Sampapão em São Paulo, SIPAN no ABC e Sinaspan no litoral paulista comentam sobre a pandemia e esperam a reabertura o mais breve para salvar empregos e os próprios negócios.
Mundo Lusíada
Panificadores do Estado de São Paulo tiveram suas atividades bastante reduzidas e faturamento muito prejudicado em todo o período do “isolamento social” imposto no comércio em geral.
A grande maioria com muitos problemas para administrar e ainda tentar, assim que possível, voltar ao trabalho, tentar salvar o que resta do ano, e se fortalecer novamente para buscar a retomada do espaço pujante que este importante setor conquistou ao longo de décadas.
Enquanto os panificadores do Estado pedem para reabrir suas casas, o Governador João Doria anunciou no último dia 26 de junho a quarta atualização do painel de fases da retomada econômica do “Plano São Paulo”, com a continuidade da quarentena até o dia 14 de julho. O avanço acelerado da pandemia no interior deixa nove regiões na fase vermelha de restrição total de atividades não essenciais.
O Governo paulista também anunciou algumas melhoras nos índices em parte da Grande São Paulo, o que permite que a capital e as sub-regiões do ABC e de Taboão da Serra avancem à fase amarela, que permite atendimento presencial restrito em bares, restaurantes e salões de beleza.
Nas demais três sub-regiões da Grande São Paulo e outras sete áreas do interior e litoral, permanece a fase laranja, com reabertura de 20% da capacidade de escritórios em geral, imobiliárias, comércio de rua, shoppings e concessionárias por quatro horas diárias.
Segundo o Governo, as regiões que estão na fase vermelha são as dos DRSs (Departamentos Regionais de Saúde) de Araçatuba, Bauru, Franca, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto e Sorocaba. Já na etapa laranja, ficam as áreas de Araraquara, Baixada Santista, Barretos, Campinas, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Taubaté, além das sub-regiões Leste (Alto Tietê), Norte (Franco da Rocha) e Oeste (Osasco) da Grande São Paulo.
Conforme o status dos indicadores do “Plano São Paulo” nesta quarta atualização, a capacidade hospitalar para atendimento a pacientes graves de COVID-19 é satisfatória em praticamente todas as regiões do estado. Porém, o aumento no número de casos na maior parte do interior provocou a volta da restrição total em praticamente metade do território estadual.
Dirigentes em SP
Neste contexto, o Mundo Lusíada ouviu o setor dirigente dos panificadores, um dos mais importantes da economia no Brasil sendo um dos setores que mais emprega, além de representar a base alimentar da população.
Em São Paulo, o presidente do Sampapão, Antero José Pereira ressaltou que o setor está em processo de reabertura, após praticamente noventa dias de paralisação por conta da pandemia, mas o dirigente pede mais associativismo – e apoio – por parte das padarias.
“Embora as empresas do setor de panificação sejam consideradas atividades essenciais, a proibição do consumo interno causou forte impacto negativo em nosso setor. Neste momento o Sampapão, em conjunto com outras entidades que representam o setor da alimentação, está discutindo com o Governo do Estado de São Paulo, os protocolos para realização de uma abertura segura para todos os envolvidos, proprietários, funcionários e clientes.”
Antero Pereira diz que o plano do Governo estadual prevê a reabertura por completo das atividades nas padarias, conforme a região onde se situa, sendo que naquele momento não havia nenhuma região de São Paulo na chamada “fase amarela” – algumas na fase laranja e outras ainda na vermelha com restrição total – mas a intenção, segundo o presidente, é mostrar ao Governo do Estado de São Paulo que as padarias “possuem condições de assumir protocolos de higiene que possibilitem a retomada total das atividades já na fase laranja”, afirmou o dirigente.
Conforme Antero Pereira, o Sampapão elaborou e enviou protocolos de higiene para o Governo estadual, bem como para a Prefeitura da Capital Paulista, protocolos esses que deverão ser cumpridos pelo setor representado pelo Sampapão.
Antero também garante que sua entidade está trabalhando com esforço para auxiliar as empresas associadas (sua base), apelando ainda às padarias que não são associadas, mas que estão também se beneficiando do trabalho que a entidade tem feito em prol do setor.
O presidente espera que os panificadores compreendam a importância de serem representados por uma entidade forte e que se associem ao Sampapão. “Não é justo continuarem a desfrutar do esforço das padarias que pagam sua entidade de classe e são associadas, porque entendem que a entidade [Sampapão] só é forte quando recebe o apoio de todos e que a força do Sampapão depende do tamanho dos associados que representa”, referiu ele com esperança de uma reabertura o mais rápido possível.
Presidente do Sipan ABC prevê “muitas dificuldades” daqui para frente até o setor voltar ao patamar de antes
Na região do Grande ABC, que representa sete cidades e uma população superior a 2,7 milhões de pessoas, o Mundo Lusíada ouviu a opinião do presidente Antonio Carlos Henriques, do Sipan (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria) com sede em Santo André e que representa todo o setor na região.
