Para ABL, aprovação de acordo ortográfico é “marco histórico”

Do Jornal Mundo Lusíada

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cícero Sandroni, considerou um “marco histórico” a aprovação do último protocolo do acordo pelo Parlamento luso, em 16 de maio, que permite entrar em vigor a partir da assinatura de três países, e assim unificando a forma como o português é escrito nos países lusófonos. Em nota oficial, Sandroni informou que a ABL começou a trabalhar na elaboração do acordo no início dos anos 1970.

A nota da ABL também traz a opinião do acadêmico Evanildo Bechara. Para ele, a reformulação “demonstra o alto grau de maturidade política alcançado pelos países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP). Trata-se de uma importante demonstração de efetiva e inteligente tomada de posição dos órgãos governamentais, coadjuvados pelas agências culturais de que dispõem as sociedades de nossos países”, afirmou em comunicado.

Outro acadêmico que se expressou foi o ex-presidente da ABL Marcos Vilaça, que também considerou “madura” a posição portuguesa. “Portugal acaba de dar prova de grande maturidade e modernidade. A simplificação e unificação ortográfica trarão inúmeros benefícios para a comunidade lusófona. A simplificação do emprego do idioma vai possibilitar o incremento das relações culturais entre nós”, disse à Agencia Brasil.

Embaixador de acordo Para o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, a decisão tomada pelo Parlamento português tem uma dimensão estratégica da maior importância. “Ter o português com uma grafia quase comum às duas normas atuais vai facilitar imenso a consagração da língua no plano internacional”, afirmou o diplomata à Agência Lusa, lembrando que o acordo já poderia estar em plena aplicação há 14 anos.

“O acordo ortográfico já havia sido aprovado e ratificado por Portugal em 1991. Se então os outros países subscritores tivessem procedido da mesma forma, o acordo já poderia estar em plena aplicação desde 1994”, disse. Na votação do último dia 16, na Assembléia da República, estava em questão apenas a adesão do Timor Leste ao acordo ortográfico e a possibilidade deste poder entrar em vigor após três ratificações, como estabelece o segundo protocolo modificativo.

Três dos oito membros da CPLP – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – já tinham ratificado o acordo e também os protocolos modificativos, o que em tese permitia que o acordo já pudesse estar em vigor desde o ano passado.

A adesão de Portugal, entretanto, sempre foi considerada fundamental pelo governo brasileiro. “É compreensível que muitas pessoas, em Portugal e no Brasil, tenham uma posição pouco favorável ao acordo ortográfico. Ninguém gosta de mudar as regras com que escreve. Mas todos temos de fazer um sacrifício para garantir que a nossa língua se mantenha próxima na escrita. A prazo, todos vamos ganhar”, afirmou Seixas da Costa.

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, já havia recebido em 02 de junho, um abaixo-assinado com 45 mil assinaturas contra o acordo ortográfico, junto com nove pareceres de especialistas, segundo a Agencia Lusa.

Depois de ultrapassado o número de 4 mil assinaturas necessário para que o manifesto seja discutido na Assembléia, o grupo apresentou ao órgão um pedido formal nesse sentido. Os documentos foram entregues pelo eurodeputado português Vasco Graça Moura, que alegou que o acordo irá causar “graves lesões à língua portuguesa” e “lançar o caos”.

No Brasil as mudanças provocadas pelo acordo devem ser implementadas nos livros escolares a partir de 2010, com mudanças que significam 0,43% no dicionário. Mas Portugal deve sofrer mais com as alterações lingüísticas, cerca de 1,42% das palavras devem ser modificadas.

Dicionário online com mudanças As alterações introduzidas pelo novo acordo ortográfico da língua portuguesa já estão na edição digital da Infopedia (www.infopedia.pt), que tem acesso gratuito.

Segundo a editora portuguesa Porto, este é “o único dicionário de português que registra as alterações introduzidas pelo acordo ortográfico e conserva, simultaneamente, as grafias anteriores a esta reforma”. A Infopedia é “a maior enciclopédia multimídia online em Língua Portuguesa” de acordo com a nota.

A Porto Editora já publicou o Dicionário de Língua Portuguesa de acordo com a revisão da grafia decidida pelo Acordo Ortográfico assinado em 1990 e cujo Segundo Protocolo Modificativo foi já ratificado pelo Parlamento português. Como divulgou o Mundo Lusíada, a editora publicou também um “Guia Prático” que traz uma forma simples e rápida do que irá mudar com o novo acordo. Com agencias

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