Por Odair Sene
Um dos fundadores da Casa de Portugal do Grande ABC, David Glória, juntamente com a esposa Sara, as filhas Sandra, Rosinha e Ângela, a família Glória realizou um animado almoço no sábado, dia 27 de abril na Casa de Portugal do ABC e contou com ótima presença de familiares (cerca de 200 pessoas) de várias cidades de São Paulo, como também do Rio de Janeiro, de Santa Fé do Sul, e vários outros lugares.
O almoço organizado para oriundos e descendentes da pequena vila portuguesa teve por objetivo homenagear Nossa Senhora do Campo, padroeira de Almendra, pertencente ao Concelho de Vila Nova de Foz Coa, Distrito da Guarda, Portugal.
Evento teve missa, almoço (porco no rolete) e músicas portuguesas (e brasileiras) apresentadas pelo músico Chico Fernandes.
O evento foi aberto pelo Padre Antonio que falou ao Mundo Lusíada sobre sua satisfação em ter celebrado a missa, até porque tem amizade com a família Glória, há 14 anos e até conheceu Portugal, que foi um “sonho” realizado.
O celebrante valorizou a religiosidade do povo português que mantém suas tradições mesmo à distância, cultivando suas raízes, também sua cultura, a rica gastronomia e valorizando sempre a religiosidade e a família.
O Padre Antonio contou na missa com a participação da cantora amiga da família Tatiana Santos, da “Musical Lacaze” que cantou o “Hino de Almendra” (acompanhada pela maioria de almendrenses presentes) e também a música “Ave Maria”, emocionando a todos e por isso foi muito aplaudida (ao final ela ainda cantou algumas modas no palco com o músico Chico fernandes).
Além da mensagem do Padre Antonio que falou sobre o legado deixado pelos portugueses no Brasil, falaram também as anfitriãs Rosinha Monsanto e a Dona Sara, sobre a importância de reunir familiares (muitos nem se conheciam pessoalmente) em um ambiente festivo, mas antes de tudo com intenção de cultivar valores mantidos por décadas pelos que saíram da pequena vila portuguesa na busca de melhores condições no Brasil.
Este foi o primeiro encontro realizado no Brasil, com esta intenção. A família sempre participou das festividades que acontecem na vila portuguesa em quatro dias de festa anualmente. Sara Monsanto Glória disse que tudo que se buscou neste convívio familiar foi com objetivo de manter viva a história. E este almoço poderá ser anual, dependendo do interesse das pessoas presentes e até da Casa de Portugal, que poderá incorporar o evento em sua agenda. >>>
História
Diz a história que no alto do monte Calabre, em Ribeira de Aguiar nos limites da freguesia de Almendra, existiu uma pequena cidade cristã, de nome Ravena ou Reverena e que era freqüentemente atacada pelos mouros.
Ali vivia uma humilde jovem chamada Ana, mas conhecida por “Anita Tecedeira” que saiu da cidade em busca de refúgio, de um lugar seguro para escapar dos invasores, até que certo dia encontrou uma gruta, numa grande rocha, que serviu de morada e esconderijo, levou seu tear e uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo que tomava por sua protetora.
Pela sua vida regressa e reservada, pouco era vista na região, onde costumava aparecer para trocar seus tecidos por alimentos. Até que não foi mais vista pela região, porém nunca foi esquecida pela grande fé que mantinha em Nossa Senhora. Sua história foi contada e recontada por gerações. Era lembrada como uma santa.
Certa vez, numa segunda-feira de Pascoela, um pastor de Almendra viu, por entre os arbustos, sair de uma rocha uma ave e ao aproximar-se descobriu uma gruta. Entrando viu um tear e em frente uma coisa a brilhar, que era a imagem de Nossa Senhora que resplandecia com a luz do sol, estando em boa conservação. Com espanto viu no chão, junto ao tear, um esqueleto humano e fugiu aterrorizado.
À noite, muito comovido e cheio de fé, contou o seu achado aos familiares. Logo a notícia se propagou, e no dia seguinte, muitos crentes foram com o pastor à gruta. Trouxeram a imagem para a Igreja Matriz e enterraram religiosamente o esqueleto. Dizem que o pastor durante a noite, cheio de fé e coragem, retirou a imagem da igreja e levou-a de novo para a gruta.
Os devotos ao verificar que a imagem estava de novo na gruta juntaram fundos e deram trabalho. Desfizeram a gruta e com a pedra extraída da rocha edificaram, ali no mesmo lugar, uma pequena capela, onde ficou a imagem com o nome de Nossa Senhora do Campo. Os ossos do esqueleto foram para ali transladados e enterrados junto ao altar. Todos os anos, na segunda-feira de Pascoela, a freguesia de Almendra e povos circunvizinhos, ali vão em romagem, a agradecer a Nossa Senhora do Campo. (Texto reproduzido da Internet).
E esta a devoção mantida por muito tempo pelo povo de Almendra, por oriundos que vivem na diáspora e por descendentes como essa enorme família que vive no Brasil.