacional, onde se encontra sepultado o corpo da fadista desde 2001, ocorreu lançamento da emissão de selos comemorativa do centenário, pelos CTT – Correios de Portugal.

Esta emissão filatélica é composta por dois selos, um com o valor facial de 0,53 euros e outro com o valor facial de 0,86 euros, com uma tiragem de 100.000 exemplares cada; e um bloco filatélico com um selo, no valor de 2,00 euros e uma tiragem de 35.000 exemplares. O ‘design’ esteve a cargo de AF Atelier.

Um dos selos mostra um balandrau de cores fortes da coleção da Fundação Amália Rodrigues e, como fundo, tem Amália no Brejão na década de 1980; o outro selo mostra um xaile negro e “colorido com design inovador”, tendo como fundo Amália num concerto na década de 1980, segundo comunicado dos CTT.

O selo do bloco filatélico tem, “do lado esquerdo, Amália num concerto em Cartago, na Tunísia, em 1972; no centro, Amália no programa de rádio ‘Comboio das Seis e Meia’, em 1952; e, à direita, Amália no jardim da sua casa na Rua de São Bento”, em Lisboa, na década de 1990; o fundo do bloco é o vestido que foi usado pela artista numa digressão ao Japão, na década de 1980.

Na ocasião, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também visitou túmulo de Amália Rodrigues no Panteão Nacional.

Pela noite, no Museu do Fado, o fadista Camané acompanhado pelo pianista Mário Laginha esteve em “tributo singular ao seu legado universal”, interpretando os “temas mais emblemáticos” de Amália e Alain Oulman (1928-1990), compositor que “desenvolveu uma relação criativa muito marcante com a artista, pontuada pelo encontro definitivo da poesia clássica e erudita com o universo fadista”, segundo a instituição.

O concerto não teve público presencial, mas pode ser seguido na rede social “Facebook” nas páginas do Museu do Fado, da Câmara de Lisboa e da EGEAC.

Também à noite, na antiga residência de férias da fadista, no Brejão, concelho de Odemira, também o concerto “Bem-Vinda Sejas Amália”, com direção musical de Jorge Fernando, ex-músico da diva, e a componente artística coordenada pelo fadista e apresentador José Gonçalez.

O elenco foi constituído por Ana Moura, Jorge Fernando, Ricardo Ribeiro, Katia Guerreiro, José Gonçalez, Marco Rodrigues, Fábia Rebordão e Sara Correia.

“Bem-vinda sejas Amália” é um espetáculo de homenagem “a uma das mais queridas intérpretes do século XX”, “por tudo o que fez pelo Fado, pela língua e cultura portuguesas, e pela honra com que sempre representou Portugal”, segundo nota da Fundação Amália, instituída pela fadista em testamento.

“Bem-vinda sejas Amália” é também o título de uma exposição itinerante que está a percorrer o país e que estará patente em Lisboa, no terminal de cruzeiros de St.ª Apolónia, durante o festival Santa Casa Alfama, nos dias 02 e 03 de outubro.

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