Países de língua portuguesa têm potencial de impulsionar forças de paz da ONU

Treinamento de forças armadas. Foto ONU

Da Redação com ONUnews

Para o subsecretário-geral das Operações de Paz da ONU, Jean Pierre Lacroix, os países de língua portuguesa têm potencial de aumentar sua participação nas forças das Nações Unidas.

“De fato, já temos muitos funcionários e funcionárias uniformizados e civis que estão trabalhando nas nossas operações de manutenção da paz. Por exemplo, o general que comanda a forças da nossa operação de paz na República Democrática do Congo, RD Congo, é um brasileiro. Nós temos também soldados, ou capacetes azuis, de Portugal na República Centro-Africana. Já é uma contribuição muito importante, mas eu acho que tem um potencial para desenvolver mais essa contribuição.”

Em entrevista ao Podcast ONU News, Jean-Pierre Lacroix mencionou o papel regional de Angola, onde esteve este ano e solicitou apoio para missões de estabilização. Ele citou o Brasil e Portugal pelo compromisso com a África e a motivação para fazer avançar o multilateralismo.

Apesar de gerir a atuação internacional em 12 missões de paz, a responsabilidade pelo destacamento de forças militares e polícias para os países cabe aos Estados-membros. Nesse aspecto, Lacroix aponta como prioridade investir em mulheres.

“Muitos países têm recursos, mas não têm muitas mulheres nas suas Forças Armadas ou na polícia. Então, esse também é um problema de recursos. O que podemos fazer é pedir que os países façam mais esforços para atrair mulheres para as Forças Armadas. Nós temos que trabalhar para fazer com que o contexto das operações de paz permita que as mulheres se sintam bem-vindas, tal como os homens. Isso é um desafio. Nós falamos muito com nossas colegas mulheres. Eu tenho ouvido muitas vezes delas que é um trabalho muito interessante, que existe um nível muito forte de motivação, mas as mulheres não se sentem sempre bem-vindas nesses contextos e isso tem que mudar.”

Em 30 anos, o número de boinas-azuis mulheres aumentou mais de cinco vezes entre militares e policiais. Elas representavam apenas 1% do pessoal uniformizado em 1993. Em 2020 chegaram a 4,8% dos militares e 10,9% nas unidades de policiamento.

Já no pessoal de justiça e correções, a presença feminina chega a um terço do total. Em cinco anos, a meta das Nações Unidas é ter entre 20% e 30% de mulheres servindo em unidades policiais.

Mulheres

A participação feminina em temas de manutenção da paz e segurança internacionais é uma pauta constante na ONU. Outubro é o mês da presidência rotativa do Brasil do Conselho de Segurança e terá um debate sobre a agenda de Mulheres, Paz e Segurança com foco na maior presença do grupo nessas ações.

Jean-Pierre destacou a eficácia da atuação de boinas-azuis mulheres. O Brasil comanda milhares de boinas azuis na RD Congo. Angola apoia a busca de paz no país e Portugal está presente no contingente na República Centro-Africana.

“Nós temos que trabalhar para fazer com que o contexto das operações de paz permita que as mulheres se sintam bem-vindas, tal como os homens. Isso é um desafio. Nós falamos muito com nossas colegas mulheres. Eu tenho ouvido muitas vezes delas que é um trabalho muito interessante, que existe um nível muito forte de motivação, mas as mulheres não se sentem sempre bem-vindas nesses contextos e isso tem que mudar”.

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