Da Redação
Com Lusa
A visita do papa Francisco a Moçambique, anunciada nesta quarta-feira pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, realiza-se de 04 a 06 de setembro, disse um porta-voz da Igreja.
Segundo um comunicado do Vaticano, o papa visita ainda Madagáscar e as ilhas Maurícias, numa “viagem apostólica” que se prolonga até 10 de setembro.
De acordo com a Santa Sé, o programa detalhado de toda a viagem será divulgado mais tarde.
A visita “é um marco histórico e uma oportunidade para reforçar a fé do povo moçambicano de lutar pelos seus desígnios, de construir um país cada vez melhor, sempre ancorado na paz, harmonia e bem-estar comum”, referiu o chefe de Estado, numa comunicação à nação.
No anúncio oficial da visita, realizado na Presidência da República, Nyusi discursou ladeado por Cristiano Antonietti, encarregado de negócios na Nunciatura Apostólica em Moçambique e por Lúcio Muandula, bispo de Xai-Xai e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM).
Este último detalhou que a visita vai decorrer de 04 a 06 de setembro, mas sem avançar mais detalhes.
A visita vai decorrer durante a campanha eleitoral (que arranca a 31 de agosto) para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e provinciais) marcadas para 15 de outubro e às quais são candidatos Filipe Nyusi, pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), em busca de um segundo mandato presidencial, e Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Estas são também as duas figuras que têm negociado um novo acordo de paz para o país. A palavra paz foi mesmo uma das mais referidas durante a cerimónia desta quinta-feira.
Nyusi apontou que a visita vai acontecer “num momento em que os moçambicanos aprofundam o diálogo permanente como única via para o alcance de uma paz definitiva” e o Vaticano tem sempre ajudado, frisou Nyusi.
A visita será “um momento de inspiração e alento” para construir uma nação “próspera, de unidade e em paz”.
“Esperança, paz e reconciliação”, foras as três palavras soltas com que o chefe de Estado fechou a comunicação à Nação.
O papa Francisco deverá defender os valores “da declaração universal dos direitos humanos e, em particular, trabalhar para o reestabelecimento de uma paz efetiva, sólida e duradoura, com atenção também à difícil situação em Cabo Delgado”, referiu Cristiano Antonietti.
Ataques de grupos armados com origem nas mesquitas locais contra aldeias e locais recônditos de Cabo Delgado já provocaram 150 mortos no último ano e meio.
A região palco da violência fica no extremo norte do país, onde estão a ser construídos os mega projetos de gás natural, cuja exploração vai começar em 2022.
Ao mesmo tempo, acrescentou Cristiano Antonietti, Francisco deverá também solidarizar-se com as vítimas do ciclone Idai, que nas últimas semanas destruiu o centro do país e provocou cerca de 500 mortos, contabilizados até hoje.
Lúcio Muandula antecipa uma visita com “sábios ensinamentos destinados a instaurar sentimentos de verdadeira paz e fraternidade no seio do povo moçambicano”.
O papa Francisco tinha sido convidado pelos bispos católicos de Moçambique a visitar o país em novembro de 2016, referiu Muandula.
Filipe Nyusi reforçou depois esse convite em setembro de 2018.
Esta será a segunda vista de um papa a Moçambique, 30 anos depois de João Paulo segundo passar pelo país. A visita, na altura, já serviu de contributo para “ajudar os moçambicanos a encontrar o caminho da paz, reconciliação e irmandade”.