O presidente disse que espera sempre melhorar, mas entende que o setor vai enfrentar muitas dificuldades até chegar ao que era antes da pandemia. “Eu não acredito que só pelo fato de voltar já vamos conseguir restabelecer tudo que tínhamos lá atrás. Acho que até o final deste ano não vamos conseguir voltar àquilo que tínhamos antes da pandemia. Acho que essa pandemia vai deixar um marco na história porque esse vírus chegou muito em silêncio, mas com um veneno tão grande que provocou um estrago igualmente muito grande em todas as economias e no nosso setor não é diferente, então nós vamos ter muitas dificuldades para voltar a trazer as pessoas para dentro das nossas casas, porque as pessoas estão com medo, elas tem receios, acham que vão ficar doentes, vão morrer, principalmente as pessoas mais idosas, são as que mais se preocupam com isso”, disse.
Segundo o dirigente, as pessoas acima dos 30, 50 e 60 anos, são os clientes mais assíduos nas padarias, “normalmente os jovens já tem outro tipo de base alimentar, então acredito, infelizmente, que nós vamos ter muitas dificuldades para voltarmos com aquele movimento que tínhamos antes, falo isso com tristeza, mas é o que penso”.
Antonio Carlos acha que é importante retomar o mais rápido possível, “que tenhamos a volta das pessoas, dos clientes, para voltarmos com 30, 40, 50 por cento da nossa capacidade na área de copa e restaurante. Eu estou muito preocupado, acho que quanto mais rápido voltarmos com as nossas bases, pode ser mais fácil conseguirmos iniciar o trabalho de recuperação, e dos nossos clientes, então eu vejo assim, é uma pandemia que vai ficar na história como um fato negativo, mas ao mesmo tempo provavelmente vamos aproveitar algumas coisas, até para pensarmos um pouquinho no que a gente faz da vida e o que a gente leva”, referiu.
“Essa pandemia veio para estragar tudo aquilo que nós achávamos que era impossível de ser estragado. E nos mostrou que não precisamos fazer uma guerra de armas para o mundo ficar totalmente maluco, um pequeno vírus que ninguém conhece destruiu muitos sonhos, destruiu tudo aquilo que a gente achava que era indestrutível, tenho uma preocupação muito grande com o setor, lógico a gente vive disso, mas não podemos esmorecer, ficar parados, apesar das grandes dificuldades. E as coisas vão mudar muito daqui para frente, em termos de atendimento, regras internas de produção, protocolos de atendimento, e a gente vai ter que se adaptar, mas torço para o Governo nos permitir iniciarmos logo uma reabertura para que a gente comece a fazer um trabalho de recuperação do setor, é isso que eu penso nesta questão da pandemia”, finalizou Henriques.
Com faturamento prejudicado, panificadores na baixada tem expectativa de retomar gradualmente e de forma segura
Representando a categoria no Litoral Paulista, o Mundo Lusíada falou com o presidente Antonio Pires, do SINASPAN – Sindicado da Indústria de Panificação e Confeitaria de Santos e região, que representa 16 cidades da Baixada (21 no total) e gera 15 mil empregos diretos somente na Baixada.
Segundo o dirigente, o impacto da pandemia causado nas receitas chegaram até aos 40%. “Na nossa região, as padarias tiveram impacto de perda no faturamento em média de 30% a 40%, com as restrições de não poder atender para consumo no interior da loja, tanto no balcão como nas mesas”.
Antonio Pires disse que o segmento tem sofrido bastante durante este período de quarentena, com a queda das receitas e altos custos. “Mas tem feito um esforço grande para manutenção das vagas de emprego, utilizando ferramentas disponibilizadas pelo Governo Federal, como suspensão do contrato de trabalho, concessão de férias, afim de manter a equipe e colaboradores”.
Segundo ele, o setor discute agora na região a retomada das atividades. “O governador de São Paulo anunciou que nossa região não avançou de fase, portanto ficaremos mais um tempo com essas restrições”.
Mas os estabelecimentos estão se adequando ao “novo normal”, com todas as medidas e protocolos de higiene e limpeza, como a utilização obrigatória das máscaras por todos os funcionários, inclusive da área de produção, e não só no atendimento, além de sinalização de filas mantendo distanciamento de 1,5 metros, higienização frequente das áreas comuns como catracas, balcões, comandas, portas de geladeiras, assim como lavagem das mãos frequentemente. “As medidas foram todas intensificadas na higiene e limpeza” relatou.
“Nós passamos um informativo aos funcionários, isso as padarias de forma geral têm feito, até para comprovar que os funcionários foram orientados sobre esses novos procedimentos” diz ele citando a expectativa de retomar gradualmente de forma segura.
“Nosso posicionamento, visto que não existe uma cura para o coronavírus, vamos conviver com esse cenário durante algum tempo até que surja uma vacina. É importante que nós e as demais atividades comerciais, possamos trabalhar dentro das normas de segurança, vigilância, de higiene e limpeza, afim de minimizar ou impedir a transmissão do vírus dentro dos nossos estabelecimentos. Não só pensando nos nossos colaboradores, mas também nos nossos clientes e nós mesmos, visto que o empresário de panificação está sempre dentro do próprio negócio”, finalizou Antonio Pires.
Apesar do aval do Governo do Estado para o avanço à fase amarela em parte da Região Metropolitana de São Paulo, a recomendação é para que as prefeituras só liberem o atendimento presencial em salões de beleza e barbearias, bares e restaurantes a partir do dia 6 de julho. O Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, já adiantou que vai seguir a orientação de médicos e especialistas do Centro de Contingência do coronavírus.