Paralisação: Infraero recomenda a passageiro se informar sobre voos no Brasil

Mundo Lusíada
Com EBC

Diante da perspectiva de falta de combustível para o abastecimento dos aviões por causa da paralisação dos caminhoneiros, a Infraero recomenda aos passageiros que procurem as companhias aéreas para saber a situação dos voos. “Aos operadores de aeronaves, a empresa orienta que façam a consulta sobre a disponibilidade de combustível na origem e no destino do voo programado”, informou a empresa, em nota.

A Infraero informou que está monitorando o abastecimento de querosene de aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais. A empresa “já alertou aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos para que cada um possa definir sua melhor estratégia de abastecimento de acordo com o estoque disponível na origem e destino do voo.”

A empresa está mantendo contato com órgãos públicos para garantir a chegada dos caminhões com combustível aos aeroportos.

Mais cedo, veículos de imprensa noticiaram que os aeroportos de Congonhas (SP), Palmas, Recife, Maceió e Aracaju, administrados pela Infraero, teriam combustível suficiente para abastecer as aeronaves até esta quarta-feira, dia 23. Mais seis aeroportos teriam combustível para no máximo dois dias: Goiânia, Teresina, Campo Grande, Ilhéus (BA), Foz do Iguaçu(PR) e Londrina (PR).

Questionada pela reportagem da Agência Brasil, a Infraero disse que se trata de uma avaliação interna sobre o abastecimento dos terminais.

“Sobre o relatório mencionado pela reportagem, trata-se de um levantamento diário da Infraero e que ajuda a empresa a monitorar a situação do fornecimento de querosene de aviação pelas fornecedoras, além de auxiliar na proposta de ação por parte do Poder Público no sentido de garantir o abastecimento das aeronaves”, disse.

Já a Inframerica, concessionária que controla o Aeroporto Internacional de Brasília, informou que só teria querosene de aviação suficiente até o fim da tarde de ontem. “Somente pousarão aqui aeronaves com capacidade para decolar sem a necessidade de abastecimento”, disse a empresa por meio de nota.

Até as 17h, não houve registro de atrasos ou cancelamentos decorrentes da restrição de combustível. No final da tarde, cinco caminhões com 45 mil litros de querosene de aviação cada chegaram ao aeroporto. Mesmo assim, a Inframerica diz que a situação de alerta e contingenciamento continuam em vigor.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também emitiu nota recomendando aos passageiros o contato prévio com as companhias para saber sobre a disponibilidade dos voos.

Manifestação

Nesta quinta-feira, os caminhoneiros entraram no quarto dia de manifestações contra o preço elevado dos combustíveis. No Rio de Janeiro, a categoria faz atos de protestos em 14 pontos em cinco rodovias federais que cortam o estado. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a maioria das manifestações ocorre nos acostamentos, onde os caminhoneiros param os veículos em fila.

A paralisação dos caminhoneiros tem provocado desabastecimento de combustíveis e de alimentos em diversos estados. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), ao menos metade dos postos da capital está sem algum dos três combustíveis: gasolina, diesel ou etanol. Em alguns postos de Brasília já falta álcool.

Brasileiros enfrentam desde ontem fila em postos de gasolina. Foto Marcello Casal jr/Agência Brasil

O problema afeta também a operação dos ônibus. Um levantamento da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), por exemplo, calculou que 40% da frota de ônibus não circularam na manhã de ontem por indisponibilidade de combustível. A previsão é que hoje até 70% dos ônibus fiquem na garagem.

Já o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) afirmou que, na capital, quase 30% da frota não circularam ontem. A BRT Rio, que usa os corredores exclusivos de ônibus, informou que hoje haverá redução da frota, por causa do problema de abastecimento de combustível. Com isso, os intervalos vão ter grandes alterações. Algumas estações estão fechadas.

Os produtos comercializados nas Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa), principal centro de distribuição de hortifrutigranjeiros no estado, tiveram uma grande alta de preços. A batata-inglesa foi o produto com o maior aumento, assim como a batata-doce, cenoura e morango. Nessa quarta-feira, por exemplo, o preço da batata-inglesa lisa (saco de 50 Kg), que custava na média de R$ 74 na semana passada, aumentou para R$ 350 – alta de 373%. Já a batata-inglesa comum (Saco 50 Kg) passou de R$ 64 para R$ 300 (variação de 369%).

Governo

Antes de viajar para Porto Real (RJ) e Belo Horizonte (MG), o presidente Michel Temer coordena nesta manhã no Palácio do Planalto, reunião para discutir o impasse em torno dos preços dos combustíveis. A conversa ocorre no dia seguinte ao anúncio da Petrobras de redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 15 dias.

Temer convocou para a reunião os ministros Eduardo Guardia (Fazenda), Moreira Franco (Minas e Energia), Valter Casemiro (Transportes, Portos e Aviação), o presidente da Petrobras, Pedro Parente, e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.

Após a reunião do presidente Temer com os ministros, a previsão é de que outra conversa ocorra ao longo do dia. Será a vez de os ministros se reunirem com as lideranças dos caminhoneiros, a exemplo do que ocorreu ontem, no Palácio do Planalto. O objetivo é conseguir um acordo para encerrar a paralisação e acabar com o bloqueia das rodovias e a ameaça de desabastecimento em vários setores.

Porém, líderes dos caminhoneiros disseram ontem que o anúncio da Petrobras, de redução de 10% do preço do diesel por 15 dias, não resolve e que, assim, a paralisação continuará.

“O grande problema que o país está atravessando, não só com o caminhoneiro, é o problema do combustível. Tá muito caro, aumenta a cada dia. No caso do transportador autônomo, tem que tirar os penduricalhos, que são o PIS/Cofins e a Cide [impostos]”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes em coletiva de imprensa após a reunião com o governo.

Segundo a associação de caminhoneiros, só será permitido o transporte de produtos perecíveis, carga viva, medicamentos e oxigênio hospitalar.

Os caminhoneiros também reinvidicam que a política de preços dos combustíveis no país não oscile da forma como acontece atualmente. Desde que a Petrobras mudou os critérios de venda de combustíveis em julho do ano passado, os preços são reajustados quase que diariamente pela estatal, acompanhando a flutuação do câmbio e do preço do petróleo no mercado internacional, e sem qualquer interferência direta do governo federal. Por causa disso, em 10 meses, o preço do óleo diesel subiu mais de 56% na refinaria, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

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