Da Agencia Lusa
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está abaixo do que foi idealizado e Portugal e Brasil têm o "dever histórico" de lutar pela sua afirmação, defendeu o deputado federal José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG), filho do principal idealizador da organização. Presidente da sub-comissão especial no Congresso brasileiro para a CPLP, José Fernando Aparecido de Oliveira está em Lisboa para uma homenagem ao seu pai, o ex-embaixador do Brasil em Portugal José Aparecido de Oliveira, morto em 2007. O deputado federal se mostrou confiante nos progressos da organização. "Fiquei surpreendido com o novo secretário-executivo (Domingos Simões Pereira), está fazendo um trabalho que honra a todos nós. Tenho a certeza que em 2009 vamos avançar muito". Questionado sobre o que fracassou durante estes 12 anos de CPLP, José Fernando Aparecido de Oliveira disse não querer "pôr o dedo na ferida". "Podíamos ter avançado mais na sua criação se não fossem questões menores. Mas temos de olhar para a frente. Temos de refundar o Instituto de Internacional de Língua Portuguesa e integrar universidades", acrescentou. Desafios Apesar de afirmar que o Brasil conhece "muito pouco" a CPLP, o deputado declarou que a organização está entre as prioridades do Governo brasileiro. "O presidente Lula entende a Comunidade e colocou-a dentro das suas prioridades". José Fernando Aparecido de Oliveira defendeu ainda que Portugal e Brasil têm o "dever histórico" de promover mais ações com vista à evolução da CPLP. "Brasil e Portugal têm o dever de prestar trabalho de educação para países africanos. Portugal deve ter uma ação maior no intercâmbio cultural e educacional. Com o novo acordo ortográfico, deve desenvolver com o Brasil uma série de ações", afirmou. No entanto, admitiu que o Brasil tem "a maior responsabilidade" nesse domínio, "uma vez que dos 250 milhões de falantes [do português], 190 milhões estão nesse país". Referindo-se ao trabalho desenvolvido pela sub-comissão especial para a CPLP, que preside no Congresso brasileiro, o deputado indicou que pretende instalar em breve um guichê especial para os cidadãos da CPLP em todos os aeroportos do Brasil. "Vamos também promover um Fórum da Lusofonia que vai ser dividido em quatro painéis: o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, educação, a assembléia parlamentar dos países de língua portuguesa e questões comerciais", indicou. Herança José Fernando Aparecido de Oliveira disse que o seu trabalho "não é a continuação" do legado do seu pai, mas a "reafirmação" das suas idéias. Sobre a criação da CPLP, o deputado lembrou uma época de "boas memórias". "Foi um período fantástico nas nossas vidas. O meu pai fez da CPLP a grande missão da sua vida pública. Foi uma grande paixão dele e eu fiquei muito apaixonado também". José Fernando Aparecido de Oliveira disse ainda que a memória do seu pai, enquanto promotor da CPLP, "nunca foi perdida" por o ex-embaixador ter sido afastado do processo de liderança da criação daquela organização. "É natural que questões políticas se sobreponham aos interesses maiores. Compreendo isso de forma tranqüila. Não tenho que ficar a chorar sobre ruínas. Temos é de fazer o trabalho que a comunidade precisa. As questões menores, sejam do ex-presidente Fernando Henrique, sejam de outros, são menores. Já os perdoei e o meu pai já os perdoou. Temos de olhar para a frente", afirmou.
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