Da Redação com Lusa
Pedro Pichardo conquistou nesta sexta-feira a medalha de prata no triplo salto em Paris2024 e aumentou para três os ‘metais’ conquistados por portugueses na presente edição dos Jogos, tornando-se no sexto luso a subir duas vezes a pódios olímpicos.
Depois de se ter tornado o quinto medalha de ouro português, Pichardo juntou-se aos também campeões olímpicos Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, bem como ao cavaleiro Luís Mena da Silva e ao canoísta Fernando Pimenta a repetir pódios em Jogos.
Pichardo assegurou hoje a prata em Paris2024 com 17,84 metros, que conseguiu no segundo salto, a dois centímetros do espanhol Jordan Díaz (17,86), que lhe sucede depois de já o ter batido nos Europeus Roma2024, enquanto a medalha de bronze foi arrebatada pelo italiano Andy Díaz, com 17,64.
O campeão olímpico do triplo salto de Tóquio2020 gostaria de continuar em Portugal e de ficar no Benfica, mas também de ter “condições” melhores.
“Acho que eu, pelo que tenho conquistado, mereço ter uma estrutura de treino bem formada. Infelizmente, não tenho essa estrutura. Treino num sítio, tenho de sair daí para ir à procura de um fisioterapeuta, as condições também… A Câmara de Setúbal faz-me o favor de me dar condições, mas também não é uma obrigação deles”, notou.
Reiterando que quer ficar no clube da Luz, mas “obviamente com melhores condições”, Pichardo estabeleceu como condição ter um acordo que determine que Ana Oliveira o deixe “em paz”.
“Eu vou treinar, represento o clube, mas nada a ver com a diretora de atletismo do Benfica”, reforçou.
Pichardo espera reunir-se em breve com o presidente do Benfica, Rui Costa, assumindo querer continuar no clube, mas sem qualquer relação com a diretora do projeto olímpico e do atletismo ‘encarnado’, Ana Oliveira.
“Espero reunir com o presidente Rui Costa em breve. Estou cá ainda, espero chegar a Portugal e o mais rapidamente possível reunir com o presidente e ver se arranjamos alguma solução para ver se a diretora do clube me deixa em paz, a Ana Oliveira está a chatear-me muito”, acusou.
O diferendo entre o agora vice-campeão olímpico do triplo salto e os ‘encarnados’, com quem tem contrato até Los Angeles2028, arrasta-se há meses, com o atleta a recusar mesmo aceitar o processo de filiação na plataforma da Federação Portuguesa de Atletismo, o que o impediria de estar em Paris2024 – ainda hoje está por esclarecer quando e como foi feito.
No entanto, até hoje, Pichardo não conseguiu reunir-se com Rui Costa. “Tem sido difícil, acho que está muito ocupado. Não sei explicar, eu tenho tentado mandar mensagens para ele”, pontuou.
Antes de rumar à capital francesa, o atleta de 31 anos recebeu uma mensagem do presidente e os dois combinaram que iriam reunir-se quando Pichardo voltasse.
“Agora, espero chegar a Portugal e tentar reunir com o presidente e ver se chegamos a um acordo”, que passará por procurar uma solução ou ver se o deixam sair do clube, indicou.
Primeiro-ministro
Em Paris, o primeiro-ministro Luís Montenegro afirmou hoje que a medalha de prata de Pichardo é um momento marcante na vida do atleta, apesar de reconhecer “um amargozinho de boca”.
“Momento muito, muito marcante destes Jogos Olímpicos e da vida deste atleta, que junta prata ao ouro. Estamos muito satisfeitos com o desempenho dos nossos atletas hoje nas várias modalidades em que intervieram, mesmo no lançamento do peso obtivemos um bom oitavo lugar [Jesssica Inchude]”, disse Luís Montenegro, em declarações à RTP.
Luís Montenegro felicitou o resultado de Pichardo, considerando que deu “mais uma salto para a glória, mas admitiu que a diferença de apenas dois centímetros para o vencedor é difícil de aceitar.
“É frustrante, dois centímetros é uma coisa muito pequena numa prova que atingiu quase os 18 metros. Também podia sido ao contrário, mas há sempre aquele amargozinho de boca. Os saltos do Pedro tiveram a particularidade de começar sempre longe do limite, quase a 20 centímetros, mas as coisas são o que são”, defendeu.
O primeiro-ministro, que está em Paris a acompanhar a Missão portuguesa e que de manhã já tinha estado na final da prova de K2 500 metros, dos canoístas João Ribeiro e Messias Baptista, faz um balanço positivo da participação lusa.
“Creio que o balanço é claramente positivo. Estes atletas, que fazem percursos de grande sacrifício, de grande capacidade e de sofrimento são verdadeiros heróis, são exemplos para alimentar a juventude em Portugal a encontrar também o seu talento desportivo e a dar os passos que possam trazer novos atletas para novas conquistas”, frisou.
Sobre o fato de três atletas nascidos em Cuba, mas a representar outros países, terem terminado no pódio do triplo salto, Montenegro garantiu que sente orgulho por Pichardo.
“Sabemos as circunstâncias que levaram atletas a sair do país. Pichardo foi bem acolhido em Portugal, é um ídolo e tem sido atleta magnifico, com um entrega fantástica e que expressa gratidão a Portugal que justifica todo o percurso que o levou a representar o país. O orgulho que temos nele é igual a qualquer outro”, defendeu.
A terminar, o primeiro-ministro garantiu que, apesar de ainda existirem provas para ganhar em Paris2024, é necessário começar a perspetivar os Jogos de Los Angeles, em 2028, garantindo que o governo pretende “alocar meios” para ajudar a alta competição, para além da aposta de ter os portugueses a fazer mais desporto.
“Estes Jogos Olímpicos estão quase a terminar, ainda temos provas para disputar e ganhar, mas o que podemos perspetivar é quatro anos de trabalho para chegarmos a Los Angeles e superar os resultados bons que temos tido”, defendeu.
Montenegro explicou que os títulos dão “muito trabalho a nível individual”, mas referiu que é preciso dar condições para atingir os atletas chegarem aos bons resultados.