Da Redação
Com Lusa
O regresso a Portugal de jovens qualificados que tiveram de emigrar, aproveitando o valor acrescentado que representam, passa pela adoção de um plano de médio prazo, defendeu o professor da Universidade de Coimbra Pedro Góis.
O docente, que é o coordenador do estudo Empreender 2020, da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP), acrescentou que o plano precisa definir “quem pretendem que regresse a Portugal” e “que condições estão dispostos a oferecer”.
“Para que os jovens qualificados regressem a Portugal tem que se fazer um plano, pois não é algo que se possa fazer peça a peça. Agora que estamos a avançar no nosso estudo de diagnóstico, é necessário um plano de médio prazo”, sustentou.
Para o investigador, importa “fazer mudanças macro, ao nível da fiscalidade e da política salarial. A função pública, por exemplo, deve abrir lugares para que estas pessoas possam entrar e, no setor privado e empresarial, têm de perceberem o que têm a ganhar com estas pessoas, que são muito qualificadas e que tiveram experiências internacionais”, referiu.
Para Pedro Góis, que participou num debate que teve no centro da discussão a emigração de jovens qualificados, este plano poderá ser montado em poucos meses, para que possa começar a ser executado “muito rapidamente”.
“Sabemos o que é necessário fazer, mas como um estudo não constrói um país e só indica caminhos, cabe depois ao poder político incorporar o que o saber científico nos vai dando para podermos mudar o país efetivamente”, acrescentou.
No seu entender, é imprescindível atrair investimento para que tal possa atrair os jovens qualificados. “Temos de olhar para setores-chave e fazermos apostas. Podemos ser um grande destino de turismo de saúde se soubermos construir-nos enquanto um centro muito qualificado, pois temos milhares de enfermeiros em Inglaterra e não será nada difícil abrirmos centros hospitalares em Portugal e irmos buscar esses enfermeiros e ao mesmo tempo percebermos que temos gente a trabalhar nos setores farmacêuticos e biomédicos”, exemplificou.
O professor da Universidade de Coimbra considerou que seria “muito interessante” que nesta área abrissem novos laboratórios e que se fizessem novas apostas, à semelhança do que é a Fundação Champalimaud, a Fundação Calouste Gulbenkian e “três ou quatro universidades que estão na linha da frente”.
“Precisamos de mais, precisamos de escala para conseguir competir com os grandes que estão lá fora e que estão a atrair os nossos melhores. Assim eles tenham cá oportunidades, eles voltarão, mas temos é que as criar”, defendeu.
Em declarações à Lusa, Pedro Góis avançou ainda que nos últimos tempos o número de saídas “diminuiu um pouco”, devido ao esgotamento de alguns destinos, no entanto, “ainda continua a partir para o estrangeiro uma parte substantiva da população jovem”.
“Os números não são o mais importante, porque de facto serem 100 mil por ano ou 90 mil não diminui muito, até porque vai haver um momento em que demograficamente o número vai diminuir necessariamente e não é por aí. Temos é de fazer regressar os que saíram e fazê-los trabalhar connosco cá”, concluiu.