Os 20 anos da CPLP: Uma afirmação no mundo atual

CPLPSem dúvida, uma das formas mais efetivas de integração entre os povos é a sua comunicação através de uma língua comum e a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vem se impondo como um exemplo de sucesso, perante tal constatação.
Organização fundada em 17 de julho de 1996, acaba de completar vinte anos de existência, apresentando-se como uma forma elogiável de ligação entre países que visam se afirmar, procurando obter uma maior união e cooperação entre seus integrantes, tendo a língua portuguesa como referência, este o idioma oficial de todos eles.
Teve a sua origem em terras brasileiras, mais propriamente em São Luís do Maranhão, durante o primeiro encontro de chefes de Estado e de Governo de países de língua portuguesa, realizado em novembro de 1989, merecendo destaque a atuação do então Embaixador do Brasil em Portugal, Embaixador José Aparecido de Oliveira, que foi seu grande incentivador e propulsionador das ações que levaram à sua criação.
Desse encontro, resultou a fundação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, destinado à maior difusão do idioma português pelo mundo. A partir dessa primeira iniciativa, intensificaram-se os contatos entre os dirigentes dos sete países que dele participaram, dando origem, sete anos depois, à comunidade, constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. A sua existência foi fundamental para que se desenvolvessem esforços visando que Timor Leste, conseguisse obter a sua independência como nação, o que ocorreu em 2002, passando, então, a ser o oitavo membro da comunidade.
Durante a sua existência, muitas foram as iniciativas em prol do bom relacionamento entre os países que constituem a CPLP destacando-se, principalmente, o objetivo de difundir o idioma comum, fazendo-o divulgar dentro e fora de seus territórios. Seminários, atividades literárias, encontros desportivos, cooperação em várias áreas da administração pública, simpósios, encontros jurídicos e de cooperação aduaneira, estão entre as formas pelas quais a CPLP vem se afirmando e todos os cidadãos lusófonos só têm motivos para expressar o seu júbilo por essas realizações que estimulam a sua ampliação, proporcionando um sentimento de respeito mútuo e de solidariedade cada vez maior entre os povos que integram esta comunidade.
Dentro das comemorações das duas décadas de fundação, o atual Secretário Executivo da CPLP, Embaixador Murade Isaac Murargy, esteve no Rio de Janeiro, quando foi agraciado com a medalha de Honra ao Mérito Literário Padre José de Anchieta, maior galardão concedido pela Academia Carioca de Letras, na pessoa de seu presidente, Acadêmico Ricardo Cravo Albin, também membro da Academia Luso-Brasileira de Letras.
A CPLP, cujas atividades e crescimento vêm ocorrendo de forma constante e gradativa, aprovou recentemente o ingresso da Guiné Equatorial, país que, embora tenha sido colonizado até à sua independência pela Espanha, teve, durante a maior parte de sua existência o domínio português, continuando com muitos vínculos à antiga metrópole, tendo reconhecido a língua portuguesa como um de seus idiomas oficiais. Dentro de sua estrutura, a CPLP, também conta com a participação de diversos países e regiões que possuem o estatuto especial de Observador Associado, encontrando-se nessa condição, até à Cimeira ora realizada em Brasília de 31 de outubro a 1 de novembro, a Região Autônoma de Macau, a Província Autônoma da Galícia e a República da Namíbia, tendo ingressado com o mesmo estatuto, nessa oportunidade, a República da Hungria, a República Eslovaca, a República Tcheca e a República Oriental do Uruguai.
Todas essas ações vêm reforçando este organismo que, desde a sua fundação, pugna pela difusão e promoção do idioma comum, sendo um de seus objetivos, conseguir que o português seja reconhecido como língua oficial na ONU, iniciativa que teve seus primeiros passos pela ação do Elos Clube Internacional, na pessoa de um dos seus então dirigentes no Brasil, o Dr. Waldemir Bragança, ex- Tal pleito agora ganha força em razão da posse do Engenheiro António Guterres, ex-Primeiro Ministro de Portugal, no cargo de Secretário Geral da ONU, aumentando a esperança de que possa vir a se tornar realidade. Uma outra solicitação da CPLP, que também voltou a apresentar grande probabilidade de concretização com a posse de António Guterres, é a eleição do Brasil, para membro permanente do Conselho da Segurança da ONU, pretensão conduzida há décadas pela diplomacia brasileira, sem obtenção de êxito até ao presente.
Os 20 anos da CPLP, em cuja Cimeira, recentemente encerrada com a manifestação de que “a Língua Portuguesa é um meio privilegiado de difusão da criação cultural entre os povos que falam português e de projeção internacional dos seus valores culturais, numa perspectiva aberta e universalista” entidade que será presidida nos próximos dois anos pelo Brasil, na pessoa do presidente Michel Temer, eleito durante a Cimeira de Brasília e cujo novo Secretário Executivo, será a Dr.ª Maria do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira, indicada pela República Democrática de São Tomé e Príncipe, com mandato iniciado em 1º de janeiro de 2017, merece, nesta nova fase, o apoio e a colaboração de todos, visto que caminha para a sua maioridade no próximo ano, quando deverá se afirmar pelo seu compromisso maior, que é o de promover e difundir a língua portuguesa, idioma que nos une e que nos foi legado pelos nossos antepassados e que nós, cidadãos lusófonos, temos o dever de preservar e admirar, pois, como disse o poeta: A NOSSA PÁTRIA É A NOSSA LÍNGUA.

 

Por EDUARDO ARTUR NEVES MOREIRA
Acadêmico titular da Cadeira 34 da Academia Luso-Brasileira de Letras
Ex-Deputado da Assembleia da República Portuguesa.

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